Ômega 3, preciso suplementar?

Ômega 3, preciso suplementar?

Ômega 3, preciso suplementar?

A suplementação do ômega 3 ajuda a prevenir uma série de doenças quando utilizado pela mãe na gestação e amamentação.

O ômega 3 ainda é capaz de amenizar vários problemas causados pelo estilo de vida estressante da atualidade que desencadeiam processos inflamatórios e que são agravados pela poluição, estresse, má alimentação, sedentarismo e obesidade.

Muitos médicos e pesquisadores são unânimes ao afirmar que índices inadequados do nutriente no organismo estão relacionados a doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer, doenças degenerativas, doenças oculares, problemas cognitivos e de saúde mental, entre outras.

O interesse na pesquisa sobre os benefícios do ômega 3 começou em 1971, após um estudo epidemiológico que observou baixas taxas de doenças cardiovasculares nos povos Inuítes da Groenlândia e em outras populações que consomem peixes regularmente, como os japoneses.

O ômega 3 pode ser entendido como um tipo de lipídio presente na família das gorduras poli-saturadas (mais saudáveis) existentes em 3 tipos principais.

O ácido docosahexaenoico (DHA) é encontrado principalmente nos peixes de águas geladas enquanto o ácido alfa-linolênico (ALA) está presente nas gorduras de fonte vegetal encontrada na linhaça, chia e oleaginosas (castanhas), além de algas. O ácido estearidônico está presente nos óleos de prímula, borragem, echium em forma de suplementos apenas..

O nosso organismo não é capaz de produzir sozinho este tipo de ácido graxo, por isso, sua ingestão é necessária por meio de alimentos ou suplementação.

Os estudos mostram que, assim como o ômega 3, o ômega 6 é uma gordura poliinsaturada, essencial e oferece benefícios à saúde como a diminuição do colesterol LDL (o colesterol “ruim”), redução da inflamação e proteção contra doenças cardíacas.

Além do ômega 3, existem outros tipos de lipídios importantes para a saúde e que muita gente tem dúvidas sobre sua atuação, como o Ômega-7 que é um ácido graxo ainda pouco estudado na medicina ou divulgado na mídia. Ele é um tipo de gordura produzido pelo nosso organismo, mas que também pode ser encontrado no óleo de coco, nas nozes de macadâmia e em alguns peixes.

O Ômega-9 pode ser produzido pelo nosso organismo e não se encontra em falta nas dietas ocidentais sendo importante para o equilíbrio do colesterol e a prevenção de doenças cardiovasculares.

Quanto tempo preciso tomar o ômega 3?

De uma forma geral, são necessários aproximadamente 120 dias de consumo de ômega 3 para que o corpo atinja os níveis ideais.

A principal fonte natural de ômega 3 está presente no óleo encontrado em peixes de águas mais profundas e geladas e em alguns vegetais. (arenque, sardinha, salmão, atum, bacalhau, linguado, pescadinha, anchova, corvina, linhaça (semente e óleo), chia, nozes e castanhas).

Segundo orientações da Organização Mundial da Saúde, não há uma indicação específica sobre a quantidade a ser ingerida por pessoa. 

Alguns estudos sugerem que um valor de aproximadamente 500 mg/dia em EPA e DHA seria o suficiente para obtermos seus benefícios.

Acredita-se que uma ou duas porções de peixe por semana seria adequado, bem como a ingestão diária de chia ou linhaça na alimentação das pessoas que são vegetarianas.

Vale lembrar que o peixe deve ser refogado, grelhado ou assado. As opções fritas diminuem consideravelmente a quantidade de ômega 3.

Embora as sementes inteiras de linhaça ou de chia contenham ômega 3 em sua composição, o nutriente fica preso dentro da estrutura fibrosa da semente, a qual não conseguimos triturar na mastigação ou digerir por completo sendo importante consumir as sementes na forma de óleo ou na forma de farinha (sementes moídas no momento do consumo, pois essa biodisponibilidade é afetada pela luz e pelo calor). 

