Osteoporose, doença silenciosa e impactante.

Osteoporose, doença silenciosa e impactante.

Osteoporose, doença silenciosa e impactante.

A osteoporose é uma doença silenciosa que raramente apresenta sintomas antes que aconteça sua consequência mais grave, isto é, uma fratura óssea. 

No Brasil, ocorrem aproximadamente 2,4 milhões de fraturas devido à osteoporose, com cerca de 200 mil mortes todos os anos em decorrência delas.

A fratura mais perigosa é a do colo do fêmur. Um quarto dos pacientes que sofrem esta fratura morrem dentro de seis meses e os que sobrevivem apresentam uma redução importante da qualidade de vida e independência.

O ideal é que sejam feitos exames preventivos, para que a osteoporose seja diagnosticada a tempo de se evitar as fraturas. 

Mas, mesmo após uma fratura osteoporótica, o paciente não é encaminhado para tratamento o que leva a um aumento do risco de uma nova fratura em mulheres de até 27%.

Quem cuida da osteoporose?

A osteoporose contempla várias especialidades como a endocrinologia, reumatologia, ortopedia, ginecologia, geriatria, entre outras por ser uma doença metabólica sistêmica que afeta os ossos, provocando a diminuição progressiva da densidade óssea com o desenvolvimento de ossos ocos, finos e de extrema sensibilidade, tornando-os mais sujeitos a fraturas.

Os nossos ossos recebem forte influência do estrogênio, um hormônio feminino, mas que também está presente nos homens em menor quantidade. 

Este hormônio ajuda a manter o equilíbrio entre a perda e o ganho de massa óssea ao retardar a reabsorção do osso, além de ser responsável pela fixação do cálcio e o fortalecimento do esqueleto.

A baixa de estrogênio irá contribuir para a perda de massa óssea mais acelerada, principalmente nos primeiros anos da pós-menopausa. 

Dez milhões de brasileiros sofrem de osteoporose, sendo que, 1 a cada 3 mulheres com mais de 50 anos apresentam a doença.

Em homens, os baixos níveis de testosterona (hipogonadismo) também podem favorecer a osteoporose, uma vez que este hormônio entra na formação do tecido ósseo no organismo masculino.

De acordo com estatísticas, a osteoporose afeta um homem para cada quatro mulheres.

O osso, além de promover sustentação ao nosso organismo, é a fonte de cálcio, necessária para a execução de diversas funções musculares como os batimentos cardíacos, funcionamento intestinal e outros. 

O osso é uma estrutura viva que está sendo sempre renovada. Essa remodelação acontece diariamente em todo o esqueleto, transformando osso velho em osso novo.

Quando o metabolismo do osso está em equilíbrio, ele retira e repõe o cálcio dos ossos sem comprometer essa estrutura. Por isso, é importante que a ingestão de cálcio seja adequada.

A ingestão insuficiente ou a má absorção do nutriente pode ser uma das causas da osteoporose. Existem hoje aplicativos que nos ajudam a avaliar a nossa ingestão diária de nutrientes.

No caso do envelhecimento, é preciso entender que os ossos crescem somente até os 20 anos e sua densidade aumenta até os 35 anos, começando a perder-se massa óssea progressivamente a partir disso.

Isso quer dizer que, até os 35 anos, há um equilíbrio entre processos de reabsorção e criação dos ossos. A partir dessa idade, a perda óssea aumenta gradativamente, como parte do processo natural de envelhecimento.

Caso o indivíduo não tenha criado um “estoque” de densidade óssea suficiente para suprir esse aumento gradativo da reabsorção, os ossos vão ficando mais frágeis e quebradiços, podendo levar à osteoporose em idades cada vez mais precoces.

Quando deve ser feito a prevenção?

A prevenção da osteoporose deve se iniciar na infância, através de uma alimentação saudável, com boa quantidade de alimentos ricos em cálcio.

Além disto, deve-se proporcionar para a criança e o adolescente a possibilidade de  brincadeiras e atividades ao ar livre. Isto vai estimular o exercício físico, que fortalece o esqueleto em crescimento, além de favorecer a exposição ao sol para que ocorra a produção Vitamina D (fundamental para nossa saúde, em especial para o fortalecimento ósseo) na pele.

É importante salientar que a atividade física em qualquer fase da vida (exercício de impacto nos mais jovens) têm um papel na prevenção de osteoporose e fraturas.

