Medicamentos para endometriose: Conheça os avanços recentes

Medicamentos para endometriose: Conheça os avanços recentes

Novos medicamentos para a Endometriose oferecem esperança

Novos medicamentos para endometriose oferecem esperança e alívio para milhões de mulheres em todo o mundo.

A endometriose, afetando cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva, é uma condição complexa que pode causar dores intensas e afetar significativamente a qualidade de vida.

A busca por medicamentos eficazes para endometriose alcançou avanços significativos nos últimos anos. Por exemplo, os inibidores da GnRH, como Elagol e Linzagolix.

Inibidores da GnRH:

  • Elagol: Este medicamento, aprovado na Europa e em fase final de testes nos EUA, emerge como um potencial aliado ao reduzir a produção de estrogênio e progesterona. Ele visa aliviar as lesões e a dor associadas à condição.
  • Linzagolix: Em estágio avançado de desenvolvimento clínico, este antagonista oral de GnRH oferece uma nova perspectiva no tratamento da endometriose, visando diminuir os níveis hormonais prejudiciais.

Moduladores de Progesterona:

  • Dienogeste: Reconhecido por sua eficácia no alívio da dor pélvica e cólicas menstruais, este progestágeno de alta potência oferece uma alternativa promissora no arsenal de medicamentos para endometriose.
  • Relugolix: Aprovado nos EUA, este antagonista do receptor de progesterona oral demonstrou ser eficaz na redução da produção de hormônios e no controle do crescimento do tecido endometrial.

Anticorpos Monoclonais: Uma Nova Abordagem Promissora nos medicamentos para endometriose

Recentemente, o anticorpo monoclonal AMY109 tem ganhado destaque. Em teste clínico de fase II no Reino Unido, este medicamento bloqueia a interleucina-8. 

Portanto, ao bloquear a interleucina-8, ele visa reduzir a inflamação e retardar a progressão da doença, oferecendo uma nova esperança para as pacientes em busca de medicamentos para endometriose. 

Qual sua eficácia?

Se comprovada sua eficácia, o AMY109 pode representar uma revolução no tratamento da condição, oferecendo alívio da dor e retardando a progressão da doença.

Além disso, outros medicamentos em estudo, como Dicloroacetato, Vilanterol e SKI-2670, podem representar uma luz no fim do túnel para as mulheres que lutam contra a endometriose.

Perspectivas para o futuro nos medicamentos para endometriose

É crucial ressaltar que a escolha do tratamento ideal para a endometriose deve considerar diversos fatores, incluindo a gravidade dos sintomas e as necessidades individuais da paciente.

A pesquisa por novos medicamentos e abordagens terapêuticas continua, prometendo um futuro mais esperançoso para as mulheres que enfrentam essa condição debilitante.

Conclusão

Os avanços no desenvolvimento de medicamentos para endometriose oferecem uma luz no fim do túnel para milhões de mulheres em todo o mundo.

Com inovações como o AMY109 e outros tratamentos em desenvolvimento, a perspectiva de alívio da dor e melhoria da qualidade de vida para pacientes com endometriose é mais tangível do que nunca.

O progresso nessa área é um lembrete poderoso do potencial da ciência e da medicina para transformar vidas.

Leia também: Saúde dos filhos das Técnicas de Reprodução Assistida (ART)

Sobre mim

Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular Fertilidade e Menopausa e Instituto Safe.

Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.

Se você tem dúvidas ou quer sugerir temas para a coluna, envie e-mail para gustavo_safe@yahoo.com

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Dor cíclica no ombro direito e endometriose

Dor cíclica no ombro direito e endometriose

Dor cíclica no ombro direito e endometriose torácica

Já pensou que a sua dor no ombro direito pode ser decorrente de uma endometriose torácica?

Dores de origem músculo esquelética estão cada vez mais frequentes nesta vida corrida e estressante  que vivemos de correria intensa.

Estes espasmos musculares com compressão nervosa, geram dores referidas  (dor que é sentida distante do local onde o problema está ocorrendo)que acabam confundindo e provocando erros diagnósticos.

Estamos falando de mulheres sintomáticas  que podem apresentar algum sintoma cíclico (no período  menstrual) de dor no ombro direito que acreditam ser normal ou são tratadas por ortopedistas ou fisioterapeutas sem resultado com aplicação local  quando na verdade o problema é decorrente de uma endometriose diafragmática.

O tórax é o principal sítio de acometimento de endometriose extra abdominal.