Diante da eventual necessidade de armazenamento, colocar em um recipiente escuro e em ambiente refrigerado, por no máximo 15 dias.

A necessidade de suplementação só é válida quando não é possível obter boas quantidades por meio da alimentação sendo recomendado que você tome o suplemento de ômega junto com as refeições principais (entre 30 minutos antes e 30 minutos depois), pois nesse intervalo, o suplemento será metabolizado junto com os alimentos e você evita o refluxo e o “gosto de peixe”eventual.

Quando ingerimos ômega 3 em nossa dieta, essas gorduras conseguem atuar de forma precisa na elaboração da camada lipídica em torno das células. Com isso, as membranas celulares ficam cobertas por este importantes ácidos e suas funções ocorrem de forma muito melhor em nosso corpo.

As gorduras ômega 3 também são precursoras de moléculas sinalizadoras, que agem como hormônios, e que regulam a coagulação do sangue, a contração e o relaxamento das paredes das artérias, a inflamação e por isso está associada a prevenção de diversas patologias.

Os níveis de DHA são mais elevados nas células dos espermatozoides, da retina e do cérebro, motivo pelo qual seu consumo está associado à prevenção de doenças neurodegenerativas.

Quais são os benefícios?

Dentre os benefícios do Ômega temos a redução dos triglicerídeos do sangue, que é um tipo de gordura armazenada associada ao aumento de coágulos, a redução do ritmo cardíaco anormal e a incidência de AVCs nos pacientes. 

Temos ainda o retardo do acúmulo de placas que enrijece as artérias associado a uma diminuição da pressão arterial  além da capacidade de combater a depressão e doença de Parkinson. 

Existem ainda benefícios do ômega 3 em casos de asma, dismenorréia, eczema, lúpus, pré-eclâmpsia, síndrome nefrótica, esquizofrenia e colite ulcerativa.

O ômega 3 ajuda no combate à obesidade devido à sua ação anti-inflamatória, melhora na recuperação muscular e no rendimento para quem faz exercícios de alta intensidade.

A suplementação com ômega durante a gravidez traz benefícios como prevenir depressão materna; reduzir o risco de pré-eclâmpsia; reduzir os casos de parto prematuro; reduzir o risco de baixo peso no bebê; reduzir o risco de desenvolvimento de autismo, TDAH ou transtornos de aprendizagem na criança; reduzir o risco de alergias e asma nas crianças e melhorar o desenvolvimento neurocognitivo.

A suplementação com ômega 3 também pode ser efetuada durante a fase da amamentação para suprir as necessidades nutricionais da mãe e do filho, mas sempre de acordo com orientação médica.

A ingestão de doses muito acima de 3g/dia podem causar efeitos colaterais leves como mau hálito, azia, náuseas, desconforto estomacal, diarreia, dor de cabeça e suor malcheiroso ou graves como problemas de sangramento e baixa imunidade. ( Os suplementos de ômega-3 podem interagir com medicamentos anticoagulantes). 

A suplementação quando necessária deve ser feita de acordo com as orientações de um médico para a obtenção de bons resultados.

Como ainda não existe uma indicação universal para o uso deste tipo de suplemento fora da gestação, o ideal é que o paciente consulte um médico para fazer exames específicos e avaliar as taxas do organismo indicando uma suplementação combinando as diferentes fontes de ômega 3 que geram equilíbrio e benefícios para a saúde. 

Não está claro se temos benefícios simplesmente por comer alimentos ricos em ômega 3 mas com certeza uma vida saudável precisa ser adicionada com a prática regular de exercícios físicos e um manejo correto do estresse.

Leia também: Já se sentiu anestesiado com dificuldades em ter prazer?

Sobre nós

Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular Fertilidade e Menopausa e Instituto Safe. Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.

