A prolactina e sua importância na vida da mulher

A prolactina e sua importância na vida da mulher

(Aumento da PRL -hiperprolactinemia- está diretamente relacionada ao aleitamento em pacientes grávidas / foto: Pexels)

A prolactina tem importante papel não só na mama, influenciando o controle do ciclo menstrual, da fertilidade, do diabetes e da obesidade

A prolactina (abreviada como “PRL”) é um hormônio secretado pelas células lactotróficas da hipófise anterior e tem como principal função estimular a produção de leite pelas glândulas mamárias e promover o desenvolvimento das mamas. 

A PRL foi descoberta pelo endocrinologista canadense Dr Henry Friesen em 1960, e faz parte da família das somatotropinas (hormônio do crescimento).

Está presente na circulação nas formas de um monômero com 199 aminoácidos e peso molecular de 23 kDa (little prolactina) e de um dímero com peso molecular em torno de 45 kDa (big  prolactina) que podem coexistir no mesmo indivíduo. 

A macroprolactina é uma forma de alto peso molecular com 150 – 170 kDa (big big prolactina), que geralmente corresponde ao complexo antígeno-anticorpo formado pela prolactina de peso molecular 23 kDa e a imunoglobulina IgG. 

Cerca de 80-90% da PRL total presente no sangue dos indivíduos normais e de pacientes com prolactinoma, está na forma monomérica com peso molecular de 23 kDa e apenas 10% do total estão na forma big e big big prolactina.

O aumento da PRL (hiperprolactinemia) está diretamente relacionada ao aleitamento em pacientes grávidas e puérperas, mas seu aumento pode trazer outras repercussões fora deste período.

Quando o soro do paciente apresenta um predomínio da forma big big prolactina, o achado é denominado de macroprolactinemia.

Sua principal função consiste em regular o desenvolvimento e diferenciação da glândula mamária (efeito mamogênico) durante a gestação e estimular a lactação no período pós-parto (efeitos lactogênicos e galactopoéticos). 

A PRL é predominantemente produzida e secretada pelos lactotrófos hipofisários, cujo número aumenta radicalmente ao final da gestação mas pode ter fontes extra-pituitárias de liberação no cérebro, glândula mamária, fibroblastos cutâneos, placenta, decídua, âmnio, útero, entre outros. 

O estriol é o principal estimulante na secreção de PRL, e seus níveis estão muito maiores na gestação, justificando a hiperprolactinemia fisiológica que ocorre neste período onde o efeito lactogênico da PRL é inibido pela progesterona e pelo próprio estrogênio, de modo que este hormônio atua apenas no desenvolvimento mamário. 

Outros hormônios estão envolvidos na secreção de prolactina, sendo os principais o hormônio liberador de tireotrofina (TRH), a serotonina, o peptídeo intestinal vasoativo, a vasopressina, a insulina, glicocorticóides e a ocitocina que é responsável pela ejeção do leite além de manter o útero contraído (através da sucção).

A amamentação noturna é essencial para a promoção da lactogênese!

Por outro lado, a dopamina é o principal inibidor da liberação da PRL junto com a noradrenalina, somatostatina, histamina, óxido nítrico, ácido gama-aminobutírico, mantendo o equilíbrio da secreção desse hormônio. 

Existem evidências, ainda, que a PRL atua no metabolismo da glucose sendo responsável por ações insulinotrópicas, incluindo a sobre regulação da expressão e atividade glucokinase  (enzima que metaboliza a glicose nas células). 

No tecido adiposo a PRL está envolvida em muitos processos  abrangendo a adipogênese, a lipólise e a liberação de adipocinas, como a adiponectina e a leptina. 

A hiperprolactinemia parece influenciar no desenvolvimento de distúrbios como a diabetes mellitus e a obesidade

É importante destacar que a PRL alta pode ser desencadeada por inúmeros fatores, como o estresse, uso de remédios que tenham efeitos sobre a hipófise, como os anticoncepcionais, doenças renais, doenças da parede torácica ou que acometem os sistema nervoso central, tumor na hipófise, gravidez e os antidepressivos tricíclicos (antagonistas da dopamina).

Ao se deparar com o aumento nos níveis de PRL na ausência de sintomas compatíveis com hiperprolactinemia, é preciso suspeitar da presença de macroprolactina. 

Em até 25% dos casos de hiperprolactinemia, a forma circulante principal é a macroprolactina, que se denomina macroprolactinemia

Para descobrir se a hiperprolactinemia se dá às custas de prolactina ou de macroprolactina, é feito um teste específico que mostra os seguintes resultados:

Hiperprolactinemia verdadeira (forma monomérica) – recuperação > 65% da quantidade de prolactina inicial

Resultado inconclusivo – recuperação entre 30 e 65%

Presença de macroprolactina – recuperação < 30% da forma monomérica, isto é, aproximadamente 70% da dosagem de prolactina inicial foi às custas da macroprolactina

Uma das causas patológicas de hiperprolactinemia incluem as doenças hipotálamo-hipofisária como os adenomas.

As causas do adenoma hipofisário ainda são desconhecidas, no entanto alguns estudos mostram que este tipo de tumor pode ocorrer por alterações no DNA das células.