A endometriose é uma doença crônica, inflamatória e evolutiva capaz de acometer mulheres em idade reprodutiva, gerando sintomas no período menstrual e ovulatório.

A Síndrome da Endometriose Torácica (TES) consiste na presença de endometriose no parênquima pulmonar, no diafragma, na  superfície da pleura e brônquios que produzem sintomas dolorosos com alterações radiológicas como pneumo e hemotórax menstrual e hemoptise com nódulos pulmonares eventualmente. 

Trata-se de uma doença subdiagnosticada acometendo 0,1 a 1,5% das mulheres em idade fértil.

No geral as lesões são múltiplas (69% das vezes) com o principal local de acometimento sendo na região posterior do diafragma concomitante a uma endometriose pélvica em 50 a 90% das vezes.

O pico de diagnóstico ocorre entre os 35 e 40 anos, 5 a 10 anos depois  do pico de acometimento da endometriose pélvica.

Nenhuma teoria consegue explicar todas as manifestações da TES por se tratar provavelmente de uma origem multifatorial.

Possibilidade grande de ter uma origem conforme a teoria de Sampson que fala da menstruação retrógrada que explicaria uma incidência 9x maior de acometimento do diafragma direito em relação ao esquerdo.

A outra possibilidade seria a Metaplasia celômica onde células mesoteliais da pleura e peritônio sob estímulo estrogênico induziram uma endometriose capaz de explicar  a existência de doença em homens e mulheres com agenesia uterina (que não menstruam).

Estas teorias anteriores não explicam a endometriose brônquica bilateral que pode ser explicada pela disseminação linfática e hematogênica.

A apresentação clínica da TES é variável com a maioria das pessoas assintomáticas e achados ocasionais durante cirurgias abdominais laparoscópicas.

Entenda os sintomas da endometriose torácica

Os sintomas dolorosos são decorrentes de uma irritação do nervo frênico que dependendo do local acometido (origem) provoca dor cíclica no ombro, no pescoço, no quadrante superior do abdome e na região epigástrica.

Temos ainda pneumotórax catamenial em 80% das vezes,  hemotórax catamenial em 14%, hemoptise (eliminação de sangue do trato respiratório pela tosse) catamenial em 5% e por último nódulos pulmonares (com 0,5 a 3 cm) em achados de radiografias.

A endometriose produz elevado nível de PGF2, um potente constrictor brônquico e vascular que pode levar a ruptura alveolar e formação de bolhas observadas no pneumotórax catamenial (menstrual).

Em relação à localização da doença temos ainda sintomas como dor no peito, tosse e respiração curta.

Como é realizado o diagnóstico da endometriose torácica?

O diagnóstico é realizado com ajuda de exames de imagem como RX de tórax, TC de tórax (pneumo e hemotórax), RNM (lesão no diafragma em 78 a 83%), broncoscopia (citologia melhor que biopsia), US,  laparoscopia e toracoscopia.

Em apenas  21,7% das vezes temos uma suspeita prévia a cirurgia com exame de imagem mal direcionados.

Tratamento e cirurgia da endometriose torácica

O tratamento medicamentoso deve ser a primeira linha (Gnrh, Antagonista Gnrh, Progestágeno, Danazol deixando a cirurgia para pacientes que desejam engravidar,refratárias ao tratamento clínico, intolerantes  ou com recorrência.

A via de acesso deve ser combinada com toracoscopia e laparoscopia realizadas por um cirurgião ginecológico e um cirurgião torácico de preferência.

No processo cirúrgico uma sistematização é fundamental começando com uma avaliação torácica dos implantes, resseccao parenquimatosa e diafragmática após identificação do mediastino, nervo frênico, veia cava e pericardium por via torácica ou abdominal.

O tipo de lesão (superficial ou profunda) assim como as suas características (lesões pretas, azuis, em chama de vela, lesões vesiculares, fibróticas brancas e aderênciais vão definir se devemos fazer uma  ressecção ou vaporização.

A técnica cirúrgica deve considerar a destruição ou retirada total da endometriose do órgão acometido (peritonectomia, nodulectomia com shaving ou ressecção total).

As cirurgias não são isentas de risco e as pacientes podem apresentar hemopneumotórax, arritmia devido ao uso de energia perto do coração, hérnia, lesão do nervo frênico (paralisia), lesão da veia cava e lesão hepática.