Se você tem dúvidas ou quer sugerir temas para a coluna, envie e-mail para gustavo_safe@yahoo.com

Siga o Centro Avançado em Endometriose nas redes sociais para ver informações e dicas sobre a saúde da mulher.

Já se sentiu anestesiado com dificuldades em ter prazer?

Já se sentiu anestesiado com dificuldades em ter prazer?

Já se sentiu anestesiado com dificuldades em ter prazer?

A Anedonia pode ser a resposta para alguns dos sintomas a seguir.

Estamos chegando ao final de mais um ano e uma análise retrospectiva se faz necessária para que possamos seguir em frente na busca do equilíbrio e do prazer.

Percebo que este ano de 2022 teve de tudo um pouco. Ômicron, novo normal, pós-Covid, crise nos EUA e Europa agravada pela guerra na Ucrânia, incertezas no Brasil que viveu e vive um período muito conturbado (inflação, eleição,…) sem esquecer dos problemas corriqueiros da vida.

No dicionário o prazer é conceituado como uma sensação ou emoção agradável, ligada à satisfação de uma vontade, uma necessidade, do exercício harmonioso das atividades vitais.

Ao longo deste ano, algumas queixas ficaram mais frequentes na minha clínica como o cansaço excessivo, alterações no sono, perda de concentração, alterações na libido e perda de interesse pela vida.

Inicialmente, pensamos em quadros de depressão e ansiedade decorrente do estresse ocorrido apesar da estranheza de ver que a grande maioria desses pacientes encontravam-se bem controladas e acompanhadas por bons profissionais da área.

De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a anedonia atinge cerca de 70% dos pacientes com depressão. 

O que é anedonia?

Anedonia é a perda da satisfação e interesse em realizar as atividades do dia a dia, como tomar um café com os amigos, passear com o cachorro, levar os filhos num passeio diferente, fazer um exercício físico que antes eram consideradas agradáveis. 

Importante não confundir com a apatia que é a diminuição da excitabilidade emocional.

Por se tratar de um sintoma e não um transtorno, pode ser tratada e curada

Na maioria dos casos, o tratamento tem como foco a doença de base, como a depressão ou desordem psiquiátrica.

Apesar da doença ser muito comum em pacientes com depressão, nem sempre uma pessoa deprimida apresentará os sintomas. 

Ela pode acometer usuários de drogas e álcool, sobretudo durante as crises de abstinência, e também quem sofre de esquizofrenia, neurastenia, Mal de Parkinson, câncer, estresse pós-traumático, distúrbios alimentares e transtornos de ansiedade. 

O uso de medicamentos, como antidepressivos e antipsicóticos usados para o tratamento da depressão, também podem ser uma causa.

No Brasil, a anedonia afeta mais de 11,5 milhões (ou 5,8% da população). Só na capital paulista, estima-se que 18% dos moradores já tiveram um episódio de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O diagnóstico deve ser realizado por médicos e especialistas que utilizam escalas de avaliação da anedonia, como a de Fawcet (escala de prazer/desprazer) e a Escala de Avaliação dos Sintomas Negativos (Andreasen, 1981). É comum em escalas de depressão (Beck) conterem itens sobre o tema.

Quais são os sintomas?

Os principais sintomas da anedonia são:

  • a perda de interesse por atividades que se realizava anteriormente;
  • dificuldades de concentração;
  • alterações do sono, podendo haver insônia ou sono excessivo;
  • e a diminuição ou perda da libido.

A anedonia pode ser classificada em dois tipos — social ou física

No social, o paciente tem desinteresse no contato com a sociedade ou em realizar atividades com outras pessoas. 

Já no físico, a pessoa apresenta uma indiferença em relação a si mesmo com uma incapacidade de sentir prazer no toque, contato íntimo ou em comer.

O indivíduo parece estar emocionalmente vazio, anestesiado, congelado, sem sofrer alterações de humor, independentemente do que aconteça ao seu redor. 

