(foto: Pixabay)

Culpar o mioma uterino parece oportuno mas não adequado, pois a retirada do útero pode não resolver todos os problemas femininos, como muitos pensam!

O mioma é um problema de saúde pública decorrente dos elevados custos financeiros (bilhões de dólares nos Estados Unidos) pelas internações,  cirurgias de retirada dos miomas (miomectomia) e cirurgias de retirada do útero (histerectomia).

O mioma conceitualmente é um tumor sólido, benigno, monoclonal, que se origina no miométrio e é constituído de células de musculatura lisa, com predomínio de tecido fibroblástico conectivo.

Embora não esteja claro para muitas pessoas, o mioma nasce mioma e o câncer nasce de um câncer a partir de uma célula do útero ou do próprio mioma.

Neste caso, o câncer chama-se leiomiossarcoma e tem uma chance de ocorrer em até 1/10000 mulheres.

A incidência do mioma varia em função da idade e da raça, sendo estimada em 60% e 80% nas mulheres negras aos 35 anos e aos 50 anos, respectivamente. Já nas mulheres de raça branca, ele acomete 40% aos 35 anos e 70% aos 50 anos de idade.

Os miomas apresentam um contexto heredo-familiar com iniciação devido a fatores genéticos juntamente com fatores hormonais responsáveis pelo seu crescimento.

Os principais sintomas o mioma uterino, são:

  • O sangramento uterino anormal (SUA), 
  • a dor por isquemia (torção, degeneração aguda) ou; 
  • compressão de estruturas (bexiga, ureter, intestino e plexos nervosos) 

São os principais sintomas em função da localização, da quantidade e do tamanho dos miomas.

A incidência de mioma isolado em mulheres inférteis sem uma causa óbvia de infertilidade é estimada em apenas 1 a 2.4%, gerando alguns questionamentos:

– Se encontrarmos um mioma em uma mulher infértil, podemos concluir que existe uma relação direta entre estes problemas?

– Será que melhoramos a fertilidade removendo o mioma?

Sim! Existem alguns fundamentos científicos – apesar de o mioma estar associado a vários problemas -, que também provocam infertilidade, como endometriose, adenomiose, fator ovulatório, fator tubário e o fator masculino, que dificultam esta análise isolada.

Como é realizado o diagnóstico dos miomas?

O diagnóstico pode ser confirmado através de exames complementares, como o ultra-som (US), a histerossalpingografia (HSG) nos casos de infertilidade, a histerossonografia, a ressonância nuclear magnética (RNM) e a histeroscopia, que vão nos ajudar a definir o tamanho e a localização.

Em relação aos exames de diagnóstico, podemos fazer uma analogia do útero com uma casa.

Quando entramos pela porta da frente estamos fazendo uma histeroscopia; quando olhamos a casa pela janela estamos fazendo uma HSG; quando estamos avaliando a estrutura, encanamentos, estamos fazendo um US; e, por último, a RNM, ao mostrar tecidos e órgãos adjacentes, estaria analisando também o terreno onde se encontra a casa.

Difícil de acreditar mas a maior parte das pacientes com miomas é assintomática, sendo frequentes os achados de rotina em exames de US. Eles acabam se tornando o bode expiatório de alguns sintomas ginecológicos.

A histerectomia por miomatose continua sendo umas das cirurgias mais realizadas, apesar do surgimento de terapias medicamentosas, novas tecnologias, novas técnicas cirúrgicas e, principalmente, o advento da cirurgia robótica, que vem facilitando a conservação de úteros muito volumosos já condenados.

O útero apenas obedece às ordens dadas pelos ovários, muitas vezes os verdadeiros culpados! Desta forma precisamos bloquear os ovários ao invés de retirá-los juntamente com o útero.

Se você possui um mioma e deseja ter filhos, ou preservar o seu útero, procure uma segunda opinião antes de se submeter a uma cirurgia radical.

Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular fertilidade e menopausa e Instituto Safe. Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.

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