  1.  Adenoma lactotrófico tem como característica a hiperprolactinemia que é o aumento do hormônio prolactina, cujo o principal sintoma é a produção de leite nas mamas de mulheres que não estão em fase de amamentação, além da  diminuição do apetite sexual, infertilidade, alterações menstruais.
  2.  Adenoma somatotrófico caracteriza-se pelo aumento da produção do hormônio do crescimento e pode causar uma condição conhecida como acromegalia, em adultos, ou gigantismo, em crianças.
  3.  Adenoma corticotrófico relaciona-se ao aumento da produção do hormônio cortisol que é responsável por causar a síndrome de Cushing.
  4.  Adenoma gonadotrófico está relacionado com o aumento da produção de hormônios que controlam a ovulação em mulheres, mas não apresenta sintomas específicos.
  5.  Adenoma tireotrófico é um tipo de adenoma hipofisário em que há aumento da produção dos hormônios da tireóide o que pode provocar hipertireoidismo.
  6.  Adenoma não secretor é um tipo de adenoma hipofisário que não interfere na produção de hormônios, não causando aumento de hormônios e geralmente não apresenta sintomas. Porém, se o adenoma continuar crescendo, pode causar pressão sobre a hipófise e resultar em alterações hormonais.

Para detectar os níveis de PRL, o médico especialista observa o histórico da paciente e solicita exames de sangue convencionais, que, por sua vez, medem a dosagem da prolactina no sangue.

Os valores de referência considerados normais são de até 29 ng/mL no sangue.  Valores acima de 100 ng/mL sugerem o quadro de prolactinoma (tumor da hipófise).

Prolactinomas são a causa mais frequente de hiperprolactinemia patológica, causada por um tumor dos lactotróficos. Representa cerca de 60% de todos tumores hipofisários e mais de 75% dos adenomas hipofisários em mulheres. As mulheres têm vinte vezes mais desses tumores que os homens. 

Cerca de 50% das mulheres têm galactorréia(saída de leite do peito) com possibilidade de redução da densidade óssea por redução dos hormônios sexuais (testosterona e estrógeno) com aumento do risco de fraturas ósseas.

Quanto ao tamanho, esses tumores são divididos em microprolactinoma se menor que 10mm e macroprolactinoma se igual ou acima de 10mm.

Níveis séricos de prolactina até 250 ng/mL são compatíveis com macroprolactinomas, e maiores que isso, sugerem macroprolactinomas. 

Apesar das flutuações que podem ocorrer em indivíduos normais, sugere-se que se realize a pesquisa da macroprolactina nos casos de hiperprolactinemia, estabelecendo um valor de corte em torno do dobro do valor normal. 

Uma pessoa com níveis elevados de PRL sérica, não apresenta sintomas típicos de hiperprolactinemia e/ou ressonância magnética com evidências de tumor hipofisário, suspeita-se da ocorrência de macroprolactinemia. 

Vários estudos sugerem que nos pacientes com macroprolactinemia, a investigação por imagem só deveria ser realizada quando fossem encontrados sinais clínicos que justificassem tal investigação. 

A avaliação do custo-benefício na realização da pesquisa de macroprolactina nas amostras com hiperprolactinemia, no momento, está bem demonstrada mais econômico fazer a pesquisa de macroprolactina nos casos de hiperprolactinemia em pacientes sem sinais clínicos, do que submetê-los a investigação por imagem.

Os sintomas da mulher relacionados a PRL podem variar sendo os mais comuns a infertilidade (associação com a síndrome dos ovários policísticos), a diminuição da libido, menor lubrificação vaginal, dor na relacao sexual, abortos espontâneos recorrentes, ciclo menstrual irregular, dor de cabeca e disturbios visuais.

O tratamento da prolactina alta vai depender da sua causa com boa resposta ao tratamento com medicações orais sendo raramente necessário a cirurgia.

A cirurgia é indicada quando o adenoma hipofisário é do tipo não secretor e maior que 1 centímetro com sintoma de perda ou alteração da visão.

Quando o tumor não secretor é menor que 1 centímetro ou sem sintomas, o tratamento é feito com acompanhamento médico regular e realização de ressonância magnética regularmente.

As medicações utilizadas para o tratamento tanto de micro como de macroprolactinoma são os agonistas dopaminérgicos (bromocriptina e cabergolina) que são eficazes na grande maioria dos casos para reduzir tanto os níveis de prolactina como o tamanho do tumor. 

Cirurgia, radioterapia e outras drogas (como temozolomida) devem ser reservadas para casos de tumores resistentes ao tratamento convencional ou agressivos.

Em resumo, o diagnóstico de prolactinoma leva em consideração a exclusão de outras causas de hiperprolactinemia, incluindo a macroprolactinemia. 

Embora os prolactinomas sejam a causa mais frequente de hiperprolactinemia, o tratamento desses tumores raramente necessita de cirurgia.  

O tratamento e acompanhamento geralmente é realizado pelo endocrinologista embora muitas manifestações são percebidas pelo ginecologista que acaba fazendo o diagnóstico.

Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular fertilidade e menopausa e Instituto Safe. Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.

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Anticoncepção hormonal e seus vários benefícios

Anticoncepção hormonal e seus vários benefícios

(foto: Pexels Mart Production)

Em consultas, uso da pílula anticoncepcional cada vez mais frequente ainda traz questionamentos às vezes infundados neste mundo de informação e desinformação

Alguns questionamentos levantados são sobre os efeitos que o uso dos hormônios (como o anticoncepcional) a longo prazo pode trazer para o organismo da mulher.

Na minha opinião, a mulher moderna deve priorizar a melhora da qualidade de vida e a proteção da fertilidade através do uso dos medicamentos hormonais (por exemplo, o anticoncepcional) cada vez mais modernos e com menos efeitos colaterais.