A anedonia está associada com baixos níveis de monoaminas no sistema nervoso, como a serotonina, dopamina, adrenalina e noradrenalina, mas principalmente ocorre uma disfunção Dopaminérgica e Noradrenérgica. 

Qual o tratamento?

O tratamento dependerá da intensidade do sintoma e a associação com outros possíveis sintomas de depressão. 

Se a anedonia for predominante, uma opção de tratamento farmacoterápico são os inibidores seletivos da recaptação de dopamina e noradrenalina (IRND), como buropropiona e mirtazapina. 

Tanto a terapia cognitivo-comportamental ou terapia analítico-comportamental podem ser auxiliares do tratamento medicamentoso. 

Sem a discriminação de reforço positivo é esperado que vários comportamentos saudáveis entrem em extinção e o indivíduo passe a ser controlado principalmente por reforço negativo (evitar sofrimento) e por punição.

Uma pessoa com anedonia em geral dificilmente adere ao processo terapêutico, por isso é importante a participação da rede social (família e amigos).

Ainda, é importante se preocupar com a rotina do paciente, estimulando uma rotina saudável incluindo:

  • boa alimentação;
  • atividade física constante; 
  • sono regular;
  • e momentos de lazer. 

Técnicas de relaxamento e respiração (yoga, mindfulness), acupuntura e massagens também são alternativas recomendadas, pois ajudam a acalmar a mente, diminuindo os pensamentos negativos. Além disso, dão mais disposição e proporcionam a melhora da saúde como um todo.

O acompanhamento médico deve ser feito regularmente, de forma a identificar possíveis efeitos colaterais causados pelos medicamentos e de forma a ajustar a dose, para que se obtenham melhores resultados em relação à anedonia.

Leia também: Meditação e mindfulness na endometriose

Sobre nós

Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular Fertilidade e Menopausa e Instituto Safe. Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.

Se você tem dúvidas ou quer sugerir temas para a coluna, envie e-mail para gustavo_safe@yahoo.com

Siga o Centro Avançado em Endometriose nas redes sociais para ver informações e dicas sobre a saúde da mulher.

Medicina regenerativa e saúde reprodutiva

Medicina regenerativa e saúde reprodutiva

Medicina regenerativa e saúde reprodutiva

A medicina regenerativa (MR) é uma área emergente da medicina com uma atuação diferente da medicina clínica que prioriza o tratamento dos sintomas.

Na MR os fatores de crescimento obtidos a partir do plasma sanguíneo da própria paciente são aplicados no endométrio ou nos ovários com o objetivo de regenerá-los e melhorar os resultados reprodutivos.

A Medicina Regenerativa nasceu no ano de 1997 com o uso do plasma rico em plaquetas (PRP) que é a parte líquida do sangue que contém grande quantidade de plaquetas na cola de fibrina.  

As plaquetas são pequenos fragmentos de células produzidas na medula óssea e tem a função de controlar o sangramento (coagulação) por meio da produção de substâncias (fatores de crescimento e citocinas) e da formação de novos tecidos e vasos sanguíneos.

A partir deste “efeito regenerativo” de tecidos e formação de novos vasos sanguíneos (neovascularização), o PRP passou a ser investigado em diferentes áreas da medicina.

A medicina regenerativa reúne especialistas em áreas médicas como a odontologia, a traumatologia, a oftalmologia, a medicina estética, a cirurgia plástica,  a ortopedia e, mais recentemente, a ginecologia (reprodução humana).

As áreas da biologia, química, ciência da computação, engenharia, genética e robótica também ajudam neste processo de busca de soluções para alguns problemas médicos desafiadores enfrentados pela humanidade na busca da cura e auto regeneração.

O que é medicina regenerativa?

A medicina regenerativa se baseia no emprego de células-tronco com potencial de diferenciação multipotente e/ou produtos biológicos como o PRP.

O uso de células tronco embrionárias possibilita reparar ou substituir células, tecidos ou órgãos danificados por alguma doença, trauma ou problemas congênitos. 

