Infertilidade: Tratamento para todos

Infertilidade: Tratamento para todos

O sonho de se ter um filho não pode acabar

Infertilidade, tratamento para todos

A fertilidade é um direito de todos apesar de alguns tratamentos de infertilidade serem para poucos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), reconhece junho como o mês de conscientização sobre a infertilidade em todo o planeta.

De acordo com ela, a infertilidade é definida como a incapacidade de engravidar após um ano de relação sexual desprotegida, condição que afeta mais a população de países de baixa e média renda. 

A infertilidade não se trata de uma mera condição em que uma pessoa não consegue, naturalmente, gerar um filho, mas sim de uma doença que, inclusive, é reconhecida pela OMS.

Atualmente, é estimado que cerca de 35% dos casos de infertilidade estão relacionados à mulher, cerca de 35% estão relacionados ao homem, 20% a ambos e 10% são provocados por causas desconhecidas. 

A dificuldade para realizar o sonho da gravidez deve ser considerada um problema do casal, embora seja avaliado de forma individualizada!

Entre as principais causas ginecológicas estão a endometriose, a infecção pélvica,  as menstruações irregulares,  a síndrome dos ovários policísticos, entre outros.

Atualmente, a idade da mulher é um dos principais fatores associados à dificuldade de gravidez, uma vez que o avançar da idade (principalmente após os 35 anos) faz com que a quantidade e qualidade dos óvulos diminuam progressivamente, resultando em menores chances de gravidez e aumentando os riscos de aborto e doenças genéticas.

De acordo com dados de 2019, da Associação Brasileira de Reprodução Assistida, a infertilidade conjugal afeta de 10 a 15% dos casais em idade reprodutiva no mundo estimando-se assim entre 50 e 80 milhões de pessoas com mais de oito milhões só no Brasil.

A obtenção de informações seguras com bases científicas relacionadas à saúde reprodutiva e as opções de tratamento para a infertilidade pode evitar que os casais percam a oportunidade de ter seus próprios filhos biológicos ou não.

Infelizmente ainda percebemos casais sendo tachados como estéreis, que é a impossibilidade de um casal gerar filhos, pois o homem ou a mulher (ou ambos) são incapazes de gerar células sexuais ou gametas (não produzem óvulos ou espermatozóides).

Os avanços na reprodução assistida permitiram que muitas destas situações fossem revertidas em infertilidade que é a dificuldade de um casal obter gravidez.

Existem muitas causas de infertilidade e por isso os tratamentos são divididos em de baixa complexidade, onde é preciso apenas um ajuste de hábitos através de dieta para perder peso, controle de doenças crônicas (resistência a insulina, problemas de tireóide, alterações da prolactina,… ) e de alta complexidade onde é preciso um tratamento mais complexo como a fertilização in vitro podendo chegar até a doação de óvulos ou espermatozóides. 

A reprodução assistida é capaz de aumentar as taxas de gestação em 2 a 3 vezes dependendo do problema, da idade da paciente e da técnica utilizada.

A infertilidade é listada na CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, sob os seguintes códigos N46 – Infertilidade Masculina; N97– Infertilidade Feminina) mas não é reconhecida pelas operadoras de planos de saúde que se negam em custear os tratamentos de reprodução assistida  mesmo após a edição da lei 11.935 de 2009, que incluiu o planejamento familiar como caso de cobertura obrigatória pelos planos de saúde.

A jurisprudência nacional encontra-se dividida, tendo precedentes negado a obrigatoriedade da cobertura e precedentes que, ao ver de alguns juristas, entendem ser obrigatória a cobertura dos procedimentos de reprodução assistida pelos planos.

Muitos pacientes que não podem engravidar sem tratamento de reprodução humana assistida lutam para que os planos de saúde e o SUS ofereçam esta opção que deveria ser um direito de todos que ficou restrita a poucos.

Na última quarta-feira (8/6/2022), a 2ª Seção do STJ decidiu que a lista de referência mínima preparada pela ANS para os planos de saúde tem caráter taxativo. Ou seja, as operadoras não têm a obrigação de custear procedimentos que não estejam listados. Em casos excepcionais, no entanto, essa taxatividade pode ser superada.

O tema é de extrema relevância porque trata-se de um mercado com quase 50 milhões de beneficiários, extremamente judicializado e cujo impacto, ao fim e ao cabo, recai não apenas sobre o direito constitucional à saúde, mas também na pressão sobre o Sistema Único de Saúde.

Na abordagem do casal infertil é preciso contar com a ajuda de uma equipe multidisciplinar com nutricionistas, acupunturistas e, principalmente, psicólogos (obrigatório pela Anvisa) que possam dar suporte no processo de tentativas e até mesmo, nos casos em que não haja sucesso no tratamento, encontre, junto com o casal, o melhor momento de parar e aceitar a situação.

A seguir disponibilizo um texto de autoria da Dr Letícia Campos, psicóloga com quem tenho a honra de trabalhar na Clínica Ovular e que vem se dedicando e ajudando muito alguns casais inférteis.

“Lidar com a infertilidade é uma montanha russa emocional! Por mais preparado e amparado que você esteja, é um processo cheio de expectativas e angústias.  

Mas olha, você já parou para pensar o porquê de você está lidando com a infertilidade e não com a esterilidade? A diferença entre eles é que na infertilidade há chances diminuídas de conseguir engravidar, enquanto no caso da esterilidade, isso significa a impossibilidade de gerar vida nesse corpo.

Por um outro diagnóstico do destino, o resultado negativo para sua expectativa de gerar filhos poderia ser taxativo; mas não… a vida está te convidando para uma ousada caminhada com destino incerto! 

Para além da chance de ter filhos, de que forma essa jornada da infertilidade está modificando sua vivência? Qual impacto isso tem causado nos seus relacionamentos? O que você descobriu sobre si mesmo que talvez nunca tenha notado?

Sabe, na maioria das vezes, a gente realmente não é capaz de entender qual a razão do sofrimento que temos vivido, enquanto estamos passando por ele e isso nos causa extrema angústia. Mas a verdade é que somos capazes de suportar muito mais adversidades do que imaginamos, especialmente quando nos concentramos em buscar o propósito de cada uma das nossas vivências.  

Espero que pensar sobre isso te desperte coragem! Coragem para enfrentar a sua difícil jornada e para renunciar ao controle dos planos que você traçou para si mesmo. 

Mas que isso nunca represente para você, perder a esperança no seu sonho de gerar vida, apenas que te permita se abrir pra viver intensamente os inesperados aprendizados que essa experiência pode te proporcionar”.

Tenho certeza que dias melhores virão e que vocês casais tentantes não estão sozinhos!

Leia também: Pobreza menstrual e a demanda por dignidade

Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular Fertilidade e Menopausa e Instituto Safe. Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.

Se você tem dúvidas ou quer sugerir temas para a coluna, envie e-mail para gustavo_safe@yahoo.com

Siga o Centro Avançado em Endometriose nas redes sociais para ver informações e dicas sobre a saúde da mulher.

