Inseminação caseira, o barato que pode sair caro

Inseminação caseira, o barato que pode sair caro

Inseminação caseira, o barato que pode sair caro

A inseminação caseira, colocação de sêmem intravaginal ou intra útero sem ajuda especializada pode  trazer riscos à saúde além de problemas legais.

A inseminação é um ato médico e por isso deve ser indicada e realizada por médicos.

A infertilidade (dificuldade para engravidar após um ano de coito desprotegido) é um problema que atinge muitos casais e por isso, muitas pessoas buscam ajuda para resolver esse problema e conseguir ter o tão sonhado filho.

Apesar dos grandes avanços, a Reprodução Assistida ainda não é acessível apesar de existir centenas de centros especializados no Brasil regulamentados e fiscalizados pela Anvisa (RDC).

Muitas pessoas confundem inseminação artificial (IA) com fertilização “in vitro” (FIV).

A principal diferença entre fertilização in vitro e inseminação artificial é o local onde ocorre a fertilização, ou seja, enquanto na IA a fertilização é intrauterina, ou seja, o sêmen será introduzido no útero da mulher por meio de um cateter no dia de ovulação, a FIV é realizada em laboratório controlado e só depois o embrião é transferido para o corpo da mãe. 

Quanto custa fazer inseminação artificial?

Em média, o valor para o processo de Inseminação Artificial, sem os medicamentos, fica entre R$ 2.500 e R$ 3.500 podendo chegar a 5000,00 com a medicação.

Os custos para aquisição de espermas selecionados e testados com segurança e informações individualizadas em empresas especializadas pode chegar a 3000,00 fora as despesas com o transporte adequado.

Casais homoafetivos formados por mulheres que querem ter filhos, mas não podem pagar pela inseminação artificial, são os que mais buscam o procedimento caseiro no Brasil e no Mundo.

A inseminação caseira é uma forma de engravidar sem sexo ou ajuda de médicos em casa e não em uma clínica especializada.

O casal busca um doador de sêmen, que faz a coleta do esperma que é colocado em uma seringa sem nenhum preparo e injetado na vagina (ou no colo do útero) pela mulher que deseja engravidar.

Desde 2012 através da portaria 3.149 o SUS oferece o programa de reprodução assistida por meio de IA ou por FIV.

Casais sem filhos que não conseguem engravidar por algum motivo podem fazer a fertilização in vitro pelo SUS, mas é importante salientar que conseguir fazer o tratamento pelo SUS costuma ser bem complicado e demorado.

Em média, são quatro anos de fila de espera e ainda precisam arcar com os custos da medicação em alguns casos que pode passar de 5000,00.

Infelizmente, de todas as clínicas privadas no Brasil, apenas 15 parecem atender pelo Sistema Único de Saúde estando localizadas em poucas cidades como Belo Horizonte, Brasília, Goiânia, Natal, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Ribeirão Preto e Santo André.

O SUS cobre fertilização in vitro?

Para conseguir a FIV pelo SUS é necessário ter recebido o diagnóstico de infertilidade depois de estar tentando engravidar pelo método natural durante dois anos.

As principais indicações de IA são a impossibilidade de se realizar o coito (relação sexual), homens com problemas leves no espermas, mulheres com problemas cervicais (colo do útero) e mulheres jovens com infertilidade sem causa aparente.

A inseminação pode ser realizada em conjunto com um estímulo ovariano (indutores da ovulação) de baixo custo e riscos, desde que a paciente apresente trompas pérvias e seja monitorizada adequadamente.

Alguns casais que buscam formas de engravidar ainda têm dúvidas sobre a real importância da fertilização e desconhecem os procedimentos disponíveis de reprodução humana assistida executados por clínicas sérias e seguras. 

Percebe-se um crescimento  impulsionado pela crise econômica e pelo modismo das  redes sociais com comunidades no Facebook , grupos no WhatsApp e até contas no TikTok e no Instagram criadas tanto por doadores de sêmen quanto por mulheres que tiveram seus filhos por inseminação caseira. 

Infelizmente as redes sociais e a globalização podem acabar banalizando certos procedimentos médicos como neste caso da IA, onde tutoriais, vídeos e até ajuda on-line tentam ensinar mulheres sem se preocupar com as potenciais repercussões negativas.