Em caso de sintomas de dor no ombro consulte com um especialista (cirurgião torácico, ginecológico) capaz de reconhecer a condição e ajudar na realização de um diagnóstico diferencial e descartar um acometimento diafragmático.

Leia também: Câncer hereditário e o efeito Angelina Jolie

Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular Fertilidade e Menopausa e Instituto Safe. Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.

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Endometriose na bexiga, caso anitta e (des) informação na saúde urinária feminina

Endometriose na bexiga, caso anitta e (des) informação na saúde urinária feminina

Endometriose na bexiga e a falta de informação na saúde urinária feminina

Informação e desinformação na saúde urinária feminina

Toda mulher irá apresentar pelo menos um episódio de ITU (infecção do trato urinário) ao longo da vida, podendo ser considerado como normal a ocorrência de  até um episódio ao ano.

O aparelho urinário apresenta uma dualidade entre sintomas, diagnósticos e tratamentos muitas vezes simples e muitas vezes complexos.

Foi necessário nesta última semana uma celebridade, a cantora Anitta ser diagnosticada com endometriose para a mídia se mobilizar e discutir sobre a necessidade de conscientização sobre uma doença que não perdoa raça, cor e classe social com um atraso diagnóstico de 8 a 12 anos no Brasil e no Mundo.

“Anitta disse que sofria do problema há quase 9 anos e que acreditava sofrer de um quadro de cistite recorrente, uma infecção que acomete a bexiga e uretra provocada por uma bactéria, mas que os exames não indicavam a presença de microrganismos na região”.

A bexiga é um órgão flexível, de paredes musculares, localizado na pelve cuja principal função é armazenar a urina que é produzida pelos rins e conduzida até ela através dos ureteres antes de ser eliminada do corpo. 

A relação anatômica (proximidade) da uretra com a vaginal e com o ânus podem explicar porque uma mulher sexualmente ativa apresenta uma incidência maior de infecção urinária (colonização da bexiga por bactérias de forma ascendente através da uretra), mas não justifica uma banalização dos sintomas como acontece frequentemente.

A disúria em mulheres representa 2-5% dos motivos de consultas médicas e em 60 a 80% das vezes vai ter a presença de uma bactéria, apesar  de poder ocorrer infecção assintomática.

A bacteriúria assintomática não é normalmente tratada porque a erradicação das bactérias pode ser difícil e as complicações são normalmente raras. 

Além disso, o uso de antibióticos pode alterar o equilíbrio de bactérias no organismo (sangue), algumas vezes permitindo que surjam bactérias mais resistentes (difíceis de eliminar) .

Mulheres com sintomas urinários (dor, ardor, frequência, urgência, incontinência, retenção e esvaziamento incompleto) com cultura de urina negativa precisam buscar outras causas para o problema e não se acomodarem e banalizarem os sintomas.

Essa normalização e banalização de alguns sintomas urinários que desafiam os médicos e especialistas dificultam o diagnóstico definitivo por não esgotarem  todas as possibilidades e muitas vezes acabam classificando as pacientes como portadoras de síndrome da bexiga dolorosa (SBD).

A American Urological Association define SBD como a sensação desagradável (dor, pressão ou desconforto) percebida na região vesical e associada a sintomas do trato urinário inferior com mais de seis semanas de duração na ausência de infecção ou outra causa identificável.

 A Sociedade Europeia para estudo da SBD/CI (ESSIC) sugeriu em 2008 esta nova nomenclatura e sistema de classificação, pois a dor é uma característica fundamental dessa condição. A ESSIC sugere que o diagnóstico seja feito em três etapas. 

A primeira etapa é a seleção de pacientes que devem ter seu diagnóstico baseado na presença de dor pélvica crônica além de pressão, dor ou desconforto vesical e um ou mais sintomas como urgência urinária ou frequência miccional.

A queixa mais comum é de dor em hipogástrio (baixo ventre) associada a sintomas urinários irritativos: urgência, frequência, disúria e noctúria. Podem também estar presentes: dispareunia e dor na vagina. 

A segunda etapa é a exclusão de outras doenças como carcinoma de bexiga, doenças infecciosas (infecção urinária, chlamydia trachomatis, mycoplasma, herpes vírus, HPV), prolapsos, endometriose, candidíase vaginal, divertículo, câncer ginecológico, retenção urinária, dor relacionada ao nervo pudendo ou à musculatura do assoalho pélvico. 