Um deles corresponde ao impacto que a substância pode ter na fertilidade, pois a grande maioria das mulheres passa boa parte de suas vidas utilizando o medicamento.

Não existe nenhum relato científico que relacione casos de infertilidade ao uso da pílula anticoncepcional.

A confusão ocorre muito por conta do período que a mulher decide parar de tomar a substância para engravidar. Geralmente, entre seus 30 e 35 anos.

Nessa fase da vida, a produção dos folículos ovarianos, responsáveis pela produção dos óvulos femininos, tende a reduzir para menos da metade. 

Uma outra confusão se deve ao fato de que, no passado, após longo uso destes medicamentos com altas dosagens, as mulheres demoravam a voltar a menstruar pelo bloqueio hipotalâmico e hipofisário.

As pílulas atuam de várias formas neste processo de contracepção, sendo o principal através da inibição da secreção de gonadotrofinas por feedback negativo sobre o hipotálamo e hipófise, provocando inibição da ovulação ou secundariamente através do bloqueio do colo e do útero pelos progestágenos que os deixam inadequados à passagem do esperma e consequente implantação.

A primeira pílula aprovada foi em 1960 com dosagens muito altas (50 picogramas de 12/12hs), era de 3 a 6,5 vezes mais forte que as mais utilizadas nos dias de hoje (35, 30, 20 e 15 picogramas).

Apresentavam benefícios na qualidade de vida e proteção contra câncer de ovário e endométrio, apesar do aumento de câncer de mama, trombose venosa profunda e derrame decorrente de suas altas dosagens.

Planejamento familiar é um direito garantido por lei, cujo conjunto de ações e serviços tem como finalidade, contribuir para a saúde da mulher, da família e da criança, ao considerar o número de filhos que uma mulher deseja ter, a opção de não ter filhos, bem como a idade em que ela deseja tê-los com o devido espaçamento desejado entre eles.

Os benefícios do planejamento familiar são: 

  • Redução da mortalidade materna 
  • Redução da gravidez na adolescência
  • Aumento do intervalo entre as gestações
  • Redução do número de abortamentos 
  • Melhoria das relações familiares 
  • Melhora da vida sexual e a melhora no trabalho.

Paralelo ao surgimento da pílula em 1960, as mulheres iniciaram uma revolução silenciosa e discreta com redução da taxa de fecundidade brasileira de 6,3 filhos em 1960 para 2,3 filhos no início do século em 2000 e 1,95 filhos em 2007, segundo dados do Instituto de Geografia e Estatistica (IBGE)

Na década de 70 a população brasileira estimada era de 93 milhões com 28,8% das mulheres economicamente ativas,e com o número de brasileiros em 2007 igual a 184 milhões com 43,6% das mulheres economicamente ativas.

No Brasil, em um estudo de 2015, 79% das mulheres em idade fértil utilizam algum método contraceptivo como planejamento familiar, representando um índice 28% maior do que o registrado em 1970, com predomínio da contracepção hormonal reversível. 

O Brasil apresentou elevada queda de fecundidade nas últimas décadas como vimos; no entanto, diferenças sociodemográficas ainda impactam diretamente no acesso ao planejamento reprodutivo no país. 

Os métodos de contracepção são divididos em:

  • Método comportamental:
  • Barreira mecânica;
  • Barreira química;
  • Impeditivo da nidação:
  • Hormonal e cirúrgico.

De acordo com estudo transversal de 2019 (Trindade e col) que utilizou dados secundários de 17.809 mulheres que responderam à pesquisa nacional de saúde, mais de 80% das mulheres relataram utilizar algum método contraceptivo, sendo o contraceptivo oral o mais utilizado (34,2%), seguido dos cirúrgicos (25,9%) e das camisinhas (14,5%).  

As mulheres pretas/pardas, nortistas e com baixa escolaridade são mais esterilizadas, enquanto as brancas, com maior escolaridade e das Regiões Sul e Sudeste são as que mais utilizam contraceptivo oral e dupla proteção. 

Apesar das melhorias observadas, não houve diminuição da prevalência do não uso de método contraceptivo e ainda existem desigualdades de acesso à contracepção no país.

Mais de 106 milhões de mulheres do mundo inteiro estão usando o DIU, que é o segundo método de planejamento familiar mais comumente usado, logo após a esterilização voluntária feminina, sendo, porém, o mais usado entre os métodos reversíveis. As altas taxas de uso são provocadas pela China, onde vivem cerca de dois terços das usuárias de DIU do mundo.  

Uso ACO (contraceptivo hormonal oral – medicamento anticoncepcional) tem mais de 100 milhões de mulheres no mundo (35% no Brasil,  25% GRÃ-BRETANHA E 1% JAPÃO) mostrando o peso da cultura nesta tomada de decisão.

O DIU não hormonal não traz alguns dos muitos benefícios contraceptivos, como o controle do ciclo, a melhora da cólica menstrual, a diminuição do fluxo menstrual, a diminuição das dores nas mama, a melhora da tensão pré- menstrual, a proteção contra câncer de ovário e endométrio, a diminuição dos cistos funcionais do ovário, a prevenção da endometriose e miomas, a proteção da fertilidade, a melhora da pele, da acne e do hirsutismo.

Como fica a fertilidade depois de usar anticoncepcional por muito tempo?

Segundo um estudo publicado na revista Human Reproduction, se você usou anticoncepcionais orais por mais de quatro anos, não precisa se preocupar. 