A osteoporose é a resultante de uma menor formação de osso pelos osteoblastos e maior reabsorção óssea pelos osteoblastos podendo ser primária ou secundária.

Osteoporose primária é a forma mais comum de osteoporose e pode ser subdividida em dois tipos principais:

  • Tipo 1 ou osteoporose pós-menopausa: atinge o osso trabecular (parte porosa), e causa fraturas nas vértebras e rádio distal – geralmente ocorre na mulher após a menopausa.
  • Tipo 2 ou osteoporose senil: seu desenvolvimento é facilitado pelo envelhecimento e falta de cálcio. Causa a perda proporcional de ossos cortical (parte dura e compacta) e trabecular.

Osteoporose secundária costuma ser causada por inflamações com alterações endócrinas, artrite reumatóide e hipertireoidismo, além do consumo em excesso de álcool e ausência de atividade física como resultado do consumo inadequado de vitaminas e uso de corticóides.

Alguns fatores como vimos aumentam as chances do desenvolvimento da osteoporose como o consumo insuficiente de cálcio e vitamina D, o histórico familiar da doença, o excesso de peso, a pouca exposição ao sol e problemas hormonais.

Quais são os sintomas?

Os sintomas de osteoporose que podem surgir com o avanço da doença são a dor ou sensibilidade óssea, a diminuição de estatura com o passar do tempo, a dor na região lombar devido a fraturas dos ossos da coluna vertebral, a dor no pescoço devido a fraturas dos ossos da coluna cervical e postura encurvada. 

Essas fraturas podem acontecer sem nenhum trauma importante e acometem principalmente o quadril e a coluna , podendo incapacitar o indivíduo e gerar um enorme impacto na qualidade de vida.

Na verdade não sabemos se a pessoa quebra porque cai ou cai porque quebra, ou ambos juntos!

Por não apresentar sintomas em seu estado precoce, não é possível fazer um diagnóstico precoce da osteoporose de maneira clínica. 

Dessa forma, só é possível identificar a doença por meio da densitometria óssea e radiografias. 

O exame de Densitometria Óssea está indicado para todas as mulheres a partir de 65 anos e para todos homens com 70 anos ou mais. 

Além disto, todas mulheres menopausadas e todos homens com mais de 50 anos, que possuam um dos fatores de risco descritos abaixo, devem realizar o exame para confirmar a presença da osteoporose ou osteopenia.

Possuem maior risco para desenvolver osteoporose as mulheres, indivíduos de raça branca, pessoas miúdas (magrinhas e pequenas), orientais, mulheres com menopausa precoce sem reposição hormonal, os tabagistas e etilistas severos e pessoas com história de fraturas na família e  doenças graves que utilizam corticóides por longo tempo.

Como é realizado o tratamento?

O tratamento da osteoporose envolve uso de medicamentos que diminuem ou  interrompem a perda de massa óssea. Além disso, são empregadas medidas para diminuir o risco de fraturas, como fortalecimento muscular, treinamento de equilíbrio e adaptações para reduzir a ocorrência de quedas.

Apesar da cura difícil, quase impossível, pode-se fazer da primeira fratura a última ou então evitar o agravamento, embora dificilmente irá eliminar totalmente a doença.

Os objetivos do tratamento da osteoporose são controlar a dor, retardar ou interromper a perda óssea e prevenir fraturas. Portanto, a escolha do tratamento irá depender da causa da osteoporose e de outras doenças associadas.

Existem várias medicações indicadas para o tratamento da osteoporose, que são individualizadas para cada caso, a depender da gravidade ou das causas secundárias. 

Alguns medicamentos comuns usados para esse fim são o Raloxifeno, os Bisfosfonatos, o Ranelato de estrôncio, a Teriparatida, o Denosumab e a Calcitonina. 

O tratamento deve ser sempre realizado com supervisão médica.

A terapia de reposição hormonal é eficaz na prevenção da osteoporose e de fraturas vertebrais e não-vertebrais. No entanto, ainda não há evidência suficiente para recomendar o tratamento na redução do risco de fraturas no tratamento da osteoporose já estabelecida.  

A ingestão adequada de cálcio e sua suplementação são indicados para o tratamento e prevenção da osteoporose.

A vitamina D é um nutriente importante na manutenção da saúde óssea, uma vez que suas principais funções são a regulação da absorção intestinal de cálcio e a estimulação da reabsorção óssea.  