Isso deve ser realizado através da anamnese, exame físico, exame comum de urina, urocultura, volume residual pós miccional, cistoscopia e biópsia da bexiga, se necessário e exames de imagem.

A terceira etapa é a classificação da SBD que pode em alguns casos apresentar um quadro mais específico com critérios diagnósticos bem estabelecidos chamado de cistite intersticial (CI).

Não há um exame que sele o diagnóstico da cistite intersticial, mas ele pode ser realizado através dos resultados da somatória de exames como o aspecto clínico, o diário miccional, o índice de sintomas, a urodinâmica e a cistoscopia que  apresenta glomerulações e/ou úlcera de Hunner. 

As evidências histológicas positivas incluem infiltrado inflamatório e/ou tecido de granulação e/ou presença de mastócitos (detrusor mastocytosis) e/ou fibrose intrafascicular. 

A cistite intersticial é uma doença crônica caracterizada pela irritação ou inflamação da parede da bexiga. Ela pode deixar cicatriz na bexiga, provocar um espessamento na sua parede, diminuindo a sua capacidade, associada a pontos de sangramento sendo sem dúvida uma importante causa de desconforto no baixo ventre em mulheres. 

Frequentemente estas mulheres passam por diversos médicos e realizam vários exames antes que o diagnóstico correto seja identificado, causando grande ansiedade. 

Como o diagnóstico da cistite intersticial é difícil de ser feito e inicialmente, na maioria dos casos, não é encontrado nenhum problema anatômico, sugere-se de forma errada que a causa seja emocional, sendo taxadas como estressadas e com desinteresse pelo ato sexual, gerando desajustes conjugais. 

Essas pacientes podem passar a manifestar fadiga excessiva, depressão, desânimo para as atividades do cotidiano, insônia e sonolência diurna. Além disso, estas mulheres têm sérias dificuldades e desconfortos no trabalho, em viagens e nas relações familiares.

Em função de todo o processo inflamatório, a dor geralmente é mais severa quando a bexiga está repleta de urina e alivia, pelo menos parcialmente, com o esvaziamento vesical. 

Essa condição leva a uma redução importante da qualidade de vida acometendo geralmente 90% das mulheres, brancas e com idade média de 40 anos.

A sua causa não é completamente conhecida e muitas teorias têm sido propostas como:

  • Agressão da bexiga por substâncias tóxicas da urina.
  • Doença autoimune (as células do próprio corpo lesam a bexiga).
  • Defeito na permeabilidade da parede da bexiga.

 A fisiopatologia (causa) desta doença envolve uma disfunção do epitélio urinário que passa a produzir glicosaminoglicanas (GAG) e proteoglicanas, formadoras do muco vesical, ineficientes. Esta falha na proteção do muco vesical ao urotélio propicia o contato direto das toxinas da urina com a parede vesical, desencadeando a patologia. 

Os sintomas normalmente são episódicos, com períodos de agudização e remissão, tornando-se mais intensos com a evolução da doença. A exacerbação da doença normalmente ocorre no período pré-menstrual. 

Os sintomas podem piorar com estresse, relação sexual, menstruação e com a ingestão de determinados alimentos e bebidas (bebida alcoólica, alimentos ácidos laranja, limão, abacaxi, café, chá preto, alimentos condimentados, bebidas gasosas.

Tratamentos conservadores incluem dieta anti-inflamatória, suporte psicológico, medicamentos (Amitriptilina –antidepressivo, anti-histamínico, ciclosporina e pentosan polissulfato) com possibilidade de uso intravesical (DMSO, Pentosan polissulfato, BCG, Ácido hialurônico).Tratamentos cirúrgicos incluem o uso do botox, da hidrodistensão, da derivação urinária, neuromodulação sacral e cistoplastia para aumento vesical.Apesar de todos os tratamentos mencionados, eles não apresentam altos índices de resolução definitiva, sendo necessário individualizar a conduta conforme a evolução de cada caso.

Existe uma elevada associação entre CI, DIP (doença inflamatória pélvica) e ITU de repetição com endometriose.

A associação entre estas doenças e várias síndromes somáticas funcionais com a endometriose levou alguns autores (Wessely et al ) a questionarem este diagnóstico como se estivéssemos diante de um artefato da medicina, razão pela qual a endometriose deve ser encarada como uma doença sistêmica.

A endometriose acomete uma em cada 10 mulheres em idade fértil que podem apresentar sintomas específicos ou inespecíficos, inicialmente relacionados a variações hormonais que após se tornam constantes.