Você tem mais chances de engravidar dentro do período de um ano do que mulheres que tomaram anticoncepcionais por um período de dois anos. Se o uso foi superior a 12 anos, as chances de engravidar são ainda maiores.

As pílulas são classificadas em combinadas (com estrogênio e progesterona) e apenas com progestogênio, também chamadas de minipílulas.

As combinadas dividem-se ainda em monofásicas, bifásicas e trifásicas. 

Nas monofásicas, a dose dos esteróides é constante durante toda a cartela. As bifásicas contêm duas dosagens diferentes e as trifásicas (três dosagens), tentando ser parecido com o ciclo hormonal natural.

A pílula oral é feita de hormônios parecidos com os produzidos pelo corpo: estrogênio sintético e natural e progesterona. 

O etinilestradiol (EE) é o estrogênio sintético mais utilizado com dosagens que podem ser de 50, 35, 30, 20 ou 15 picogramas,  diferente do 17 beta estradiol que é bioidêntico presente em apenas dois contraceptivos comercializados no Brasil.

Os progestágenos podem ser derivados da 17-OH-progesterona  –  pregnanos, da 19-nor-testosterona e da espironolactona que vão conferir determinados benefícios ou malefícios ,como melhora da pele, inchaço, trombose,… 

As eficácias são semelhantes, como podemos ver de acordo com o índice de Pearl.

  • Contraceptivo oral (0,1 a 3,0 falhas/100 mulheres-ano);
  • Injetáveis (< 1,0 falhas/100 mulheres-ano);
  • Implante (< 1,0 falhas/100 mulheres-ano);
  • Minipílula (1,1 a 9,6 falhas/100 mulheres-ano).

Certos medicamentos interferem com os contraceptivos hormonais, como os antibióticos, rifampicina e griseofulvina, os anticonvulsivantes como fenobarbital, hidantoína, carbamazepina e primidona.

Sofrem interferência dos contraceptivos hormonais os anticoagulantes, benzodiazepínicos, ácido fólico, imipramina e  insulina.

A forma como o hormônio é liberado, pode ser através da via oral, parenteral (intramuscular), subcutânea (adesivos, implantes), vaginal (anéis) e uterina ( DIU medicado).

A decisão entre qual método utilizar depende da avaliação da paciente que precisa responder junto ao seu médico a três perguntas. Qual método ela pretende usar? O histórico e a saúde dela permitem o uso?  E, por último e, não menos importante, ela consegue se adaptar ao mesmo? Essa última pergunta deve ser respondida após um período de avaliação não inferior a 90 dias, com exceção para o implante e o DIU.

Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular fertilidade e menopausa e Instituto Safe. Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.

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Incontinência urinária é duas vezes mais comum em mulheres

Incontinência urinária é duas vezes mais comum em mulheres

(Idosas são mais acometidas por incontinência urinária / foto: pixabay)

Incontinência urinária é duas vezes mais comum em mulheres

Pandemia agravou tratamento de várias doenças, como a incontinência urinária, ao dificultar acesso da população a exames diagnósticos e tratamentos

De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a incontinência urinária (os escapes de urina) são duas vezes mais comuns no público feminino (devido à anatomia do sistema genital ), atingindo 40% das gestantes e cerca de 35% das mulheres com mais de 40 anos ou após a menopausa, mostrando ser a idade e a gestação os principais fatores de risco. 

No Brasil, ela afeta a vida de mais de 10 milhões de pessoas e, no mundo, aproximadamente 5% da população

Números divulgados pelo Ministério da Saúde indicam que os tratamentos cirúrgicos para a incontinência urinária caíram 60% em 2020, em relação ao ano de 2019.

Com o avanço da vacinação, as pessoas estão retornando à busca por  tratamento especializado.

Para que as mulheres mantenham uma capacidade adequada de continência urinária, é necessário que diversos músculos, nervos (simpáticos, parassimpáticos e somáticos) atuem de forma harmônica.

A bexiga funciona como reservatório para armazenamento e eliminação periódica da urina. A bexiga é um órgão muscular oco, constituído por fibras musculares lisas que formam feixes sem orientação definida.

Para que essas funções ocorram adequadamente, é necessário que o músculo da bexiga (detrusor) relaxe e haja aumento coordenado do tônus esfincteriano uretral durante a fase de enchimento da bexiga, e o oposto durante a micção.

A incontinência urinária é caracterizada pela perda involuntária da urina e, apesar de não colocar em risco a vida de quem sofre, tem um impacto negativo em todas as dimensões da qualidade de vida (social, psicológica, física, sexual), desencadeando fenômenos de depressão, redução da autoestima e constrangimento social

É importante saber que nem toda incontinência urinária é igual. Ou seja, existem vários tipos e causas diferentes, sendo a incontinência diferente em homens, mulheres, crianças e idosos. O grau do vazamento involuntário de urina também varia de um indivíduo para outro, podendo ser:

  • Leve: quando os escapes ocorrem ocasionalmente e em pequena quantidade.
  • Moderado: a perda de urina acontece frequentemente e em quantidade moderada. Nesse caso, já é preciso utilizar algum forro ou produtos para barrar o incômodo.
  • Intenso: os escapes são frequentes e em grande quantidade, capazes de gerar vazamentos. Essa situação pode gerar grande constrangimento e, sem o uso de produtos adequados, prejudica a vida pessoal e social.

A incontinência por esforço é causado por uma disfunção do sistema esfincteriano da bexiga. Esta complicação provoca a incapacidade da bexiga de suportar aumentos repentinos na pressão intra-abdominal e a manifestação mais evidente é a incapacidade de reter a urina em caso de espirros, risos, saltos, esforço físico (como levantar peso), durante relações sexuais etc.