Pobreza menstrual e a demanda por dignidade.

Pobreza menstrual e a demanda por dignidade.

Pobreza menstrual e a demanda por dignidade.

A pobreza menstrual já afetou mais de 50% das brasileiras e não significa só a falta de insumos, mas a falta de estrutura e conhecimento sobre a menstruação.

Neste último final de semana me deparei com algo até então novo para mim, o dia da dignidade menstrual. 

O projeto de Lei Nº 8.888/2021, de autoria da deputada Goretti Reis (PSD)do Estado de Sergipe instituiu o dia 28 de maio como dia da dignidade menstrual.

Diante desta surpresa fui pesquisar na internet e encontrei um programa de promoção e proteção da saúde menstrual do governo federal através da Lei 14214 que assegura a oferta gratuita de absorventes higiênicos às mulheres carentes. A publicação foi feita na edição do Diário Oficial da União (DOU) em 18 de março de 2022. A demanda agora é garantida por lei!

A Unicef coloca que a dignidade menstrual é um direito de cada pessoa que menstrua. Este tema parece simples mas aborda diversos elementos como a falta de insumos, a falta de infraestrutura e principalmente, de conhecimento!

Em enquete realizada pelo UNICEF com pessoas que menstruam, 62% afirmaram que já deixaram de ir à escola ou a algum outro lugar de que gostam por causa da menstruação.

Uma em cada 4 brasileiras já faltou à escola por não ter como comprar absorvente com uma perda média estimada de 45 dias de aula por ano com prejuízo no desempenho escolar.

No Brasil mais de 200 mil meninas frequentam escolas que não tem banheiro em condições adequadas de uso.

Quase 80% das mulheres com 16 anos ou mais  já tiveram que usar papel higiênico, panos e toalhas de papel para conter o fluxo menstrual.

O cenário mais crítico está no norte do país onde 53% das mulheres usam tecidos e 44% usam toalhas de papel para conter a menstruação.

Temos no país 30 milhões de mulheres que menstruam mas que não precisam deixar de fazer as coisas de que gostam e nem de ir para a escola, pois a menstruação é um processo natural que ocorre com pessoas no mundo inteiro, o tempo todo.  

A menstruação sinaliza para a mulher que ela não está grávida e que um novo ciclo hormonal se inicia. Apesar de ser um processo natural, ele não é essencial e pode ser inibido quando desejado sem provocar danos à saúde feminina.

Percebo a existência de um contexto social, cultural e econômico vinculados à menstruação e comecei a pensar se os coletores e discos menstruais não seriam uma boa alternativa sendo popularizados através dos programas de proteção  da saúde menstrual do governo. A verdade é que ainda temos perguntas sem respostas.

No Brasil, o assunto sobre os coletores/discos menstruais ainda é tabu, inclusive entre médicos, apesar de quem usa afirmar que o produto é confortável, com baixo risco de infecções, econômico e ecologicamente correto. 

Nos últimos anos, mais brasileiras se tornaram adeptas do coletor/disco  menstrual, apesar do coletor menstrual existir desde a década de 30.

O coletor menstrual é um copinho de silicone hipoalérgico e antibacteriano, ajustável ao corpo e que coleta o sangue da menstruação. Ele é maleável, o que facilita na hora de colocar na vagina. 

O coletor surgiu como uma alternativa econômica e sustentável, já que é reutilizável com uma vida máxima de 2 a 3 anos dependendo do fabricante.

O disco menstrual surgiu como uma evolução dos coletores. A forma do disco redondo adapta-se às paredes do canal vaginal, evitando fugas e desconfortos.

Cada disco é feito de silicone de qualidade médica, pode ser usado durante o sexo, cobre fluxos menstruais leves, médios, pesados, e excessivamente pesados, podendo ser usado por até 12 horas consecutivas sem depender da sucção para se manter no lugar.

Durante a vida, uma mulher usa, em média, mais de 10 mil absorventes, seja ele externo ou interno. O externo leva 100 anos para se degradar na natureza, enquanto o interno leva até um ano.  

Apesar do coletor menstrual não ser reciclado, o silicone do qual é feito é composto praticamente de silício, que é encontrado na forma natural na areia, no quartzo e nas rochas. Os silicones são seguros para as pessoas e para o meio ambiente segundo milhares de estudos de laboratório realizados nos últimos 60 anos.

Uma revisão sistemática e uma meta-análise (Eijk et al) sobre o uso do coletor menstrual em relação a segurança, vazamento, aceitação e disponibilidade, deixou claro que mais estudos são necessários, além de treinamento e seguimento para melhor avaliar seu custo efetivo e seus impactos ambientais em relação a outros produtos.

Algumas perguntas continuam sem respostas de acordo com o estudo: 

  1. Qual é o impacto sobre a microbiota vaginal?
  2. O seu uso está liberado de forma concomitante com o DIU?
  3. Qual o real risco de apresentar choque tóxico (infecção pélvica grave com alta taxa de mortalidade) devido a permanência do coletor na cavidade vaginal por mais de 12 horas.
  4. Pode ser usado com segurança por pacientes com risco aumentado de infecções, inclusive DSTs.
  5. Temos como garantir um treinamento e uma esterilização correta por parte das usuárias, principalmente adolescentes com baixo nível sócio econômico.

A Anvisa definiu uma nova Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) sobre a regularização de produtos de higiene pessoal descartáveis que, pela primeira vez, regulamentou os coletores menstruais em 2018. 

A RDC determinou a necessidade de informar os riscos de síndrome de choque tóxico, a existência de uma bula, além de estudos com pacientes para autorizar a  sua liberação. Na prática parece que muito poucos estão regularizados, o que gera certa preocupação.

A evolução não parou e surgiram as calcinhas menstruais que podem oferecer os benefícios e comodidade por serem mais fininhas que um absorvente externo padrão sem os riscos e incômodos dos coletores sendo também biodegradáveis e ecologicamente corretas.

A calcinha menstrual possui 3 camadas fininhas de tecidos tecnológicos, cada um com uma função específica.

O tecido em contato com a vulva é 100% algodão natural, respirável e tem menos possibilidade de causar alergias, garantindo um toque seco, reforçado pelo tratamento hidrorrepelente (que não gosta de umidade).

A  camada intermediário é dupla e ultra absorvente onde uma das camadas possui nanopartículas de prata com ação antimicrobiana.

A camada de fora é de elastano (LYCRA®) também hidrorepelente, para fazer a dupla proteção contra vazamentos, tornando a calcinha mais duradoura, resistente e bonita estéticamente.

Respeitando o tempo máximo de uso (12 horas) e lavando corretamente tirando todo o fluxo absorvido(mais fácil que esterilizar o copinho), a calcinha é super higiênica e pode ser usada por até 50 vezes durando 2 anos em média (como o coletor).

Infelizmente, estas novas tecnologias ajudaram apenas no contexto do sangramento que não é o único vilão neste período. Temos também as cólicas menstruais e os sintomas relacionados que embora muitos acreditem ser normal (mito) não são!