Como pudemos perceber o desafio em realizar o diagnóstico de endometriose não é nada evidente, principalmente se o sistema acometido for o urinário.

Sintomas da endometriose na bexiga

Os principais sintomas de endometriose na bexiga são frequência e urgência com dor ou ardor ao urinar devido a bexiga estar cheia e raramente a presença de sangue na urina diferente do que muitos imaginam.

Um exame essencial para o diagnóstico de endometriose na bexiga é o ultrassom com a bexiga cheia. É importante também que este ultrassom seja realizado por um especialista em endometriose. 

Isso porque nem todos os profissionais da saúde sabem diagnosticar a endometriose com precisão, o que pode afetar o resultado. O diagnóstico da endometriose na bexiga pode ser complementado pela ressonância nuclear magnética capaz de avaliar também toda a via urinária (uroressonância).

A cistoscopia ajuda no diagnóstico e na avaliação prévia da cirurgia. Quando a área vesical do trígono da bexiga urinária fica inflamada, a condição médica é conhecida como Trigonite. O trígono vesical é a região triangular da bexiga, que é ligada pelos orifícios ureterais e pelo esfíncter uretral. É uma região sensível, lisa e plana e se a bexiga se enche, ela se expande também. O termo trigonite refere-se às alterações metaplásicas que ocorrem no trígono vesical. Descrito pela primeira vez por Heyman, em 1905, o distúrbio é mais comum em mulheres jovens e, felizmente, possui prognóstico benigno.

As alterações metaplásicas escamosas do trígono vesical podem ser observadas em cerca de 40% das mulheres em idade fértil.Em alguns casos temos achados histológicos de mullerianose (primeiramente descritas em 1966 por Clement and Young), onde células metaplásicas mullerianas são transformadas em células endometriais, desenvolvendo um tipo especial de endometriose.

Caso você tenha dores pélvicas constantes com piora ao urinar, procure um ginecologista ou urologista e insista na pesquisa de endometriose. A cirurgia é o tratamento de escolha no caso de endometriose das vias urinárias , mas só quem poderá fazer esta indicação é o médico que deverá ter uma equipe multidisciplinar para fazer esta abordagem.

Caso não seja tratada, a endometriose na bexiga e nas vias urinárias pode comprometer o bom funcionamento e trazer problemas irreversíveis. Um deles é a necrose asséptica dos rins decorrente de uma obstrução ureteral silenciosa por endometriose  que ao obstruir os ureteres provocam dilatação com perda renal definitiva.

Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular Fertilidade e Menopausa e Instituto Safe. Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.

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Endometriose e infertilidade: entendas as causas e os tratamentos

Endometriose e infertilidade: entendas as causas e os tratamentos

(Foto: Reprodução/Pexels)

Endometriose e infertilidade: entendas as causas e os tratamentos

Neste mês da conscientização da endometriose, o março amarelo, velhas perguntas recebem  novas respostas.

Endometriose é a presença de endométrio, glândula ou estroma (epitélio que reveste a cavidade interna do útero) fora do útero com característica inflamatória, evolutiva e estrogênio dependente que acomete uma em cada dez mulheres em idade reprodutiva.

A endometriose parece estar cada vez mais prevalente (número de casos existentes de uma doença em um dado momento, antigos e novos) o que gera um questionamento se o seu aumento seria decorrente de fatores de risco (mulher moderna que menstrua cada vez mais, retarda a gestação, amamenta menos e têm menos filhos), se estamos fazendo mais diagnósticos devido a melhora dos métodos propedêuticos ou ambos.

A endometriose tem como padrão ouro para se fazer o diagnóstico o procedimento cirúrgico (Laparoscopia) através da visualização e do estudo histopatológico das biópsia realizadas, embora nos dias de hoje o papel da cirurgia seja de confirmar, estadiar e tratar a doença adequadamente em um mesmo tempo cirúrgico.

Na prática percebo que a incidência (frequência com que surgem novos casos de uma doença num intervalo de tempo)  parece continuar a mesma, principalmente pela falta de trabalhos e meios diagnósticos não invasivos, baratos e reprodutíveis capazes de dizer o contrário.

Em contrapartida é visível no nosso dia a dia como a gravidade dos casos vêm aumentado com diagnósticos ainda tardios apesar de todas as tentativas em divulgar e conscientizar sobre a doença.