O plasma rico em fatores de crescimento (PRGF), tem uma alta eficácia e segurança, trazendo riscos mínimos para a paciente. 

É um processo autólogo (quando se utiliza tecido ou órgão do próprio indivíduo), que não apresenta problemas de incompatibilidade. 

Trata de uma técnica indolor, rápida, segura e com relativas garantias de sucesso que trazem uma nova esperança para algumas mulheres.

A redução da quantidade de óvulos com o avanço da idade, o endométrio fino e as falhas repetidas no tratamento de reprodução assistida são alguns dos cenários que podem tornar a jornada da mulher tentante longa e desgastante. 

Estes desafios estimulam a ciência a trabalhar constantemente para desenvolver técnicas que possam melhorar os resultados e garantir o nascimento de um bebê!

Vários experimentos com o PRGF vem ganhando espaço na medicina reprodutiva com resultados iniciais promissores, principalmente no tratamento de casos de endométrio refratário (quando não atinge uma espessura necessária para hospedar uma gravidez), falência ovariana prematura e baixa reserva ovariana.

Sabemos que as condições endometriais ideais são necessárias para a implantação do embrião, podendo afetar o resultado de um ciclo de fertilização in vitro (FIV).

O endométrio é a mucosa que recobre a parede interna do útero com o objetivo de fornecer proteção contínua contra patógenos que tenham acesso à cavidade uterina, ao mesmo tempo em que permite a implantação embrionária, um evento único e crucial para a continuação da espécie em mamíferos

Ele é formado por vasos sanguíneos e glândulas que são estimuladas pelos hormônios ovarianos (o estrogênio e a progesterona). Ao longo do ciclo feminino, sua espessura e vascularização passam por alterações. 

Logo após a menstruação o endométrio encontra-se totalmente descamado e pronto para aumentar de tamanho, esta fase chama-se proliferativa, e nesse período o estrogênio promove a liberação de células que aumentam sua espessura, assim como os vasos sanguíneos e as glândulas exócrinas.

Na fase secretora, que acontece durante o período fértil, o estrogênio e a progesterona irão fazer com que o endométrio tenha todos os nutrientes necessários para a implantação e nutrição do embrião. 

Caso não ocorra a fecundação, esse tecido irá diminuir de espessura devido a queda brusca de hormônios na corrente sanguínea dando origem ao sangramento que conhecemos por menstruação. 

A principal causa do endométrio fino é a falta de progesterona, mas isso também pode acontecer devido ao uso de anticoncepcionais, útero infantil, infecção e lesões após aborto ou curetagem.

Na área da reprodução humana assistida, o momento entre a ovulação e os cinco dias subsequentes é conhecido como janela de implantação.

Para medir sua espessura, assim como avaliar as condições anatômicas do endométrio, é necessário fazer um ultrassom transvaginal. Se o endométrio for considerado fino, é necessário adequar um nova estratégia para prepará-lo para a implantação.

Nesse caso, o preparo endometrial é feito com o uso de medicamentos hormonais, à base de estrogênio na primeira fase e progesterona no período final. Com eles, consegue-se induzir o espessamento do endométrio, deixando-o em condições ideais para o desenvolvimento embrionário.

Além do US, o endométrio também pode ser avaliado por meio de exames ginecológicos a histeroscopia e a ressonância magnética, por exemplo, em que o ginecologista verifica se há algum sinal de doença ou alteração nesse tecido. 

A endometrite crônica (EC) é uma doença que, apesar de ainda pouco investigada, tem sido associada a resultados reprodutivos desfavoráveis. 

Estudos têm mostrado que a EC pode prejudicar a receptividade endometrial, levando a falhas de implantação e perdas gestacionais recorrentes.

Através de biópsias de endométrio, você pode ter uma visão completa da saúde endometrial aumentando as chances de sucesso em um tratamento de reprodução humana assistida. 