Não se recomenda o tratamento com vitamina D isolada ou em conjunto com cálcio, porém o uso complementar desses nutrientes é fundamental para uma formação óssea adequada.

Conheça as cirurgias

Cirurgias como vertebroplastia são procedimentos minimamente invasivos para tratar fraturas na coluna vertebral, melhorando a dor e a capacidade funcional dos pacientes em cerca de 90 a 95%. Ele é feito injetando cimento acrílico (polimetilmetacrilato, ou PMMA) no interior da vértebra 

A Cifoplastia é um procedimento ambulatorial usado para tratar fraturas por compressão dolorosa na coluna vertebral. Ele utiliza uma espécie de balão, que é injetado na coluna e inflado, posicionando as vértebras corretamente antes da colocação do cimento ósseo. 

Procure um especialista, que poderá conduzir seu tratamento de maneira adequada e tranquila.

Leia também: Sensibilização central, a chave da dor crônica

Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular Fertilidade e Menopausa e Instituto Safe. Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.

Se você tem dúvidas ou quer sugerir temas para a coluna, envie e-mail para gustavo_safe@yahoo.com

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Esterilização feminina: liberdade com moderação.

Esterilização feminina: liberdade com moderação.

Esterilização feminina: liberdade com moderação.

No Brasil 76,6% das mulheres em idade  fértil utilizam algum método contraceptivo, existindo um predomínio de laqueadura (40,1%) que traz preocupação.

O controle da reprodução faz parte da sobrevivência do ser humano e das novas tendências de liberdade. 

Nas últimas décadas um número cada vez maior de casais vêm optando pela esterilização definitiva (laqueadura tubária e vasectomia) sem preocupações com possíveis repercussões clínicas e psicológicas que possam advir. 

A lei 14.443/2022 recentemente aprovada entrará em vigor em março de 2023 e traz algumas mudanças dispensando a autorização do companheiro no caso da mulher, diminuindo a idade de 25 para 21 anos, permitindo a esterilização durante o parto e determinando que o Sistema Único de Saúde (SUS) respeite o prazo de 30 dias para oferecer os métodos contraceptivos.

Permanece a necessidade de pelo menos 2 (dois) filhos vivos além do prazo mínimo de 60 (sessenta) dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico, período no qual será propiciado à pessoa interessada acesso a serviço de regulação da fecundidade, inclusive aconselhamento por equipe multidisciplinar, com visitas a desencorajar a esterilização precoce.

O que é a esterilização? Qual o objetivo?

A cirurgia leva vários nomes como ligadura tubária, laqueadura ou ainda Contracepção Voluntária Cirúrgica Definitiva (CCVD). 

O objetivo do procedimento é obstruir as tubas uterinas e impedir que os óvulos e os espermatozóides se unam.

Para compreender o efeito da ligadura das trompas, é importante conhecer a estrutura do sistema reprodutor feminino. 

As tubas uterinas, que também são denominadas como trompas de falópio, são caracterizadas por dois tubos que ligam o útero aos ovários. 

É exatamente nas trompas que ocorre o encontro entre as células germinativas do homem e da mulher para dar início à gravidez.

Os resultados dessa cirurgia costumam ser definitivos, isto é, a maior parte das mulheres que se submetem à ligadura das trompas não engravida mais.

São bem raros os casos em que ocorre alguma reversão natural e uma gestação inesperada, fato este relacionado com a técnica cirúrgica utilizada, o tempo de cirurgia e a idade da mulher. 

Os índices de falha ficam abaixo de 2% (média de  5 mulheres em cada 1000), considerando avaliação da taxa cumulativa referente a um período de 10 anos, incluindo  a gravidez ectópica.

Como é realizada a cirurgia?

O procedimento pode ser feito por via abdominal (laparotomia e videolaparoscopia) ou vaginal (histeroscopia e colpotomia – abertura do fundo de saco vaginal). 

A laparotomia é feita a partir de uma incisão suprapúbica que permite o acesso ao interior do corpo feminino e o manuseio das tubas. Mais dolorosa e com mais complicações.

Já a videolaparoscopia é uma técnica menos invasiva que é realizada  através de  portais de acesso com diâmetros mínimos  de cinco milímetros sendo responsável por uma menor dor pós-operatória, mais rapidez na realização do procedimento e no restabelecimento da paciente.