Se digitarmos hoje em um site de busca de artigos médicos (Pub med) a palavra endometriose e infertilidade, teremos mais de 1500 artigos disponíveis nos últimos 5 anos, pesquisas com objetivo de nos ajudar a dar novas respostas a velhas perguntas.

Endometriose e infertilidade: quais são as causas?

Existe uma relação positiva entre endometriose e infertilidade primária (mulher que nunca engravidou) em 26 a 39% dos casos. Se considerarmos infertilidade secundária (mulher que já engravidou), os valores são de 12 a 25% dos casos segundo dados da literatura quando afastada outras causas.

Endometriose e infertilidade: As mulheres modernas estão tendo mais dificuldade para engravidar devido a endometriose? Sim.

A endometriose está mais prevalente e em estágios mais avançados associado ao fato de que as mulheres estão tendo filhos mais velhas. A idade é o principal fator de risco para desenvolver endometriose e infertilidade.

A endometriose deve ser considerada como um problema sistêmico em relação às questões reprodutivas independente de onde esteja (doença peritoneal, infiltrativa retroperitônio, ovariana ou intestinal) estando presente em até 45% das mulheres inférteis no cenário atual.

Possíveis mecanismos de infertilidade provocado pela endometriose são a distorção anatômica, diminuição da reserva ovariana, baixa qualidade oocitária e embrionária, implantação deficiente, fluido peritoneal com altas concentrações de citocinas, fatores de crescimento com macrófagos ativados, efeito tóxico na função dos espermatozóides e na sobrevivência do embrião, expressão aberrante de genes no endometrio eutópico e ectópico.

A fertilização in vitro (FIV) tem melhorado as taxas de gravidez nestas mulheres? Sim.

Vários estudos mostram que apesar das pacientes com endometriose submetidas a  FIV apresentam piores taxas de fecundação, maior taxas de perdas gestacionais, menores taxas de implantação e taxa aumentada de complicações obstétricas (aumento nas taxas de trabalho de parto prematuro, ciur, pré-eclâmpsia,…) em relação às mulheres sem endometriose, a FIV otimiza e muito a gestação sem provocar perda de tempo, fator prognóstico importante neste processo.

Apesar dos grandes avanços nas técnicas de reprodução assistida os resultados nestes grupos de pacientes com endometriose continuam desafiadores com melhora apenas quando realizamos um bloqueio prolongado da doença por 3-6 meses com medicação (análogo do Gnrh) ou após a realização de uma cirurgia inicialmente ótima ou sub ótima.

O advento de novas tecnologias, a melhora das habilidades cirúrgicas têm ajudado as mulheres com endometriose a engravidar? Sim.

A cirurgia tem papel importante em tratar a endometriose, restabelecer a anatomia,  aliviar a dor e diminuir a resposta inflamatória provocada pela endometriose, otimizando a gravidez.

O acesso laparoscópico (robótico opcional), a melhora do treinamento dos cirurgiões, a formação de equipes cirúrgicas multidisciplinares e o melhor planejamento cirúrgico tem contribuído para o maior sucesso reprodutivo destas pacientes tratadas em relação às não tratadas, otimizando a gravidez em ciclos naturais e induzidos com eventual  ajuda da FIV.

Um artigo de revisão sistemática e metanálise recentemente publicado no JMIG no final de 2021 deixa claro que existem evidências suficientes para mostrar que a cirurgia da endometriose melhora os resultados antes da FIV, diferente do que vinha sendo difundido por especialistas.

Um dos segredos consiste em tentar não postergar a gravidez após realizar uma cirurgia, pois temos maior sucesso e menor recidiva em comparação às pacientes operadas que aguardaram alguns anos para engravidar.

O estadiamento da endometriose associado a fatores prognósticos como idade, reserva ovariana, paridade e fator masculino têm pesos diferentes mas ajudam na seleção daquelas pacientes que se beneficiaram mais rapidamente da reprodução assistida! 

Publicada no D.O.U dia 19.11.92-seção I, página 16053, as normas éticas para a utilização das técnicas de reprodução assistida  tem como um dos princípios gerais:

  “As técnicas de Reprodução Assistida (RA) têm o papel de auxiliar na resolução dos problemas de infertilidade humana, facilitando o processo de procriação quando outras terapêuticas tenham sido ineficazes ou ineficientes para a solução da situação atual de infertilidade”

Importante ressaltar ainda que a FIV não é tratamento de endometriose!

Ela é uma ferramenta muito importante na abordagem da infertilidade em pacientes com endometriose!