Em relação a estes assuntos, a informação e a desinformação parecem andar de mão dadas, gerando até contradições entre ginecologistas com muitas perguntas e diferentes respostas! 

O que é uma menstruação saudável? Como deve ser a menstruação? É preciso menstruar? Menstruar faz bem?

Leia o nosso post sobre o ciclo menstrual!

De uma forma simplista  um ciclo menstrual normal dura 28 dias, com variações entre 24 a 35 dias. Já a menstruação dura de 3 a 7 dias, com média de 5 dias com uma perda normal de 30 a 80ml por dia. 

Qualquer alteração na quantidade e no intervalo entre os períodos, por mais de dois ciclos, não deve ser considerada como normal e deve ser investigada por um ginecologista.

De uma forma menos simplista e mais individualizada não existe o certo e o errado, pois além de cada pessoa ser única, ela está inserida num determinado contexto ou num determinado momento de vida passível de mudanças e modismos.

Vejo mulheres ginecologistas jovens cada vez mais defendendo a necessidade de um ciclo menstrual natural, livre de influência hormonal ao mesmo tempo que se identificam com o uso do DIU (dispositivo intrauterino) de cobre ou de prata como método contraceptivo que sabidamente aumenta o fluxo menstrual e o desconforto das usuárias quando comparado ao não uso.

Por outro lado temos ginecologistas menos jovens defendendo a suspensão da menstruação através do uso de hormônios orais (combinados de estrogênio e progesterona), implantes de progesterona (Etonogestrel, Gestrinona) que em alguns casos além de inibir a menstruação,  podem aumentar a libido, aumentar a energia, diminuir a gordura localizada e provocar ganho de massa magra no caso do chip da beleza.

Temos ainda uma ferramenta maravilhosa que é o DIU medicado com Levonorgestrel que além de contraceptivo durante 5 anos é o campeão do  controle menstrual (diminuir quantidade e volume do fluxo menstrual) apesar de  não garantir a supressão da menstruação e nem o controle dos sintomas menstruais.

No meio do caminho e pensando em termos de saúde pública, eu defendo de forma simples e eficaz a normalização  da menstruação com uso das pílulas anticoncepcionais (fornecidas pelo SUS)  que além de métodos contraceptivos muito eficazes, conseguem diminuir os sintomas menstruais, diminuir o fluxo menstrual e regularizar o ciclo permitindo à mulher a liberdade de gerenciar a sua menstruação, a sua vida.

Desde a década de 60, as pílulas evoluíram e uma gama grande surgiu, com diminuição da dosagem hormonal, melhora dos esquemas além do uso de hormônios naturais (bioidênticos) mais adequados às demandas da mulher moderna. 

A revolução feminina começou há mais de 60 anos, paralelamente ao surgimento da pílula anticoncepcional que foi aprovada pelo FDA (FOOD AND DRUG ADMINISTRATION), em 1960, possibilitando à mulher mais do que uma dignidade menstrual, uma dignidade ginecológica.

Leia também: Medicina de precisão, uma ciência exata, biológica ou humana?

Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular Fertilidade e Menopausa e Instituto Safe. Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.

Se você tem dúvidas ou quer sugerir temas para a coluna, envie e-mail para gustavo_safe@yahoo.com

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Síndrome metabólica, conhecer para prevenir

Síndrome metabólica, conhecer para prevenir

Resistência à insulina e síndrome metabólica, conhecer para prevenir

A resistência à insulina (RI) é o principal vilão da síndrome metabólica que deve ser encarada como um problema de saúde pública. 

A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) representa um dos problemas da RI que podem provocar infertilidade, gravidez de alto risco e problemas cardiovasculares ao longo da vida da mulher.

A resistência à insulina não é uma doença e sim uma condição que junto a hiperinsulinemia é responsável por manifestações clínicas decorrente da deterioração da resposta aos efeitos fisiológicos da insulina sobre o metabolismo da glicose, dos lipídeos e proteínas e do endotélio vascular. 

O termo RI não é fácil de ser definido, mas de uma forma simplista representa uma menor resposta biológica do que a esperada para uma dada concentração de insulina. 

O emprego mais frequente do termo RI se aplica ao metabolismo da glicose e para isto, dois parâmetros são considerados: o nível de glicose circulante no estado de equilíbrio dinâmico e as concentrações de insulina. 

Nos estágios iniciais da resistência à insulina, há um aumento compensatório das concentrações do hormônio. 

O excesso de insulina compensa a sua queda nos tecidos de maior resistência embora induza a um aumento nos tecidos com sensibilidade normal ou minimamente afetada. 

Assim, o aumento de algumas funções mediadas pela insulina, paralelamente à hipofunção de outras, resulta em manifestações clínicas e sequelas que constituem a síndrome de resistência à insulina.

Conceito histórico

Em 1923, Kylin descreveu a ocorrência conjunta de hipertensão, hiperglicemia e gota como uma síndrome. Subsequentemente, muitas outras anormalidades metabólicas foram associadas à mesma, incluindo obesidade, microalbuminúria e anormalidades na fibrinólise e na coagulação. 

Já em 1948, Himsworth demonstrou que pacientes com diabetes eram “invisíveis à insulina”, dividindo eles em sensíveis e insensíveis à insulina.

Em 1988, a Organização Mundial de Saúde propôs uma definição única para a síndrome, tendo escolhido denomina-la síndrome metabólica (SM), em detrimento dos termos mais conhecidos.

Não temos um conceito reconhecido internacionalmente, mas uma definição da síndrome deve incluir dois ou mais dos seguintes critérios:

  • Intolerância à glicose, ou Diabetes Mellitus;
  • Elevação da pressão arterial;
  • Hipertrigliceridemia e baixos níveis de colesterol HDL;
  • Resistência à insulina;
  • Obesidade central;
  • Hiperuricemia.

São problemas cada vez mais prevalentes que se multiplicam como uma bola de neve que não param de crescer mas precisam ser combatidos ou amenizados.

A prática regular de exercícios físicos aeróbicos (20 a 40 minutos, 3 vezes por semana), a adoção de dieta balanceada e a manutenção do peso ideal (IMC entre 20 e 25) evitam o aparecimento dos elementos da SM e constituem as primeiras medidas a serem adotadas.

Infelizmente fazer atividade física regular e ter uma dieta balanceada não garantem um IMC ideal, mas qualquer perda de peso, até mesmo 10% do peso corporal já são suficientes para reverter grande parte das alterações metabólicas.

Uma vez que sabemos que a RI é a principal causa do problema, me pergunto se o uso de alguma medicação capaz de atuar no receptor de insulina não seria a solução. 

A RI nos tecidos periféricos, sobretudo em músculos e no tecido adiposo, é um fator determinante na etiopatogenia do Diabetes sendo uma alteração primordial em 92% dos pacientes diabéticos. 

Neste caso, quando o problema principal é o risco herdado familiar de desenvolver o diabetes parece sensato a utilização de medicamentos que diminuem ou evitam este risco.