Quais são os riscos da auto-fertilização

Os riscos que envolvem a prática da auto-fertilização são ignorados pelos meios de comunicação, ameaçando gravemente a saúde da mulher e do feto. 

Muitos doadores ilegais de esperma, aproveitam do momento frágil, principalmente quando são casais homoafetivos de mulheres, para ter relação sexual com uma das parceiras. 

Fora o claro perigo de contaminação de doenças (IST – antes conhecidas como DSTs), ainda há a violação do corpo feminino.

Outro equívoco são as vendas dos kits, que podem ser compostos por esperma doado ilegalmente, seringas, potes de coleta e outros. 

Além da incerteza da proveniência dos materiais contidos nesses conjuntos, sem esterilização ou prévia análise, ainda existe uma grande possibilidade do material espermático ser inválido. 

Os espermatozóides têm tempo de sobrevivência e manutenção de sua capacidade de fertilização, sendo ideal trabalhar com ele a fresco.

Sem considerar a má qualidade do esperma, ainda seria necessário a preparação do corpo feminino, através do acompanhamento com médico especialista. 

Mas o maior problema desses procedimentos caseiros não é a ineficiência e sim o alto risco à saúde da mulher. 

Sem um profissional especializado para realizar o manejo da inseminação artificial (IA ou IIU), pode ocorrer a perfuração ou ferimento no canal vaginal. 

Além da contaminação por infecção, devido aos instrumentos e ambiente insalubres, pode se agravar a proliferação de microorganismos (fungos, bactérias, vírus e amebas), quando a mulher apresenta algum desequilíbrio ou variação no PH.

O alto risco da mulher  adquirir Infecções Sexualmente Transmissíveis (antes conhecidas como DSTs) que podem ser transmitidas para o bebê  e causar riscos irreversíveis ao feto. 

A auto-inseminação pode sair muito cara, afetando a mulher com doenças e infecções graves como:

  • Sífilis;
  • HIV 1; HIV 2;
  • Hepatite B; Hepatite C;
  • HTLV I e II;
  • Chlamydia trachomatis; Ureaplasma urealyticum; Mycoplasma hominis; Neisseria gonorrhoeae
  • Bactérias aeróbias

Quais são os testes para a FIV e IA?

Para a seleção de doadores em clínicas especializadas as pacientes devem ser realizados testes laboratoriais para

  1. Sífilis;
  2. Hepatite B (HBsAg e anti-HBc); Hepatite C (anti-HCV);
  3. HIV 1 e HIV 2;
  4. HTLV I e II,
  5. e Zica virus e sorologias  para Clamídia e Gonococo.

O tema parece ter chegado à Justiça nos últimos meses e tribunais em várias partes do Brasil divulgaram decisões sobre o registro de bebês nascidos por meio da inseminação feita em casa, sem relação sexual. 

A inseminação caseira não é amparada por nenhuma legislação no Brasil, mas não há, portanto, regra que proíba a prática. 

Os acordos são feitos em conversas informais ou, em alguns casos, pela assinatura de termos de compromisso em papel, sem validade jurídica.

Já a cobrança pelo material genético é vetada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). 

Homens que fazem a doação afirmam só pedir auxílio com custos do deslocamento ou exames solicitados pelos casais antes da inseminação, como testes de HIV e outras DSTs.

Justamente por não estar prevista em nenhuma norma, a inseminação caseira tem sido debatida na Justiça. 

Quando o casal que fez a inseminação caseira são de duas mulheres, cria-se um imbróglio no cartório.

Uma regra do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determina a apresentação de laudo da clínica de fertilização que não existe nos casos de inseminação caseira obrigando a entrada com ação para conseguir a dupla maternidade, que acaba gerando custos.

Além do risco para saúde da mulher, há possibilidade de discordâncias e litígios entre os envolvidos. A criança poderá requerer a paternidade do doador se a inseminação for caseira ou vice-versa.

Em procedimentos em clínicas, é resguardado o anonimato do doador do sêmen usado na fertilização.

Pela falta de controle, há ainda discussões sobre a possibilidade de que filhos do mesmo doador se relacionem no futuro, sem saber que são irmãos por parte de pai.

Por esta razão o número de doações por doador depende do número de habitantes de cada região.