Apesar do aumento do número de clínicas de reprodução assistida os valores ainda são elevados (decorrente dos custos altos e dolarizados de alguns materiais e equipamentos além das muitas exigências para se manter uma clínica segundo as normativas da Anvisa) e os procedimentos não são contemplados pelos planos de saúde e muito menos pelo SUS.

Da mesma forma, precisamos pontuar que a gravidez também não é tratamento da endometriose. Algumas mulheres têm a doença controlada durante a gestação mas com riscos obstétricos elevados.

Alguns desses riscos são a placentação anômala, abortos espontâneos, pré-eclâmpsia, retardo de crescimento intra-uterino, placenta prévia, descolamento prematuro de placenta, hemorrágias anteparto, parto prematuro, ruptura uterina, cesariana, recém-nascido de baixo peso, natimorto e hemorragias pós-parto.

A mulher moderna hoje tem mais conhecimento devido a globalização e é muito mais exigente que a mulher do passado, exigindo cada vez mais dos profissionais resultados melhores.

Nós profissionais da saúde não temos obrigação de fim e sim de meio, ou seja, oferecer a melhor assistência à paciente com informações relevantes para que ela possa decidir a melhor forma e de alcançar seus objetivos de acordo com as evidências. 

No início tínhamos a medicina baseada em experiência que foi substituída nos últimos 30 anos pela medicina baseada em evidência que gradativamente vem sendo substituída pela medicina baseada em inteligência (juntar experiência com evidência e individualização).

Em um futuro próximo, a inteligência artificial (computador) vai nos ajudar a analisar todas as variáveis de uma pessoa, selecionando não necessariamente o melhor estudo com as melhores evidências e sim o que melhor atende aquela paciente de forma individualizada.

Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular fertilidade e menopausa e Instituto Safe. Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.

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Endometriose: da dor ao amor!

Endometriose: da dor ao amor!

Portadoras de endometriose: da dor ao amor

A busca pela cura começa com um correto entendimento da doença e de como ela pode ser afetada pela Epigenética. O especialista pode fazer a diferença

Você mulher, que ao longo da vida vem sentindo sintomas muito frequentes que lhe causam tantos transtornos, não só a você, mas a todos que consigo convivem, existe, não somente a esperança de se libertar de tanto sofrimento, mas encontrar tratamentos adequados que lhe promoverão a cura desta doença tão frequente, que é a endometriose.

No conceito médico universal, a “Endometriose é a presença de Endométrio, glândula ou estroma (epitélio que reveste a cavidade interna uterina), fora do Útero“, sendo uma doença enigmática que afeta 1 em cada 10 mulheres durante o menacme (anos menstruais), computada à mulher moderna, apesar de já citada milhares de anos A.C., com ênfase especial a Hipócrates, Pai da Medicina, 430 anos A.C., mas com alto índice de acometimento atual em virtude de uma vida atribulada e comprometida com diversos fatores que as conquistas femininas passaram a exigir dessas mulheres tão especiais, que são as suas portadoras.

Para melhor compreensão, importante saber que o Endométrio tem a finalidade de receber e nutrir o embrião, promovendo o desenvolvimento normal do feto e quando não ocorre fecundação, na ausência de gravidez é eliminado como menstruação, sendo renovado ciclicamente a cada mês, visando sempre a finalidade precípua a ele destinada, para renovação da vida.

Considerada “Uma desordem genética, poligênica e multifatorial”, não é mais uma doença local e sim uma doença sistêmica que pode acometer múltiplos órgãos e sistemas com consequências que extrapolam a visão de um problema não somente ginecológico, mas também multi e interdisciplinar.

A paciente pode apresentar os mais diversos tipos de dor e sintomas ao longo da vida, como cólicas menstruais invalidantes, sangramentos uterinos anormais, transtornos sexuais (dor na relação), dor pélvica crônica e aguda, síndromes somáticas (fibromialgia, fadiga crônica, intestino irritável, bexiga dolorosa), infecções, problemas intestinais (constipação, dor evacuar, …) e infertilidade.

Como se não bastasse, são submetidas a cirurgias mutiladoras, complicações obstétricas, tratamentos caros e onerosos de reprodução assistida que desencadeiam ou agravam transtornos psicoemocionais.

Durante o 6th WEC-Quebec-Canadá, 1998 (6°Congresso Mundial de Endometriose), primeiro evento mundial em que pai e filho estiveram juntos, fomos co-fundadores da primeira Sociedade Mundial de Endometriose (World Endometriosis Society).