Infelizmente as medicações recomendadas apresentam efeitos colaterais e devem ser utilizadas por longos períodos e por isso muitas vezes evitadas.

Quais são os sintomas da resistência à insulina?

Adiciona-se ao fato de a resistência à insulina raramente provocar sintomas, salvo quando esse desequilíbrio for muito grande, aparecendo um tipo de doença de pele caracterizado por pigmentações marrons, parecidas com sujeiras, em especial na região do pescoço (Acantose Nigricans).

A RI pode ser uma anormalidade no pré-receptor, receptor ou pós-receptor. 

A insulina exerce suas funções conjuntamente com o IGF-I e o fosfatidilinositol quinase 3 nos receptores celulares que determina a ativação de algumas enzimas e a inativação de outras.

Em uma segunda etapa, seja por disfunção, seja por superação da capacidade normal das células beta, ocorre redução da secreção pancreática de insulina. 

Tal fato manifesta-se inicialmente como intolerância à glicose com aumento da glicemia pós-prandial e, em seguida, no jejum, à medida que a insuficiência progride rumo ao Diabetes Mellitus.

A tendência genética, a obesidade, o aumento da gordura visceral abdominal e a dieta são os principais fatores no desenvolvimento do RI.

Dentre os fatores que influenciam a ação da insulina, o peso corporal é responsável por 30% da ação da insulina em indivíduos normais independente do IMC.

O condicionamento físico (VO2max.:) também apresenta uma forte correlação entre sua redução (VO2max baixo) e uma queda na sensibilidade à insulina, sendo responsável por 10 a 15% da ação da insulina em pessoas normais. 

Já o baixo peso no nascimento e no 1o ano de vida também estão relacionados ao desenvolvimento subsequente de RI.

A proteína do fígado SHBG, que transporta a testosterona, determinando o nível da forma livre ou biologicamente ativa do hormônio, é um marcador do estado androgênico na mulher e se correlaciona diretamente com a sensibilidade à insulina e negativamente com a insulina plasmática. 

O oposto ocorre no homem onde os níveis baixos de testosterona estão associados com obesidade abdominal, tendo-se demonstrado que a quantidade de gordura intra-abdominal correlaciona-se intensa e negativamente com os níveis plasmáticos de testosterona total e livre. 

Paradoxalmente, o excesso de testosterona nos homens pode também causar RI. 

A dieta com porcentagens elevadas de gordura saturada aumentam a adiposidade com o passar do tempo.

Os adoçantes podem favorecer o quadro de RI com ganho de gordura no fígado, aumento de peso e a instalação de um quadro inflamatório.

Com o envelhecimento há um pequeno aumento na adiposidade na região abdominal, sendo de cerca de 4 kg em indivíduos não obesos e 15 kg naqueles obesos com risco desenvolver diabetes melittus.

A hereditariedade influencia em 25 a 50% a ação da insulina em parentes de primeiro grau de diabéticos do tipo 2. 

Estudos em gêmeos idênticos mostraram que o fenótipo de intolerância à glicose tem uma influência genética de 61% enquanto o ambiental (estilo de vida) de  39%, ao passo que o diabetes do tipo 2 tem uma influência genética de 26% e ambiental de 74%.

Entre os diversos diabetogenes descritos, os seguintes teriam um papel significativo na RI: 

  • Substrato-1 do receptor de insulina (SRI-1: insulin receptor substrate-1). Descreveu-se uma mutação no códon 972 do SRI-1 que estaria associada com a RI e baixo peso ao nascer. 
  • Proteína ligante-2 de ácidos graxos (FABP-2: fatty acid binding protein-2), relacionada com a captação e transporte de ácidos graxos de cadeia longa.
  • Gene da síntese do glicogênio, que se verificou estar associado com a RI. 
  • Gene relacionado com a obesidade como o gene  que codifica a leptina, secretada pelos adipócitos.
  • Gene do receptor b-3 adrenérgico, que poderia ser um candidato para RI na obesidade visceral.

A Resistência à Insulina é um problema muito comum nas mulheres e está sempre associado a certas condições de saúde que dificultam saber quem veio primeiro: o ovo ou a galinha? Como exemplo temos a obesidade ou excesso de gordura na região da barriga,o sedentarismo, o ovário policístico (este distúrbio hormonal feminino pode provocar irregularidade menstrual, excesso de pelos, acne e obesidade), a esteatose hepática (trata-se de um acúmulo de gordura no fígado, que nos casos mais avançados pode causar dor, fraqueza e perda de apetite) e o diabetes tipo 2.

Como é realizado o diagnóstico?

O diagnóstico da RI pode ser feito através do Clamp Euglicêmico Hiperinsulinêmico, da Prova de Supressão da Insulina, do Teste de Tolerância à Glicose Endovenosa com Coletas Múltiplas com Modelo Matemático Mínimo, do Teste de Tolerância à Insulina e das medidas da glicemia e insulinemia basal como é feito o índice de HOMA IR e HOMA BETA que através de um cálculo fundamentado na dosagem em jejum da insulina e da glicose.

Uma vez realizado o diagnóstico de IR ou diante de critérios da Síndrome metabólica, medidas preventivas e não-farmacológicas como o exercício físico aeróbico, uma dieta pobre em gorduras e rica em fibras e carboidratos complexos pode melhorar a ação da insulina. 

A perda de peso induz a uma queda na pressão arterial (PA) uma vez que a cada 1% de queda no peso corporal há, em média, queda de 1 mmHg na pressão sistólica e de 2 mmHg na pressão diastólica. 

Terapia anti-hipertensiva, diminuição da ingestão de álcool, sal e gordura saturada também produzem queda da PA, independentemente do emagrecimento. 

A perda de peso também melhora o perfil lipídico. Uma perda de 10 kg pode acarretar queda de 10% no colesterol total, 15% no colesterol LDL, 30% nos triglicérides e aumento de 8% no colesterol HDL.

Para diminuir a incidência de doença microvascular (retinopatia, neuropatia e nefropatia), o controle glicêmico deve ser rigoroso. A queda do nível ideal de hemoglobina glicosilada em 1% está associada à redução na taxa de complicações em até 22%. 

As complicações macrovasculares (infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e amputação) também diminui com o controle glicêmico rigoroso.

Em pacientes com síndrome metabólica, o anti-hiperglicemiante oral de primeira escolha é a Metformina que não leva ao ganho de peso e nem à hipoglicemia.

É o agente ideal para pacientes obesos e dislipidemicos  com funções renal e hepática normais.

Esse agente leva à diminuição na produção hepática de glicose e ao aumento da captação de glicose pelo músculo, reduzindo os valores da glicose em jejum com redução dos níveis de triglicérides e colesterol .

As sulfoniluréias estimulam a liberação pancreática de insulina, mas levam ao ganho de peso e a episódios de hipoglicemia. 

A insulina também pode ser usada para controlar os níveis glicêmicos. Efeitos indesejáveis do seu uso incluem ganho de peso e episódios de hipoglicemia mais comuns do que com o uso de sulfoniluréias.