Costumam dizer que sonhar não tem preço quando na verdade alguns sonhos podem custar bem caro e levar pessoas a tomar medidas desesperadas.

A solução deve partir do poder público com medidas capazes de aumentar o acesso aos tratamentos de reprodução assistida.

Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular Fertilidade e Menopausa e Instituto Safe.

Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.

Se você tem dúvidas ou quer sugerir temas para a coluna, envie e-mail para gustavo_safe@yahoo.com

Siga o Centro Avançado em Endometriose nas redes sociais para ver informações e dicas sobre a saúde da mulher.

Prazer e orgasmo, juntos e separados

Prazer e orgasmo, juntos e separados

Dia internacional do orgasmo: Do prazer ao orgasmo

Prazer e orgasmo, juntos e separados

Apesar de não ser necessário atingir o orgasmo para experimentar o prazer íntimo, a sensação experimentada por ele é extasiante e promove um bem-estar geral.

O prazer é um sentimento agradável, algo positivo, alguma coisa que nasce em nós ao satisfazer uma necessidade ou conseguir um objetivo. 

Quando uma pessoa busca o prazer como principal finalidade da sua existência, é chamada de hedonista. O hedonismo é a doutrina que segue aqueles que vivem para maximizar os prazeres e minimizar a dor. 

Existem múltiplas fontes de prazer e tudo aquilo que provoca prazer é dito prazeroso.

A ingestão de uma comida, um vinho que nos agrada também pode ser considerada como uma fonte de prazer físico. Temos também prazeres não físicos como ter um hobby  como colecionar selos, obras de arte, postais, jogar um jogo, ler um livro, desenhar ou ouvir música.

Cada um de nós é responsável pelo seu próprio prazer. Ninguém dá prazer para ninguém!

31 de julho – dia internacional do orgasmo

No último dia 31 de julho percebi milhares de postagens sobre o dia internacional do orgasmo e imediatamente refleti sobre qual seria a razão. Normalmente estes dias são criados para estimular vendas e neste caso não foi diferente! 

Uma rede de Sexshops da Inglaterra criou o dia em 1999 e a data passou a ser comemorada em diversos cantos do mundo para emplacar a venda de brinquedos eróticos. Por outro lado, aproveitaram-se do dia para  falar sobre orgasmo, seus benefícios e a importância que tem na saúde,  ajudando a quebrar tabus.

Por que sentimos prazer?

O prazer ocorre em três fases segundo especialistas, sendo a primeira a fase do desejo onde temos a antecipação, o anseio.  Em seguida há um período de gosto  (desfrutar a comida, o vinho, o sexo, um filme,…) e por último vem a saciedade, o período da satisfação.

Na resposta sexual humana, de forma semelhante temos a fase do desejo sexual que é constituído por três componentes: impulso sexual, motivação sexual e vontade sexual. Equivalente ao período de gosto, teríamos  duas fases seguidas, a de excitação sexual  e o orgasmo que é  resultado dos processos anteriores.

Ao longo da minha vida profissional, com  muitos cursos nesta área, aprendi que não se deve buscar o orgasmo e sim o prazer, pois ambos podem andar juntos e separados. O orgasmo deve ser uma consequência muito bem vinda.

A última fase de saciedade se equivale ao período refratário.

Na mulher, o potencial orgásmico não está limitado por um período refratário, como no homem, ou seja, se uma mulher for submetida a novas carícias, novos estímulos, ela poderá estar em condições físicas de ter novamente um orgasmo.

 “Eu nunca tive um orgasmo” é uma queixa comum no consultório médico. 

Um estudo do Departamento de Transtornos Sexuais Dolorosos Femininos da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que 55% das brasileiras não têm orgasmos durante o sexo.

Apesar de ser comum, não ter orgasmo não significa que é normal. É uma das sensações mais prazerosas que o ser humano pode vivenciar, vale a pena procurar ajuda especializada para conseguir ter.

Como o orgasmo é sentido?

Cientistas perceberam através de imagens  de Ressonância Magnética Funcional ou Tomografia por Emissão de Pósitrons o que exatamente acontece no cérebro durante o orgasmo.

A parte lógica é completamente desligada, explicando o fato das pessoas se sentirem mais ousadas e desinibidas durante o sexo. 