Nesta mesma época criamos o primeiro Centro de Endometriose do Brasil, o CENDO, com objetivo de aliviar a dor das pacientes portadoras de endometriose e buscar a cura, na qual acreditamos, embora hoje ainda seja questionada.

Com mais de 50 anos dedicados ao estudo, pesquisa e tratamento da Endometriose, Dr. Jorge Safe criou o Perfil Psicológico próprio das Portadoras de Endometriose (vídeo), no qual mostra que as portadoras são mulheres perfeccionistas, personalistas, ansiosas, mas acima de tudo especiais, de grande fortaleza e sensíveis.

As portadoras de Endometriose podem ser assintomáticas e não desenvolverem a doença e terem uma vida normal, apesar de apresentarem uma tendência, o que chamamos de Epifenômeno. Epifenômeno (do grego, Epi = sobre, acima e Fenômeno, uma ocorrência natural; neste caso proveniente da menstruação através do fluxo retrógado).

Infelizmente, algumas mulheres acabam desenvolvendo a doença. Na busca pela cura desta doença, precisamos no dia-a-dia fazer um diagnóstico correto e instituir uma terapêutica adequada, buscando a Cura Física, estendendo à Cura da Alma ,através de orientações de vida para tal.

Para se fazer o diagnóstico amplo e adequado, é necessário conhecer e destacar múltiplos fatores da doença, como a Herança Genética, aliada a outros fatores determinantes, como o Familiar (maior incidência entre parentes de 1° grau, mãe e irmãs), o Biológico (Menarca que é a idade da primeira menstruação, fluxo e irregularidade menstrual) e o Sociocultural (ligado à educação, influência da presença dos pais através de exemplos, desejos transferidos e expectativas em relação à filha), importantes na Gênese, Desenvolvimento e Gravidade da doença.

Para que sejam conhecidos tais fatores, é necessária uma consulta médica especializada que, através de uma anamnese completa com perguntas e respostas entre o médico e a paciente e um exame físico adequado, irá permitir o diagnóstico clínico com grande segurança, ficando os exames complementares, como diz o próprio nome, para completar e auxiliar na conduta médica.

O tratamento deve ser individualizado para cada portadora, tomando muito cuidado para que o mesmo não leve a paciente a quadros de depressões e ansiedades, estas últimas já existentes previamente no dia-a-dia das portadoras de endometriose, sob três manifestações diferentes: hiperansiedades, sofrimento antes de fazer as coisas e querer fazer tudo rápido, perfeito sem delegar a ninguém.

A busca do equilíbrio entre o corpo e a mente se faz fundamental. Como Hippocratis dizia, a mais de 400 anos antes de Cristo, “Na arte da medicina não temos como separar o doente do médico e da doença. Para isso precisamos deixar o passado, diagnosticar o presente e profetizar o futuro”.

Desta forma, precisamos saber indicar e realizar uma cirurgia minimamente invasiva, nem muito precoce e nem muito tardia, sendo radical apenas para com a Endometriose.

Neste contexto, ainda é importante saber definir o melhor tratamento medicamentoso associado: seja de primeira linha (sem cirurgia) ou segunda linha (após cirurgia), sempre estimulando medidas de proteção contra o desenvolvimento da doença (uso especial de contracepção, estímulo ao parto normal, aleitamento materno …)

As pacientes precisam acreditar, como nós acreditamos, em uma nova vida, com os filhos desejados, realização profissional e sexual, qualidade de vida, podendo até mesmo fazer TRH (Terapia de reposição hormonal), se indicado, transformando o sofrimento (DOR) em felicidade plena de viver (AMOR)!

Teste realizado por 2 gerações de especialistas em endometriose

O Dr Jorge Safe, dedica-se há várias décadas ao estudo, pesquisa e tratamento da Endometriose, tendo sido pioneiro na abordagem da doença por microcirurgia, sempre com uma atenção especial em individualizar cada caso e tratar de forma humanitária a Endometriose dessas mulheres tão especiais! Autor do “PERFIL PSICOLÓGICO DAS PORTADORAS DE ENDOMETRIOSE”, autor do livro dedicado à vida feminina: “CHEIRO DE MULHER”, Membro titular da ACADEMIA MINEIRA DE MEDICINA entre outras várias atividades.

Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular fertilidade e menopausa e Instituto Safe. Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.

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