As drogas supracitadas podem e devem ser associadas quando necessário, visando o melhor controle glicêmico. 

Inositol é um carboidrato encontrado em seu corpo, assim como em suplementos alimentares e dietéticos, eles são capazes de manter as células saudáveis, regular a concentração do íon cálcio dentro das células, ajudar no tratamento da diabetes, reduzir os níveis de colesterol no sangue, queimar as gorduras e ajudar no tratamento de algumas doenças.

O mio-inositol é uma isoforma do grupo do inositol que pertence ao complexo da vitamina B, um suplemento alimentar isento de efeitos colaterais nas doses recomendadas que atua a nível intra-celular facilitando a entrada da glicose na célula por um processo de sensibilização dos receptores de insulina.

Ele foi isolado por cientistas que começaram a utilizá-lo em pacientes  com SOP e RI. 89% das pacientes, após um período de 3 a 6 meses, apresentaram uma redução dos microcistos nos ovários com regulação do ciclo menstrual e ovulação.

Ele também atua nos neurotransmissores cerebrais, estimula a produção de serotonina podendo melhorar a ansiedade e a depressão.

O inositol é um composto promissor que com dose baixas de 4 gramas por dia é capaz de melhorar vários aspectos da função reprodutiva, regularizar o ciclo menstrual, ajudando no controle da diabetes gestacional e da síndrome metabólica.

Pesquisas futuras podem identificar outros efeitos importantes dessa molécula que está revolucionando o tratamento da RI.

A síndrome metabólica é uma afecção complexa. Seus múltiplos componentes, como diabetes, obesidade, hipertensão, dislipidemia, entre outros, são muitas vezes reconhecidos e tratados como doenças isoladas. 

A associação dos componentes deve ser reconhecida assim como as suas manifestações devem ser tratadas conjuntamente.

Leia também: Medicina de precisão, uma ciência exata, biológica ou humana?

Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular Fertilidade e Menopausa e Instituto Safe. Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.

Se você tem dúvidas ou quer sugerir temas para a coluna, envie e-mail para gustavo_safe@yahoo.com

Siga o Centro Avançado em Endometriose nas redes sociais para ver informações e dicas sobre a saúde da mulher.

Medicina de precisão, uma ciência exata, biológica ou humana?

Medicina de precisão, uma ciência exata, biológica ou humana?

(Imagem:Canva)

Medicina de precisão, uma ciência exata, biológica ou humana?

A medicina de precisão (MP) prevê que cada pessoa merece receber um tratamento único e individualizado, que respeite suas características genéticas, biológicas e as epigenéticas (influências nas expressões dos genes pelo ambiente e por fatores como estilo de vida)

A MP tem a predição, a prevenção e a personalização como pilares principais que a tornam mais humanizada, pois o foco passa a ser no paciente, no ser humano.

Ela busca compreender os aspectos genéticos que tornam cada indivíduo único, aliando os dados já convencionalmente utilizados para diagnóstico e tratamento.

Os seres humanos gostam de categorizar e nomear tudo que nos cerca e cientificamente dividem as áreas do conhecimento em três grandes áreas como exatas, humanas e biológicas.

Na atualidade, temos uma integração entre estas três áreas que não precisam ser distintas.

Assim, o conceito de que as ciências humanas estudam o homem e sua tendência comportamental e as ciências biológicas estudam o homem e sua composição química precisa evoluir.

A medicina nunca foi uma ciência exata como aquelas que usam a matemática embora cada vez mais exista uma integração da matemática tentando diminuir a subjetividade e aumentar a precisão sem deixar de lado o contexto humano.

Hipócrates colocou em seus manuscritos  que o segredo da medicina consistia em juntar a doença, o doente e o médico, idealizando naquela época a medicina que deve ser realizada hoje.

A conjunção da visão antiga de se tratar apenas doenças com a visão atual de focar mais no doente com abordagens com médicos multidisciplinares, visa garantir intervenções muito mais eficientes, precisas e livres de erros.

Apesar do desenho e implementação de ensaios clínicos cada vez mais precisos ao longo da história com utilização de placebo, estudos duplo-cego randomizados, existe uma variabilidade de resposta entre os indivíduos que não pode ser explicada unicamente por variações de idade, estado nutricional, ambiente ou outros fatores comumente analisados. 

Na predição os testes genéticos (painéis genéticos) analisam genes relacionados a uma ou mais condições específicas, com o objetivo de ajudar a definir eventual risco de apresentar ou ser acometido por alguma doença.

Como é realizado o teste genético?

O teste é feito em uma pequena amostra de líquido corporal ou tecido, geralmente sangue, mas, às vezes, saliva, células internas da bochecha, pele ou líquido amniótico.  Em seguida a amostra é enviada para um laboratório especializado em testes genéticos. 

De acordo com o National Institutes of Health (NIH), em 2017 já existiam mais de 50 mil testes genéticos para 10 mil condições clínicas. 

Nesse mesmo ano, o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) estimava o surgimento de dois a três novos testes por semana. 

No Brasil o Hospital Albert Einstein possui o PREDICTA que atualmente é capaz de estudar 147 ou 563 genes com acompanhamento anual durante 5 anos pelo geneticista da instituição.

Os dados do genoma e das alterações gênicas podem ser utilizados na prevenção e  na intervenção médica com a ajuda da Inteligência Artificial. 

Na prevenção, o conhecimento dos riscos vai ajudar a elaborar estratégias de prevenção e diagnóstico precoce muito antes da doença manifestar sintomas clínicos visíveis. 

Um ótimo exemplo é a pesquisa da mutação do gene BRCA1 e BRCA2 que predispõe principalmente, ao câncer de mama e ovário.

A atriz Angelina Jolie quando descobriu que tinha uma mutação genética no gene BRCA-1 e Brca-2 decidiu retirar as duas mamas e, algum tempo depois, os dois ovaries, gerando muitas polêmicas na época

Do ponto de vista do tratamento, a personalização permite a escolha de drogas que minimizem efeitos colaterais e que produzam os melhores resultados de forma individualizada e não global.

A farmacogenética (farmacogenômica) nasceu da combinação das áreas de genética, bioquímica e farmacologia e trouxe evidências da relação causal entre o genótipo e a resposta a drogas, indicando padrões de variações fenotípicas de grande relevância clínica. 

Estes testes permitem a avaliação do potencial de resposta da terapia de escolha a determinada doença, podendo orientar a escolha terapêutica ideal para diversos tipos de câncer.

Em alguns casos, o conhecimento do nome e sobrenome do câncer permite a criação de imunoterápicos e vacinas.

Os EUA se destacam pela velocidade de produção e de disponibilização de produtos e serviços de MP no mercado.  Segundo a Personalized Medicine Coalition, o número de drogas, tratamentos e diagnósticos personalizados disponíveis passaram de 13 em 2006 para 113 em 2014. 

No Brasil, obviamente, as coisas são um pouco mais difíceis. Sem grandes investimentos do governo federal em pesquisa e desenvolvimento tecnológico, a medicina de precisão ainda caminha lentamente, e há pouco material bibliográfico sobre o assunto.