A incontinência de urgência é a perda não controlada de urina que ocorre por uma necessidade urgente e incontrolável de fazer xixi. A noctúria (acordar à noite para urinar) e incontinência noturna são fenômenos comuns. Esse tipo de incontinência geralmente é causado pela bexiga hiperativa; mas também pode ser causado por infecção urinária ou alteração dos nervos que ficam na base da bexiga.

A incontinência mista associa os dois tipos citados acima. 

Menos frequente, temos as perdas de urina decorrente de fístulas (após cirurgias, radioterapia,…) e transbordamento em casos de bexiga neurogênica.

A incontinência pode acontecer por várias razões, como por infecções do trato urinário, infecção vaginal, irritação e constipação, uso de medicamentos e, em especial, anormalidades como:

  • Músculos fracos da bexiga;
  • Bexiga hiperativa;
  • Fraqueza e disfunções do assoalho pélvico;
  • Danos nos nervos que controlam a bexiga;
  • Doenças como esclerose múltipla, diabetes ou Parkinson;
  • Tumores (benignos ou malignos);
  • Prolapso de órgão pélvico, quando ocorrer relaxamento e queda da bexiga ou uretra, por exemplo;
  • Lesão ou dano aos nervos ou músculos durante uma cirurgia.

O assoalho pélvico ou piso pélvico, como o próprio nome indica, é um grupo de músculos voluntários e involuntários e ligamentos conectados a estruturas ósseas que se fundem e sustentam os órgãos abdominais e pélvicos. 

Essa estrutura participa de várias funções do organismo e se conecta a outros grupos musculares do abdômen, das costas e das pernas. Ele forma o períneo e por ele passam ou se sustentam a uretra (canal da urina), a vagina, o útero, o reto e o ânus, podendo impactar a função urinária, sexual e intestinal/fecal.

Evoluímos muito nos últimos 50 anos na compreensão da função urinária e do assoalho pélvico e, atualmente, sabemos que a perda urinária (incontinência) aos esforços, tão frequente nas mulheres, se deve a um enfraquecimento do ligamento pubouretral e do músculo de mesmo nome. Estes estudos mudaram o tratamento cirúrgico da incontinência urinária de esforço, tornando-o um procedimento minimamente invasivo.

Muito se falou nos últimos anos em flacidez vaginal, que leva à incontinência urinária e fecal, ao prolapso genital, também conhecido por prolapso vaginal, quando os músculos que suportam os órgãos femininos na pelve enfraquecem, fazendo com que o útero, uretra, bexiga e reto desçam pela vagina, podendo mesmo sair para o exterior.

Não basta ter só força muscular, mas função muscular adequada e equilíbrio.

É um equilíbrio delicado, que necessita de uma abordagem multidisciplinar, envolvendo ginecologistas, urologistas, coloproctologistas e fisioterapeutas. 

A fisioterapia especializada trabalha não só a força muscular, mas coordenação e relaxamento, e tem como meta devolver a função de trabalhar preventivamente nas épocas em que o assoalho pélvico pode entrar em sofrimento, como gravidez, parto e pós-parto.

De acordo com uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso de cesariana continua crescendo mundialmente, respondendo agora por mais de um em cada cinco (21%) partos. Este número deve continuar aumentando na próxima década, com quase um terço (29%) de todos os partos, provavelmente ocorrendo tal previsão de resolução dos por cesariana até 2030.

Em 2018, um estudo publicado na revista científica Lancet comparou a taxa de cesáreas em diferentes países. O Brasil ficou atrás apenas da República Dominicana. 

As cesáreas, realizadas tanto pelos serviços privados como pelos públicos, representavam 55,5% do total de partos no país. 

O parto normal pode provocar incontinência urinária devido aos danos que pode provocar à integridade da musculatura e inervação do assoalho pélvico, muito importantes para a manutenção da continência urinária. 

No entanto, isso não significa que todas as mulheres que têm um parto normal, venham a sofrer deste problema. Os fatores que podem aumentar o risco de desenvolver incontinência urinária são o parto prolongado, trabalho de parto (induzido) e o tipo de parto, segundo alguns trabalhos:

– Parto normal aumenta risco (0R=1,5 a 3);

– Uso de fórcipes aumenta muito o risco (OR=35);

– Parto cesáreo protege (OR=0,39).

Esses parâmetros do parto vaginal relacionados à incontinência urinária foram estudados no estudo norueguês EPICONT, que incluiu 11.397 mulheres em um questionário sobre incontinência urinária e variáveis relacionadas ao parto com associação significante entre qualquer tipo de incontinência urinária e peso do recém-nascido maior que 4 kg.

A atividade física pode “evidenciar” a incontinência urinária, passando esta a ser percebida apenas a partir da realização de atividades físicas que predisponham a perda de urina, mesmo em mulheres que não têm fatores de risco como a idade e paridade.

A incontinência urinária pode ser provocada por esportes de alto impacto como musculação, crossfit, vôlei, futebol e até mesmo corrida, podendo comprometer os mecanismos de sustentação, suspensão e contenção da musculatura pélvica, que sofre sobrecarga intensa e repetida, promovendo o enfraquecimento do assoalho pélvico. “Durante essas atividades, que geralmente envolvem saltos e contração muscular, os órgãos internos causam muita pressão sobre a bexiga”.

