Já se sentiu anestesiado com dificuldades em ter prazer?
Já se sentiu anestesiado com dificuldades em ter prazer?
A Anedonia pode ser a resposta para alguns dos sintomas a seguir.
Estamos chegando ao final de mais um ano e uma análise retrospectiva se faz necessária para que possamos seguir em frente na busca do equilíbrio e do prazer.
Percebo que este ano de 2022 teve de tudo um pouco. Ômicron, novo normal, pós-Covid, crise nos EUA e Europa agravada pela guerra na Ucrânia, incertezas no Brasil que viveu e vive um período muito conturbado (inflação, eleição,…) sem esquecer dos problemas corriqueiros da vida.
No dicionário o prazer é conceituado como uma sensação ou emoção agradável, ligada à satisfação de uma vontade, uma necessidade, do exercício harmonioso das atividades vitais.
Ao longo deste ano, algumas queixas ficaram mais frequentes na minha clínica como o cansaço excessivo, alterações no sono, perda de concentração, alterações na libido e perda de interesse pela vida.
Inicialmente, pensamos em quadros de depressão e ansiedade decorrente do estresse ocorrido apesar da estranheza de ver que a grande maioria desses pacientes encontravam-se bem controladas e acompanhadas por bons profissionais da área.
De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a anedonia atinge cerca de 70% dos pacientes com depressão.
O que é anedonia?
Anedonia é a perda da satisfação e interesse em realizar as atividades do dia a dia, como tomar um café com os amigos, passear com o cachorro, levar os filhos num passeio diferente, fazer um exercício físico que antes eram consideradas agradáveis.
Importante não confundir com a apatia que é a diminuição da excitabilidade emocional.
Por se tratar de um sintoma e não um transtorno, pode ser tratada e curada.
Na maioria dos casos, o tratamento tem como foco a doença de base, como a depressão ou desordem psiquiátrica.
Apesar da doença ser muito comum em pacientes com depressão, nem sempre uma pessoa deprimida apresentará os sintomas.
Ela pode acometer usuários de drogas e álcool, sobretudo durante as crises de abstinência, e também quem sofre de esquizofrenia, neurastenia, Mal de Parkinson, câncer, estresse pós-traumático, distúrbios alimentares e transtornos de ansiedade.
O uso de medicamentos, como antidepressivos e antipsicóticos usados para o tratamento da depressão, também podem ser uma causa.
No Brasil, a anedonia afeta mais de 11,5 milhões (ou 5,8% da população). Só na capital paulista, estima-se que 18% dos moradores já tiveram um episódio de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O diagnóstico deve ser realizado por médicos e especialistas que utilizam escalas de avaliação da anedonia, como a de Fawcet (escala de prazer/desprazer) e a Escala de Avaliação dos Sintomas Negativos (Andreasen, 1981). É comum em escalas de depressão (Beck) conterem itens sobre o tema.
Quais são os sintomas?
Os principais sintomas da anedonia são:
- a perda de interesse por atividades que se realizava anteriormente;
- dificuldades de concentração;
- alterações do sono, podendo haver insônia ou sono excessivo;
- e a diminuição ou perda da libido.
A anedonia pode ser classificada em dois tipos — social ou física.
No social, o paciente tem desinteresse no contato com a sociedade ou em realizar atividades com outras pessoas.
Já no físico, a pessoa apresenta uma indiferença em relação a si mesmo com uma incapacidade de sentir prazer no toque, contato íntimo ou em comer.
O indivíduo parece estar emocionalmente vazio, anestesiado, congelado, sem sofrer alterações de humor, independentemente do que aconteça ao seu redor.
A anedonia está associada com baixos níveis de monoaminas no sistema nervoso, como a serotonina, dopamina, adrenalina e noradrenalina, mas principalmente ocorre uma disfunção Dopaminérgica e Noradrenérgica.
Qual o tratamento?
O tratamento dependerá da intensidade do sintoma e a associação com outros possíveis sintomas de depressão.
Se a anedonia for predominante, uma opção de tratamento farmacoterápico são os inibidores seletivos da recaptação de dopamina e noradrenalina (IRND), como buropropiona e mirtazapina.
Tanto a terapia cognitivo-comportamental ou terapia analítico-comportamental podem ser auxiliares do tratamento medicamentoso.
Sem a discriminação de reforço positivo é esperado que vários comportamentos saudáveis entrem em extinção e o indivíduo passe a ser controlado principalmente por reforço negativo (evitar sofrimento) e por punição.
Uma pessoa com anedonia em geral dificilmente adere ao processo terapêutico, por isso é importante a participação da rede social (família e amigos).
Ainda, é importante se preocupar com a rotina do paciente, estimulando uma rotina saudável incluindo:
- boa alimentação;
- atividade física constante;
- sono regular;
- e momentos de lazer.
Técnicas de relaxamento e respiração (yoga, mindfulness), acupuntura e massagens também são alternativas recomendadas, pois ajudam a acalmar a mente, diminuindo os pensamentos negativos. Além disso, dão mais disposição e proporcionam a melhora da saúde como um todo.
O acompanhamento médico deve ser feito regularmente, de forma a identificar possíveis efeitos colaterais causados pelos medicamentos e de forma a ajustar a dose, para que se obtenham melhores resultados em relação à anedonia.
Leia também: Meditação e mindfulness na endometriose
Sobre nós
Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular Fertilidade e Menopausa e Instituto Safe. Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.
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