Entre os fatos mais relevantes em nosso país, destacam-se a criação da Brazilian Initiative on Precision Medicine (BIPMed) em 2015, uma iniciativa que envolve instituições de ensino e pesquisa públicas do estado de São Paulo. 

Em 2017 foi criada a Associação Brasileira de Medicina Personalizada e de Precisão.

Um dos esforços governamentais também na área foi o Projeto Genomas Raros, realizado em parceria com o Hospital Albert Einstein com o objetivo de sequenciar genomas completos de indivíduos brasileiros com doenças raras de suposta base genética e risco hereditário de câncer. 

A combinação de tecnologia e conhecimento adquirido vem modificando a forma de atuação da medicina ao longo dos anos, mas quando se trata de uma pandemia, ou de uma doença grave capaz de acometer milhões de pessoas, não há como fugir dos testes em massa

Vimos isso acontecer nos últimos meses, quando laboratórios de diferentes países começaram a testar suas fórmulas em grupos cada vez maiores de voluntários.

Mas, para outros problemas de saúde, incluindo diversos tipos de câncer, doenças autoimunes e neurodegenerativas, o tratamento diferenciado da medicina de precisão pode fazer uma grande diferença. 

Quem mais tem a ganhar, contudo, são os pacientes. Com métodos humanizados, acompanhamento médico mais próximo e atenção aos detalhes únicos do organismo de cada pessoa, a medicina de precisão consegue oferecer tratamentos mais eficientes (por serem personalizados), sem prejudicar a qualidade de vida do paciente (por apresentarem menos efeitos colaterais).

Isso também traz benefícios para o profissional da saúde, que pode focar mais no paciente, elaborando diagnósticos mais precisos e detalhados, pois estudando melhor o  caso, o médico pode inclusive conhecer mais sobre uma doença.

Embora a MP seja um grande avanço na forma com que a saúde humana é tratada, ela não deve representar uma quebra de paradigma total. 

É uma metodologia que demanda tempo e investimentos para funcionar, e o tratamento diferenciado também tende a ter um custo mais elevado para o paciente  ficando restrita à uma parcela mais abastada da população, que pode arcar com os custos dos tratamentos personalizados que no momento não são contemplados pelos planos de saúde e pelo SUS.

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Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular Fertilidade e Menopausa e Instituto Safe. Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.

Se você tem dúvidas ou quer sugerir temas para a coluna, envie e-mail para gustavo_safe@yahoo.com

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Novas tecnologias na medicina

Novas tecnologias na medicina

A inteligência artificial na medicina, a robótica e atelemedicina estão mudando o panorama dos serviços médicos.

A inteligência artificial na medicina e na história

A Inteligência Artificial na medicina consiste no uso de computadores que, analisando um grande volume de dados e seguindo algoritmos definidos por especialistas, são capazes de propor soluções aos problemas médicos e ajudar os serviços de saúde.

Apesar da IA ter o potencial de melhorar quase todos os aspectos, muitos médicos ainda são céticos sobre a integração da IA nas suas práticas do dia-a-dia com medo de que as mudanças possam resultar não só no fim da relação médico-paciente mas na substituição da mão de obra médica.

Algumas especialidades de fato serão substituídas ou não mais reconhecidas num futuro próximo, enquanto outras serão renovadas ou criadas com a digitalização da medicina.

Neste momento temos eventos, treinamentos,  simpósios e cursos como o 1o. Simpósio de Inteligência Digital para médicos do Brasil ou o Curso de Ferramentas Digitais na Medicina que estão sendo ofertados.

A humanidade sonha com objetos dotados de certa inteligência, capazes de executar ações complexas e de pensar.

Contudo, a ideia de inteligência artificial como conhecemos hoje parece ter nascido na década de 40, quando Warren McCulloch e Walter Pitts abordaram, em texto, estruturas artificiais que imitam o sistema nervoso humano.

Posteriormente, o matemático Alan Turing projetou uma dinâmica que marcou a filosofia da inteligência de uma máquina – o famoso teste de Turing. Neste experimento, um humano e um computador deveriam responder, por escrito, a perguntas de uma pessoa, que por sua vez tentaria identificar qual delas era a máquina.

Outro fato marcante se deu em 1964, com a invenção do primeiro chatbot, um programa de computador que tenta simular um ser humano na conversação com as pessoas, de tal forma que as pessoas tenham a impressão de estar conversando com outra pessoa e não com um programa de computador. 

Batizado de Eliza, tratava-se de um algoritmo e um conjuntos de palavras-chave que lhe davam a capacidade de imitar as respostas de psicanalistas, já demonstrando uma das várias possibilidades da aplicação da IA na saúde.

A IA passou por um período de descrença e frustração até que a capacidade de processamento dos computadores fosse otimizada no início do século 21 juntamente com a popularização da internet.

Em 2011, a IBM concebeu o supercomputador Watson, fruto de tecnologia que usa redes neurais artificiais para armazenar milhões de informações em formato de livros, artigos científicos e prontuários de pacientes, tornando-se uma importante fonte de dados sobre oncologia.

Também a Google lançou o supercomputador Deep Mind, trabalhando dados de milhares de pacientes para aprender sobre os sintomas e a evolução de doenças.

O carro-chefe da inteligência artificial aplicada à saúde tem sido os diagnósticos automatizados, mas a tecnologia também vem sendo aplicada em outros momentos, como é o caso do autocuidado. 

O futuro do setor da saúde passa pela junção do autocuidado (wearables) subsidiado pela inteligência artificial com a telemedicina , que usa tecnologias para fornecer informação e atenção médica a pacientes distantes.

Wearables ou dispositivos vestíveis, é o termo geral para um grupo de dispositivos móveis, como relógios, fones de ouvido, óculos de realidade aumentada e aparelhos para atividades físicas, projetados para serem utilizados como acessórios que permitem a coleta, armazenamento e envio de dados do paciente em tempo real ao médico, criando oportunidades de monitoramento  até então inéditas.

O que a inteligência artificial na medicina tem contribuído para os médicos e pacientes?

A telemedicina influencia diretamente o acompanhamento de pacientes, o intercâmbio de informações clínicas, a interpretação de resultados de exames, através de um serviço moderno e eficaz, que rompe com a barreira geográfica para agregar valor aos cuidados de saúde e ajudar a esclarecer dúvidas por meio da segunda opinião médica, sempre que necessário.

A telemedicina vem aproximando as pessoas no Brasil a partir da sua liberação em 2020 pelo Conselho Federal de Medicina com o intuito de ajudar na pandemia da Covid 19.

As áreas de saúde também têm se beneficiado de aplicativos com baixo valor de implementação que ajudam a comunicação entre clínicas médicas e pacientes além de estimular o autocuidado.

Um exemplo é o aplicativo gratuito que orienta como realizar o autoexame da mama, explicando a técnica, fornecendo um alarme para lembrar a data do próximo exame além de possuir um sistema dinâmico para anotar os resultados de exames realizados.