No entanto, existem exercícios que podem ajudar as mulheres a fortalecer a musculatura pélvica, como os criados pelo médico Arnold Kegel na década de 1950  e as técnicas de pompoarismo.

O tratamento da incontinência urinária depende muito do tipo e do grau da doença. Existem tratamentos cirúrgicos, medicamentosos e fisioterapêuticos – cada um indicado para determinado tipo e grau do problema. 

Cirurgia de Sling – para mulheres (visa restaurar o suporte da bexiga e da uretra);

medicamentos: o urologista, após diagnosticar que a causa da incontinência urinária é hormonal, pode prescrever medicamentos como anticolinérgicos e estrogênio tópico;

Cinesioterapia do assoalho pélvico: reeducação pélvica para fortalecer os músculos pélvicos através de exercícios físicos específicos (conhecido como exercícios de Kegel);

Estimulação elétrica: uso de equipamentos elétricos para estimulação passiva. Este tratamento é feito com um fisioterapeuta por recomendação médica. 

É importante ressaltar que esses tratamentos não garantem a cura da incontinência urinária. Além disso, complicações podem ocorrer; por isso, é importante nunca se automedicar ou fazer qualquer procedimento sem supervisão médica. 

Hábitos como segurar o xixi, não beber água, fazer xixi a toda hora, consumir substâncias em excesso, como carboidratos, açúcar, álcool e cigarro devem ser evitados.

Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular fertilidade e menopausa e Instituto Safe. Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.

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A busca do equilíbrio justo entre acelerar ou desacelerar no cenário atual

A busca do equilíbrio justo entre acelerar ou desacelerar no cenário atual

Ócio e a busca do equilíbrio justo entre acelerar ou desacelerar no cenário atual

Desafios atuais e cobranças internas e externas em um mundo ‘acelerado’ se contrapõem à necessidade de tirar o pé e aproveitar o momento

A folga, ou repouso, tem o objetivo de restaurar nossa concentração, foco e estabilidade emocional para darmos passos importantes em nossos objetivos e responsabilidades

Vivemos cercados por cobranças internas e externas em ter que acelerar em determinado momento da vida em um mundo que está cada vez mais acelerado e complexo, em contraste com a necessidade de tirar o pé e aproveitar.

A pandemia acabou forçando as pessoas a desacelerar, devido ao isolamento social que acabou estimulando o surgimento de sentimentos até então pouco valorizados no mundo real.

Desta forma, fui apresentado a um sentimento, até então pouco visto, em pessoas mais jovens no meu dia-a-dia de ginecologista. A presença de um vazio! Vazio este muito frequente em mulheres no climatério (período entre 45 e 65 anos), a Síndrome do Ninho Vazio.

Ela é caracterizada por um sofrimento excessivo, associado à perda do papel da função de pais, com a saída dos filhos de casa, quando vão estudar fora, quando se casam ou vão viver sozinhos.

A sensação de vazio é incômoda, porém muito comum em algum momento da vida, apresentando-se em maior ou menor grau. Muitos já sentiram o estranho sentimento de vazio interior que faz parte da condição humana. No entanto, quando a sensação é contínua, isso pode trazer vários prejuízos.

Na verdade, é esperado que a maioria passe por essa experiência pelo menos uma vez, devido a situações estressantes na vida, como em épocas de transição da adolescência para a vida adulta ou da vida adulta para a velhice, onde as pessoas se sentem perdidas diante das muitas possibilidades que surgem.

O mesmo acontece com os períodos de mudança (de cidade, de país, de emprego, de família) que causam uma sensação semelhante. Os propósitos se modificam com a nova realidade, podendo levar tempo para que eles reapareçam.

Diante de quase dois anos de pandemia da COVID-19 e as incertezas que ainda temos em relação ao que virá desencadeia esta sensação de vazio difícil de explicar.

Importante pontuar que este vazio é muito diferente da apatia que é a falta de emoção, motivação ou entusiasmo. É um termo psicológico para um estado de indiferença, no qual um indivíduo não responde aos estímulos da vida emocional, social ou física.

É importante enxergar a necessidade de desacelerar e utilizar o tempo livre a nosso favor! Isto não significa que estaremos aumentando este vazio.

O excesso de tarefas é um perigo para a produtividade do ser humano com complexas relações de trabalho , um turbilhão de informações e de atividades cronometradas e de alta pressão.

Essa realidade gera amplo estresse e, como resultado, interrompe nosso processo de ter ideias consistentes, estabelecer estratégias e até dar passos significativos rumo ao nosso crescimento pessoal e profissional.

É importante enxergar a necessidade de desacelerar e utilizar o tempo livre a nosso favor!

Você conhece o conceito de ócio criativo?

Ao contrário do que parece, o ócio (folga ou repouso) tem o objetivo de restaurar nossa concentração, foco e estabilidade emocional para darmos passos importantes em nossos objetivos e responsabilidades.

É um conceito que surgiu no ano 2000 com a publicação do livro de mesmo nome do sociólogo italiano Domenico De Masi. Em sua narrativa, ele encara o ócio como um tempo livre ou um equilíbrio justo entre trabalho, estudo e descanso, sendo uma forma de recuperar o fôlego para atividades que exigem foco e, claro, criatividade.

Através de atividades de lazer, bem-estar físico e mental, na companhia de amigos e entes queridos ou de descanso, a capacidade inventiva é renovada, abrindo espaço para melhorar o desempenho.