Os testes EndoméTRIO é constituídos pelo EMMA que determinará se o ambiente microbiano uterino é ideal ou não para a implantação embrionária, pelo ALICE que fornecerá uma lista com os antibióticos e probióticos recomendados na vigência de uma endometrite e pelo ERA que vai avaliar a janela de implantação orientando a transferência em pacientes com repetidas falhas de implantação.

Alguns pacientes com as alterações acima podem se beneficiar do tratamento IVI RENOVA (PRP).

Ele tem o objetivo de regenerar o endométrio da mulher, permitindo que o endométrio alcance a espessura necessária para favorecer a implantação do embrião.

O uso do PRP dentro da cavidade do útero parece aumentar o aporte sanguíneo para o endométrio e, consequentemente, sua espessura melhorando os resultados da FIV embora ainda precise ser validada com estudos científicos de peso e com um maior número de pessoas.

No endométrio, o PRP é aplicado através de um cateter (semelhante ao cateter da inseminação artificial ou da transferência embrionária) dentro da cavidade uterina a partir do oitavo dia do ciclo e pode ser repetido até a transferência embrionária.

Mas, não pense que o papel do endométrio para engravidar termina aí. É importante ressaltar que, ao deixá-lo com uma espessura adequada, previne-se uma série de complicações obstétricas, tais como a placenta acreta (implantação anormal), o descolamento placentário, a pré-eclâmpsia, aprematuridade e o crescimento intra uterino retardado entre outras.

A medicina regenerativa pode ajudar ainda as pacientes diagnosticadas com falência ovariana prematura (menopausa precoce ou antecipada – abaixo dos 40 e 50 anos respectivamente) ou mulheres com baixa reserva ovariana, onde a escassez de folículos que podem responder à estimulação ovariana resulta em baixo desempenho oocitário e alta taxa de cancelamento do ciclo após o tratamento de reprodução assistida.

A injeção de plasma enriquecido com fatores de crescimento no ovário pode permitir a restauração e reparação dos processos fisiológicos que afetam o recrutamento folicular, auxiliando na recuperação da função ovariana.

Como é realizado?

A técnica é realizada em duas fases onde após a coleta de sangue periférico que é centrifugado para a separação das células brancas, vermelhas, plasma e das plaquetas é realizado uma aplicação do PRP nos ovários por via cirúrgica ou não cirúrgica (guiada por ultrassonografia, como se fosse a punção para coleta de óvulos na FIV).

Um estudo realizado na Grécia com mulheres que apresentavam baixa reserva ovariana demonstrou redução dos níveis de FSH (67,3%), aumento do nível do AMH (75,2%) com uma gestação espontânea e um nascimento. 

Um novo artigo demonstrou resultados ainda mais promissores através da aplicação por meio da punção ovariana por, no mínimo, dois meses (uma aplicação/mês) da restauração da menstruação, melhoria do FSH, AMH e contagem de folículos em até 60% das pacientes.

O IVI, maior centro de reprodução assistida do Mundo, inaugurou em 2021 uma unidade de regeneração ovariana em Alicante, na Espanha, que promete trazer dados animadores.

Esses dados preliminares demonstram que o PRP é uma técnica promissora para mulheres com baixa reserva ovariana, mas que ainda é considerada experimental, necessitando ter sua segurança e benefício comprovados.

O acompanhamento médico é essencial para evitar complicações de cada doença, manter a saúde uterina  e ovariana, além de aumentar as chances de gravidez.

Embora a MR seja promissora na reprodução assistida, ela ainda é considerada experimental para rejuvenescimento ovariano, podendo ser indicada em alguns casos selecionados de endométrio fino após avaliação médica especializada.

Leia também: Infertilidade: Tratamento para todos

Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular Fertilidade e Menopausa e Instituto Safe. Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.

Se você tem dúvidas ou quer sugerir temas para a coluna, envie e-mail para gustavo_safe@yahoo.com

Siga o Centro Avançado em Endometriose nas redes sociais para ver informações e dicas sobre a saúde da mulher.

Olá! Precisa de ajuda?