O córtex sensitivo genital, as áreas motoras, o hipotálamo, o tálamo e a substância negra, se ativam durante o orgasmo. Enquanto o tálamo ajuda a integrar informações sobre o toque e movimentos associados, o hipotálamo produz ocitocina ( hormônio  do prazer, do relaxamento, do amor)  que pode ajudar a coordenar a excitação.

Durante o orgasmo, o cérebro trabalha arduamente para produzir uma série de diferentes hormônios e neurotransmissores, entre eles a dopamina, relacionada a sentimentos de prazer, desejo e motivação.

Aparentemente, a mesma parte do cérebro que o faz sentir tão bem após comer uma sobremesa ou vencer um jogo de futebol são as mesmas ativadas durante o orgasmo. 

O cérebro libera substâncias (endorfinas) que nos tornam menos sensíveis à dor e estimula a sensação de prazer, bem estar, bom humor, motivação e felicidade. Após um orgasmo, o cérebro libera hormônios que causam felicidade e sonolência, desacelerando o cérebro. 

Em pessoas incapazes de sentir estimulação genital, o cérebro pode mudar-se para alcançar o orgasmo.

Anorgasmia significa a incapacidade de ter um orgasmo, mas não se pode dizer que uma mulher tem anorgasmia porque uma vez ou outra ela não atingiu o orgasmo. 

Isso precisa acontecer de forma sistemática devido a fatores que atrapalham a mulher.

O orgasmo não acontece nos genitais, e sim no cérebro. Sendo assim, os pensamentos e o bem estar da mente influenciam na capacidade de se alcançá-lo.

Na hora do sexo, é importante esvaziar a mente, desfazer-se de preocupações, angústias… a possibilidade do orgasmo começa pela sensação de permissão.

O que são zonas erógenas?

Existe uma necessidade de autoconhecimento, ou conhecer as zonas erógenas do seu corpo. A maioria das mulheres atingem o orgasmo por estimulação do clitóris ou das mamas, e não pela penetração vaginal.

A glande do clitóris tem em torno 8 mil terminações nervosas, enquanto a  do pênis tem a metade (4 mil).

Quando a gente fala de sensibilidade nesses dois lugares, que são os lugares mais sensíveis, as mulheres são muito mais sensíveis e por isso podem ter um orgasmo mais intenso.

Em geral, são zonas erógenas partes do corpo repletas de terminações sensitivas e que lhe trazem prazer ao serem estimuladas.

Também podem ser zonas erógenas a região anal, o pescoço, as coxas. Importante cada um descobrir o que você gosta mais no seu corpo!

Muitas mulheres não sabem se tiveram um orgasmo. Se o orgasmo foi atingido ou não, basta prestar atenção se há necessidade de continuar o ato sexual uma vez que após existe uma satisfação plena.

Não existem “categorias” de orgasmos e sim um orgasmo, provocado por tipos diferentes de estímulo.  A gente não fala em orgasmo vaginal, orgasmo clitoridiano. O mais correto é você dizer orgasmo com estímulo intravaginal, orgasmo com estímulo clitoridiano. 

Vale a pena procurar ajuda profissional se a anorgasmia persistir, sendo preciso  investigar se a paciente sofre de alguma condição clínica que precisa ser tratada  como dispareunia (dor na relação sexual), vaginismo, transtorno do desejo hipoativo…

A gente sabe que antidepressivos podem levar a um retardo da ejaculação, um retardo do orgasmo, tanto no homem quanto na mulher.

Isso deve ser levado em consideração durante a abordagem do problema pelo especialista.

Dicas importantes em relação ao orgasmo:

  1. O meio mais fácil de ejacular é a masturbação ou o sexo solo. A dica é usar lubrificantes, brinquedinhos sexuais para ajudar na descoberta.
  2. Ao contrário do que muitos pensam, preliminares bem feitas garantem orgasmos intensos.
  3. É mais fácil atingir o orgasmo nos primeiros quinze dias do ciclo menstrual

Leia também: Endometriose na bexiga e a falta de informação na saúde urinária feminina

Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular Fertilidade e Menopausa e Instituto Safe. Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.

Se você tem dúvidas ou quer sugerir temas para a coluna, envie e-mail para gustavo_safe@yahoo.com

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