Diferentemente da preguiça e da procrastinação (atitude de postergar, adiar) que são negativas para a produtividade, o ócio criativo tem o objetivo de renovar as energias e revigorar o cérebro.

Enxergue sua rotina de trabalho e identifique como redistribuí-la para aproveitar as horas em que sente maior produtividade. Por exemplo, as

atividades de maior concentração poderiam ser feitas de manhã e tarefas mais leves ficariam para depois do almoço.

Use seu tempo livre com inteligência, como ler um bom livro ou ir ao teatro, seja curtir a família ou fazer exercícios ou tudo isso junto. O importante é que seu momento de ociosidade tenha conteúdo e seja utilizado para atividades revigorantes e prazerosas.

Há momentos em que seu corpo simplesmente precisa parar. Inclua pausas rápidas para tomar um café, fazer uma meditação, respirar, alongar, mesmo que seja no local de trabalho.

Além de recuperar a energia criativa necessária às nossas tarefas e responsabilidades, o ócio ajuda a diminuir as tensões físicas, a diminuir frustração e incapacidade, gerando equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Embora muita gente pense que o ócio criativo é impraticável no mercado atual, várias empresas, em especial as de tecnologia, têm incentivado seus funcionários com resultados muito satisfatórios.

Até mesmo uma pessoa workaholic pode se reorganizar e considerar a possibilidade deste descanso da mente tão necessário e que ajuda a evitar o burnout.

Pesquisa publicada recentemente no periódico Journal of Personality and Social Psychology conduzida por pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, mostrou que o excesso de ócio pode causar um efeito contrário ao que se espera, podendo trazer, inclusive, estresse e ansiedade.

Foi feita uma revisão de dois estudos antigos, o American Time Use Survey (pesquisa americana de uso do tempo) com 21 mil participantes e o Estudo Nacional da Mudança da Força de Trabalho dos EUA, que continha dados de 13 mil participantes coletados entre 1992 e 2008.

No final, os pesquisadores constataram que o período diário de 2 horas de lazer parecia ser benéfico aos indivíduos, mas os benefícios paravam quando o tempo de ócio ultrapassava as 5 horas.

Tempo livre é bom, mas em excesso pode diminuir seu bem-estar! 

Não adianta ter 5 horas de ócio e gastá-las em frente às telas de tv, computador ou celular. De acordo com o estudo, pessoas precisam utilizar a folga de maneira produtiva.

O período entre um e outro não apresentou vantagens extras. De toda forma, os cientistas reforçam a importância de manter o equilíbrio: além do trabalho, tente adicionar atividades físicas ou mentalmente envolventes na rotina, como o estudo de um instrumento musical ou algumas horinhas na cozinha. Usar o tempo em atividades sociais, envolvendo família e amigos, também foi visto como vantajoso.

De acordo com os cientistas, a queda do bem-estar em pessoas com muito tempo livre ocorria devido à falta de senso de produtividade e propósito.

Na tentativa de preencher o vazio, buscamos formas nada saudáveis de sentir prazer. Festas, baladas, vícios, uso excessivo de álcool, compulsão por comidas ou compras são alguns comportamentos desenvolvidos por essas pessoas.

Outra consequência da sensação de vazio é a desistência. Diante da incapacidade de encontrar um propósito e insucesso em preencher o vazio com elementos externos, a depressão se instala gerando um cenário altamente prejudicial para a saúde mental. Neste caso, precisa procurar ajuda com um especialista.

Uma pessoa pode ter tudo e, no entanto, sentir um profundo vazio em seu interior que é, na verdade, um aviso de que você não está bem e precisa reavaliar a sua vida.

Para isso, é preciso começar a tarefa de se conhecer e se aceitar. É preciso identificar os fatores que provocam esse acúmulo de emoções negativas.

Valorizar o que você tem não significa ser conformista, mas sim aceitar a realidade tal como ela é.

Concentre-se naquilo que lhe faz bem, potencialize suas virtudes e não se deixe dominar pelos seus defeitos. Seja consciente de que a perfeição não existe!

É de suma importância que você durma no mínimo oito horas; faça as refeições em horários corretos e regulares; hidrate-se bastante e caminhe pelo menos meia hora por dia. O objetivo final é a busca do equilíbrio entre o momento de acelerar e desacelerar.

Passe alguns dias consigo mesmo, fazendo coisas que gosta e o deixam feliz. Tire uma folga do trabalho, se for preciso!

Todos nós temos sonhos que nos dão a motivação para seguir em frente, encarar os desafios da vida e não desistir diante das dificuldades e dos inúmeros “nãos” que a vida nos dá. O que você tanto deseja realizar em sua vida depende completamente de disciplina e planejamento.

Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular fertilidade e menopausa e Instituto Safe. Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.

Se você tem dúvidas ou quer sugerir tema para a coluna, envie e-mail para gustavo_safe@yahoo.com

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Endometriose: da dor ao amor!

Endometriose: da dor ao amor!

Portadoras de endometriose: da dor ao amor

A busca pela cura começa com um correto entendimento da doença e de como ela pode ser afetada pela Epigenética. O especialista pode fazer a diferença

Você mulher, que ao longo da vida vem sentindo sintomas muito frequentes que lhe causam tantos transtornos, não só a você, mas a todos que consigo convivem, existe, não somente a esperança de se libertar de tanto sofrimento, mas encontrar tratamentos adequados que lhe promoverão a cura desta doença tão frequente, que é a endometriose.