Assim como este aplicativo, temos inúmeros outros que ajudam a monitorar  o estresse, a hidratação, o sono, a dieta e a respiração.

Na ginecologia temos ainda aplicativos que monitoram as características do ciclo menstrual, do período fértil, do uso de contraceptivos. Em 2017, o FDA aprovou um aplicativo criado por uma cientista ganhadora do prêmio Nobel tão eficaz quanto o uso da pílula anticoncepcional.

No Brasil, foi criado o projeto de lei 21/2020 para regular o uso da Inteligência Artificial na medicina, definindo os direitos e deveres de empresas, pessoas físicas, poder público e clínicas que têm a intenção de utilizar essa tecnologia. 

Entre os fundamentos abordados na lei estão os direitos humanos; a pluralidade; a igualdade; a não discriminação; a livre iniciativa e privacidade, além da exigência de que o uso da IA seja o mais transparente possível, ou seja, que todos divulguem o modo de funcionamento e permitam o fácil acesso aos dados. 

O aval de autoridades da área médica, como Conselho Federal de Medicina (CFM), Ministério da Saúde e Sociedade Brasileira de Informática em Saúde precisam ser solicitados.

Esse cuidado garante que a coleta, armazenamento e análise de dados mantenha informações sensíveis protegidas, garantindo o sigilo médico.  

O Hospital Albert Einstein em SP, foi um dos pioneiros no Brasil com aparelhos capazes de apontar doenças e encaminhar notificações automáticas, utilizando equipamentos que enviam sinais vitais diretamente para o prontuário médico.

A primeira cirurgia robótica do Brasil aconteceu no Hospital Albert Einstein no dia 30 de março de 2008, alguns meses depois da aquisição do primeiro sistema robótico (plataforma da Vinci).

Após 13 anos, o número de procedimentos vem crescendo gradativamente e se expandindo para diversas especialidades cirúrgicas. A prática, no entanto, carecia de normatização ética, principalmente em relação à capacitação, que hoje é oferecida por empresas detentoras dos robôs. 

Com a Resolução  CFM nº 2.311/2022, o CFM supre uma lacuna, estabelecendo regras para a capacitação dos profissionais e critérios para a realização das cirurgias.

No país, há atualmente 80 robôs para uso em procedimentos cirúrgicos urológicos, ginecológicos e cirurgia geral (cirurgia bariátrica e de hérnia) principalmente.

A aparência dessa plataforma é semelhante a de um “polvo” com três braços para os instrumentos cirúrgicos e um quarto braço para visualizar os órgãos, possibilitando ao cirurgião uma visão 3D dos órgãos do paciente. 

Dentre as vantagens da cirurgia laparoscópica com a plataforma robótica temos a diminuição da perda de sangue, o menor tempo de internação, cicatrizes menores devido a não necessidade de incisões amplas, a redução da dor e da necessidade de medicação prolongada, a recuperação mais rápida e com menos complicações e o menor risco de infecção.

As vantagens para o médico foram consideravelmente maiores ao proporcionar melhor visualização, movimentos mecânicos com maior grau de liberdade, diminuição da fadiga ou tensão nas articulações devido ao design ergonômico do robô, facilidade de treinamento com diminuição da curva de aprendizado cirúrgico e principalmente o fim dos improvisos cirúrgicos.

Dar um passo em direção a esse novo mundo abre uma série de oportunidades para consultórios, clínicas e hospitais desde que respeitados os princípios éticos, essas novas tecnologias tem tudo para acrescentar uma série de benefícios aos pacientes e médicos.

Impulsionados pela tecnologia 5G, várias perspectivas irão surgir, em especial o uso da computação cognitiva e da realidade virtual na medicina.

Existem desvantagens da inteligência artificial na medicina e no dia a dia?

Como toda tecnologia disruptiva, a inteligência artificial também possui pontos negativos como a dificuldade por parte de profissionais devido à descrença ou falta de familiaridade com a tecnologia. 

Uma pesquisa realizada em 12 países aponta que, com o avanço da confiança na tecnologia, 55% das pessoas aceitariam ser atendidas por um autómato com inteligência artificial no lugar dos médicos.

Não sei dizer quanto tempo vai levar para isto se consolidar mas a medicina de precisão ou medicina personalizada que é uma prática em que o foco está no paciente de forma individual, levando em consideração as diferenças genéticas, biológicas, entre outras é um futuro que já chegou e vai precisar cada vez mais destas novas tecnologias.

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Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular Fertilidade e Menopausa e Instituto Safe. Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.

Se você tem dúvidas ou quer sugerir temas para a coluna, envie e-mail para gustavo_safe@yahoo.com

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O médico e a Inteligência artificial

O médico e a Inteligência artificial

O médico e a Inteligência artificial

A inteligência artificial poderá ajudar o médico a ser mais competente e resolutivo sem abrir mão de ser sutil e humano, capacidades essenciais.

O mais recente estudo da Demografia Médica no Brasil, realizado em parceria da  Universidade de São Paulo (USP) e com a colaboração entre o Conselho Federal de Medicina (CFM), trouxe informações detalhadas sobre a população de médicos e seu exercício profissional.

Dados de 2020 mostram o Brasil com 2,4 médicos por mil habitantes, a mesma taxa do Japão, México e Polônia e muito perto do Chile (2,5), Estados Unidos (2,6), Canadá (2,7) e Reino Unido (2,8), embora abaixo da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que é de 3,4 por mil habitantes. 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) não possui um parâmetro específico e o  Governo Federal utiliza como referência a proporção encontrada no Reino Unido (2,8) que, depois do Brasil, tem o maior sistema de saúde público de caráter universal orientado pela atenção básica.

Entre 2010 e 2020, o país ganhou 180 mil novos médicos com um aumento superior ao crescimento da população em geral (1,7 para 2,4 por 1 mil habitantes).

Muito desse aumento se deu por causa da política de abertura deliberada de escolas médicas e pela expansão de vagas de graduação acentuada a partir de 2013 pela Lei Mais Médicos.

Em 2018 em Belo Horizonte tínhamos 17.906 médicos para 2,5 milhões de habitantes, o que dá uma razão de 7,09 profissionais por mil habitantes. 

Este dado mostra que precisamos que haja uma correção da distorção na distribuição dos profissionais entre interior e capital em Minas Gerais e em todo o Brasil.

Em janeiro de 2020, de todos os 478.010 médicos em atividade no Brasil, 61,3% deles possuíam um ou mais títulos de especialista, enquanto os outros 38,7% não tinham título em nenhuma especialidade.

Considerando apenas as 55 especialidades médicas oficialmente reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina e pela Associação Médica Brasileira, tínhamos 11,3% em Clínica Médica, 10,1% em Pediatria, 8,9% em Cirurgia Geral, 7,7% em , 5,9% em Anestesiologia, 4,6% em Medicina do Trabalho, 4,1% em Ortopedia e traumatologia, 4,1% em Cardiologia, 3,6% em Oftalmologia e 3,3%  em Radiologia e Diagnóstico por Imagem. 