Para a obstrução das trompas podem ser utilizados diferentes recursos, como fio cirúrgico, eletrocoagulação, clipe (ou grampo) e anel de silicone.

A ligadura das trompas deve ser evitada ao máximo, visto que é um método de esterilização definitiva e pode, inclusive, trazer arrependimento à paciente. 

O arrependimento e a depressão, por exemplo, são possíveis efeitos emocionais nas mulheres que se tornam estéreis.

Por isso, a decisão final sobre fazer ou não a laqueadura cabe sempre à mulher, sendo que o preparo psicológico é uma das etapas mais importantes antes da execução da cirurgia.

Muitas mulheres  que se arrependem desconhecem outros métodos contraceptivos e pensam que a operação é reversível, além de ignorar que fatores como a mudança de parceiro, a perda dos filhos ou mudança nas condições financeiras podem influenciar no futuro.

Mulheres que se arrependem podem tentar a reversão da laqueadura com a realização de uma nova cirurgia, a reanastomose tubária, bem mais complexa e difícil.

As chances de êxito da cirurgia de reversão da laqueadura são reduzidas (40%), e depende de fatores como a preservação da porção final das tubas, o tempo da realização do procedimento e a experiência do cirurgião.

Muitas mulheres acabam precisando de técnicas de fertilização in vitro (os chamados bebês de proveta), procedimento caro e pouco disponível no SUS.

De cada 100 mulheres que procuram atendimento no Laboratório de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Goiás (UFG), 15 fizeram laqueaduras e, agora, querem de volta a possibilidade de terem filhos. 

Levantamentos do Ministério da Saúde e dos planos privados de saúde e pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), mostram que caiu a proporção de mulheres que recorrem à laqueadura, enquanto aumentou o uso de métodos contraceptivos não definitivos, como o diafragma intra-uterino (DIU) e o diafragma. 

O homem passou a fazer parte do planejamento familiar, e a vasectomia deixou de ser mito. 

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Essa realidade é mais evidente na Região Centro-Oeste, onde a queda da laqueadura e o aumento da vasectomia ocorrem de forma mais expressiva do que no restante do País.

A região Norte é a que mais concentra brasileiras que recorrem à laqueadura como método contraceptivo. 

Uma pesquisa realizada na Universidade de Turim, na Itália, comparou os dois países e mostrou que no Brasil (segundo dados da Unicamp) cerca de 40% das mulheres em idade fértil já se submeteram à laqueadura, enquanto que na Itália esse índice não chega a 1%. 

Apesar de ser uma cirurgia, a ligadura das trompas costuma ser um procedimento seguro e com baixas taxas de complicações mas que precisa de ponderação e cautela na tomada de decisão.

A mulher esterilizada está sujeita a danos físicos e psicológicos, ou seja, a síndrome pós-laqueadura caracterizada pela desarmonia do ciclo menstrual (metrorragia, sangramento intermenstrual, “spotting” e amenorréia), dor pélvica (dismenorréia, dispareunia), tensão pré-menstrual e manifestações psicológicas. 

Cerca de 20 a 40% das mulheres submetidas à esterilização tubária apresentam alguma sequela, e a frequência de alterações menstruais após a esterilização varia de 2,5 a 60%. 

Outros eventos pós-laqueadura, raros e discutíveis, como a endometriose, gravidez ectópica e possível associação com risco aumentado para câncer de mama e histerectomia no futuro têm sido descritos e devem ser levados em conta.

A cultura do brasileiro ainda é a de se fazer a laqueadura, mas a cirurgia é considerada definitiva e deve ser recomendada como última opção, lembrando que são as jovens com menos de 30 anos que se arrependem com mais frequência.

Importante ainda lembrar dos benefícios da contracepção oral, como o controle do ciclo menstrual, a melhora da cólica menstrual, a diminuição do fluxo menstrual, a diminuição das alterações funcionais benignas da mama (AFBM), a diminuição da TPM, a proteção contra câncer de ovário, endométrio e intestino, a diminuição dos cistos funcionais do ovário, a proteção contra desenvolvimento da endometriose e dos miomas e a melhora da pele (acne e hirsutismo).

Leia também: Espermograma: exame indolor que aterroriza muita gente.

Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular Fertilidade e Menopausa e Instituto Safe. Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.

Se você tem dúvidas ou quer sugerir temas para a coluna, envie e-mail para gustavo_safe@yahoo.com

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