A menstruação possui muitos mitos, tabus e perguntas, cuja resposta depende da história de cada mulher a ser escrita

Lembro-me bem que antes de entrar na Faculdade de Medicina tive a oportunidade de ler o livro Menstruação – sangria inútil. Uma obra do querido Professor Elzimar Coutinho, um dos maiores cientistas que o Brasil já teve, com mais de 30 mil cópias vendidas.

Nesta época, a supressão da menstruação foi considerada pela revista Times como um dos maiores avanços da Medicina. Confesso que naquela época não tinha maturidade suficiente para entender, mas percebo que velhas perguntas aguardam novas respostas.

A mulher precisa menstruar?

É bom para o corpo? Elimina toxinas?

Menstruar faz-se sentir feminina? Aumenta a libido?

A mulher precisa conviver com os sintomas da TPM? É seguro não menstruar?

É seguro tomar hormônios para suspender a menstruação?

Existe razão para menstruar mensalmente?

Na idade da pedra as mulheres da caverna não tinham problemas com a menstruação, pois elas não menstruavam. Elas tinham um filho atrás do outro, sem intervalo.

Homens e mulheres saíram das cavernas, construíram casas, casamentos e família dentro de uma sociedade. Mas a imagem da menstruação permanecia regida pela cultura de cada época.

Na Grécia antiga, além da Filosofia, os pensadores acreditavam que as mulheres se sentiam melhores depois de menstruar, quando na verdade elas se sentiam mais aliviadas com o fim da TPM e outros sintomas. Nessa época, a ideia era de que a menstruação era necessária e fazia bem para a mulher.

Na Roma antiga, as mulheres eram consideradas impuras no período menstrual e todos queriam distância delas.

Já na idade média, as mulheres mais puras repudiavam o sexo e, por isso, menstruavam direto, a vida inteira.

Passaram-se séculos e tudo mudou. A revolução silenciosa e discreta começou há 60 anos, paralelamente ao surgimento da pílula anticoncepcional que foi aprovada pelo FDA (Food and Drugs Administration), em 1960. 

A mulher ganhou mais espaço e novas opções. Estudar, trabalhar fora, casar, ter filhos ou não.

Neste período, a média de idade da menarca (idade da primeira menstruação) era de 16 anos, com uma média de 160 ciclos menstruais ao longo da vida.  Idade do primeiro parto aos 19,5 anos, tendo, em média, 6 filhos e amamentando por 1 a 2 anos. 

Menos de 28% das mulheres eram economicamente ativas.

Já no início deste século (2007), a idade média da menarca diminuiu para 12,5 anos, com quase 500 ciclos menstruais ao longo da vida. A idade do primeiro parto aumentou para 24 anos com diminuição do número de filhos, em média 2 e menos de 3 meses de amamentação. Mais de 43% das mulheres eram economicamente ativas.

Em resumo, menos filhos, menos amamentação, o que significa mais menstruação, mais sintomas, mais chances de desenvolver problemas ginecológicos.

Logo, menstruar nunca foi natural ao longo da História e nem necessariamente benéfico!

A mulher atual vive muito mais e acaba passando mais da metade da sua vida sem menstruar, considerando que o tempo médio em que menstrua, ao longo da vida, é de 33 anos.

Mesmo assim, se sua decisão for menstruar normalmente, garanta que isto não irá interferir na sua qualidade de vida.

Cada mulher precisa conhecer os seus riscos pessoais e entender o contexto de sua inserção na sociedade para que possa decidir com sabedoria o caminho a trilhar

O seu Ginecologista poderá ajudar a clarear estas questões. Não deixe a menstruação atrapalhar a sua História!

Gustavo Safe

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