Quando se avalia a evolução do trabalho médico do Brasil, houve um aumento no número de horas trabalhadas por semana que geram um impacto negativo na qualidade de vida e na qualidade dos serviços e da assistência segundos dados de 2014 e 2019.

O percentual de médicos com quatro ou mais vínculos passou de 24% para 44% em cinco anos, com 32% trabalhando mais de 60 horas por semana em 2014 e 46%, em 2019, mantendo-se os mesmos índices de trabalho em consultório próprio e plantão.

Na realidade esse aumento da carga horária de trabalho foi visando uma manutenção de renda, pois segundo o estudo, a percepção foi de que em anos anteriores à pesquisa, eles tiveram remuneração reduzida, condições de trabalho pioradas e carga horária aumentada. 

Vale lembrar que são dados de antes da pandemia da Covid 19, que com certeza agravou este cenário. 

O futuro da medicina tem sido determinado pelos rumos do sistema de saúde, pelas escolhas individuais dos médicos, pelo mercado, pelas políticas públicas e atualmente pela inteligência artificial que pode melhorar a qualificação e a sobrecarga existente 

Um médico artificial conceitualmente seria um médico que não é natural, um médico dotado de inteligência artificial, um robô.

O conceito de inteligência artificial (I.A.) refere-se a um conjunto  de métodos voltados a construir um intelecto similar ao humano, isto é, capaz de aprender e realizar intervenções práticas.

Tudo acontece graças ao suporte de tecnologias como big data, machine learning e algoritmos sofisticados.

Estamos diante de um período da história em que as revoluções ocorrem com uma frequência quase diária, os avanços são cada vez mais rápidos e o que é moderno hoje pode se tornar ultrapassado semana que vem e obsoleto daqui a alguns meses. 

Há centenas de anos, a humanidade sonha com objetos dotados de certa inteligência, capazes de executar ações complexas e de pensar.

Surgida em meados dos anos 60, a popularmente chamada I.A. consistia em equipamentos, máquinas e robôs com capacidade de entender, processar e executar funções automatizadas, antes feitas apenas por pessoas. 

O ser humano apresenta uma capacidade de raciocinar com base nas suas percepções e sensações, assimilar esse pensamento, conectar com experiências anteriores e, por fim, executar uma tarefa. 

A ideia seria integrar essas capacidades em máquinas que ajudariam as pessoas em funções específicas ou até mesmo substituiriam pessoas em suas funções, liberando essa pessoa para outra tarefa mais complexa. 

Os especialistas afirmam que não vêm as máquinas substituindo os médicos, nem agora e nem no futuro e que essa não é a meta das aplicações de inteligência artificial na área da saúde, pois a inteligência artificial não substitui seres humanos em tarefas que exigem tomada de decisão. 

O que vai ocorrer é a substituição  da forma de realizar as tarefas, mudando o jeito como elas são feitas e desempenhadas.  

A inteligência artificial vai ser tornar assim  o novo estetoscópio dos médicos que precisam se reinventar, aprimorar e evoluir mais do que nunca.

Do smartwatch que registra os batimentos cardíacos e pode salvar vidas até um complexo algoritmo capaz de diagnosticar pacientes através da análise de exames, a tecnologia está cada vez mais presente no setor da saúde. 

Mais do que só tecnologia, a inteligência artificial vem sendo cada vez mais discutida e implementada na área, trazendo ganhos significativos.

Segundo dados do CB Insights, as centenas de startups de inteligência artificial que atuam no setor de saúde e movimentam bilhões desde 2013.

A palavra que define hoje a I.A. na medicina é suporte. Tal qual todos os exames que temos à disposição na prática clínica diária, os sistemas já conseguem ser precisos em avaliações.

Hoje, os software são capazes de diagnosticar pacientes em tempo recorde e com uma precisão maior do que a alcançada por médicos humanos – o que não significa que as máquinas estão substituindo os homens. 

As máquinas têm uma capacidade de processamento muito maior e não contam com o fator cansaço, o que faz com que os erros de diagnóstico sejam menores, ao mesmo tempo que apenas o ser humano tem uma sutileza na condução do diagnóstico que algoritmo nenhum consegue ter. 

Um ponto muito importante é que a inteligência artificial precisa da inteligência médica para ser assertiva e, de fato, inteligente. 

Para atingir feitos como o rápido e preciso diagnóstico, as máquinas precisam de uma grande base de dados para aprender e serem treinadas. 

Dentre esses dados, estão exames e prontuários médicos que pertencem ao paciente. Qualquer uso sem autorização prévia pode gerar punições na esfera legal.

De acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), que entrou em vigor em agosto de 2021, informações relacionadas à saúde dos cidadãos são consideradas dados pessoais sensíveis, o que exige um maior cuidado por parte dos coletores e tratadores de informações. 

O uso compartilhado desse tipo de informação com objetivo de obter vantagem econômica, por exemplo, é vedado pela lei. 

Em um cenário futuro, especialistas acreditam que as pessoas farão uma espécie de doação de dados como fazem doação de sangue hoje em dia.

No Brasil, foi criado o projeto de lei 21/2020 para regular o uso da Inteligência Artificial na medicina. O texto visava definir os direitos e deveres de empresas, pessoas físicas, poder público e clínicas que têm a intenção de utilizar essa tecnologia. 

Entre os fundamentos abordados na lei estão os direitos humanos, a pluralidade, aigualdade, a não discriminação, a livre iniciativa e a privacidade.

Apesar do I.A. ter o potencial de melhorar quase todos os aspectos do setor de atendimento em saúde, muitos médicos ainda são céticos sobre o que vai acontecer.  

O ceticismo tem origem nas preocupações que esses tipos de mudança podem resultar no fim da relação médico-paciente e na perda da vocação da medicina como nós conhecemos. 

Teoricamente, a partir do momento que as tarefas repetitivas forem automatizadas por soluções baseadas em IA, os médicos teriam mais tempo para atividades de mais alto valor agregado, como falar com pacientes sobre seu diagnóstico e discutir as diversas opções de tratamento com mais calma. 

Infelizmente os planos de saúde, os consórcios, hospitais e empresas de saúde não parecem estar preocupados com a vocação e valorização do médico.

Claro que ainda não existem robôs capazes de substituir o trabalho médico em sua totalidade mas é inegável  que isto irá acontecer, mas a questão ainda é mais ética e menos tecnológica.

Quando você vai ao médico, você está colocando sua vida sob responsabilidade de outra pessoa. Os softwares não têm esse comprometimento  e nem são capazes de responder por isso.

Humanos são muito bons em estabelecer conexões emocionais, expressar empatia, e dar diagnóstico centrado no paciente e estratégias de tratamento adequadas.

A inteligência artificial vai nos ajudar cada vez mais a individualizar os tratamentos.

O que a medicina precisa é que  a Inteligência artificial e a inteligência médica andem lado a lado, de mãos dadas com o médico como um verdadeiro maestro destas novas tecnologias.

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Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular Fertilidade e Menopausa e Instituto Safe. Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.

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