No conceito médico universal, a “Endometriose é a presença de Endométrio, glândula ou estroma (epitélio que reveste a cavidade interna uterina), fora do Útero“, sendo uma doença enigmática que afeta 1 em cada 10 mulheres durante o menacme (anos menstruais), computada à mulher moderna, apesar de já citada milhares de anos A.C., com ênfase especial a Hipócrates, Pai da Medicina, 430 anos A.C., mas com alto índice de acometimento atual em virtude de uma vida atribulada e comprometida com diversos fatores que as conquistas femininas passaram a exigir dessas mulheres tão especiais, que são as suas portadoras.

Para melhor compreensão, importante saber que o Endométrio tem a finalidade de receber e nutrir o embrião, promovendo o desenvolvimento normal do feto e quando não ocorre fecundação, na ausência de gravidez é eliminado como menstruação, sendo renovado ciclicamente a cada mês, visando sempre a finalidade precípua a ele destinada, para renovação da vida.

Considerada “Uma desordem genética, poligênica e multifatorial”, não é mais uma doença local e sim uma doença sistêmica que pode acometer múltiplos órgãos e sistemas com consequências que extrapolam a visão de um problema não somente ginecológico, mas também multi e interdisciplinar.

A paciente pode apresentar os mais diversos tipos de dor e sintomas ao longo da vida, como cólicas menstruais invalidantes, sangramentos uterinos anormais, transtornos sexuais (dor na relação), dor pélvica crônica e aguda, síndromes somáticas (fibromialgia, fadiga crônica, intestino irritável, bexiga dolorosa), infecções, problemas intestinais (constipação, dor evacuar, …) e infertilidade.

Como se não bastasse, são submetidas a cirurgias mutiladoras, complicações obstétricas, tratamentos caros e onerosos de reprodução assistida que desencadeiam ou agravam transtornos psicoemocionais.

Durante o 6th WEC-Quebec-Canadá, 1998 (6°Congresso Mundial de Endometriose), primeiro evento mundial em que pai e filho estiveram juntos, fomos co-fundadores da primeira Sociedade Mundial de Endometriose (World Endometriosis Society).

Nesta mesma época criamos o primeiro Centro de Endometriose do Brasil, o CENDO, com objetivo de aliviar a dor das pacientes portadoras de endometriose e buscar a cura, na qual acreditamos, embora hoje ainda seja questionada.

Com mais de 50 anos dedicados ao estudo, pesquisa e tratamento da Endometriose, Dr. Jorge Safe criou o Perfil Psicológico próprio das Portadoras de Endometriose (vídeo), no qual mostra que as portadoras são mulheres perfeccionistas, personalistas, ansiosas, mas acima de tudo especiais, de grande fortaleza e sensíveis.

As portadoras de Endometriose podem ser assintomáticas e não desenvolverem a doença e terem uma vida normal, apesar de apresentarem uma tendência, o que chamamos de Epifenômeno. Epifenômeno (do grego, Epi = sobre, acima e Fenômeno, uma ocorrência natural; neste caso proveniente da menstruação através do fluxo retrógado).

Infelizmente, algumas mulheres acabam desenvolvendo a doença. Na busca pela cura desta doença, precisamos no dia-a-dia fazer um diagnóstico correto e instituir uma terapêutica adequada, buscando a Cura Física, estendendo à Cura da Alma ,através de orientações de vida para tal.

Para se fazer o diagnóstico amplo e adequado, é necessário conhecer e destacar múltiplos fatores da doença, como a Herança Genética, aliada a outros fatores determinantes, como o Familiar (maior incidência entre parentes de 1° grau, mãe e irmãs), o Biológico (Menarca que é a idade da primeira menstruação, fluxo e irregularidade menstrual) e o Sociocultural (ligado à educação, influência da presença dos pais através de exemplos, desejos transferidos e expectativas em relação à filha), importantes na Gênese, Desenvolvimento e Gravidade da doença.

Para que sejam conhecidos tais fatores, é necessária uma consulta médica especializada que, através de uma anamnese completa com perguntas e respostas entre o médico e a paciente e um exame físico adequado, irá permitir o diagnóstico clínico com grande segurança, ficando os exames complementares, como diz o próprio nome, para completar e auxiliar na conduta médica.

O tratamento deve ser individualizado para cada portadora, tomando muito cuidado para que o mesmo não leve a paciente a quadros de depressões e ansiedades, estas últimas já existentes previamente no dia-a-dia das portadoras de endometriose, sob três manifestações diferentes: hiperansiedades, sofrimento antes de fazer as coisas e querer fazer tudo rápido, perfeito sem delegar a ninguém.

A busca do equilíbrio entre o corpo e a mente se faz fundamental. Como Hippocratis dizia, a mais de 400 anos antes de Cristo, “Na arte da medicina não temos como separar o doente do médico e da doença. Para isso precisamos deixar o passado, diagnosticar o presente e profetizar o futuro”.

Desta forma, precisamos saber indicar e realizar uma cirurgia minimamente invasiva, nem muito precoce e nem muito tardia, sendo radical apenas para com a Endometriose.

Neste contexto, ainda é importante saber definir o melhor tratamento medicamentoso associado: seja de primeira linha (sem cirurgia) ou segunda linha (após cirurgia), sempre estimulando medidas de proteção contra o desenvolvimento da doença (uso especial de contracepção, estímulo ao parto normal, aleitamento materno …)

As pacientes precisam acreditar, como nós acreditamos, em uma nova vida, com os filhos desejados, realização profissional e sexual, qualidade de vida, podendo até mesmo fazer TRH (Terapia de reposição hormonal), se indicado, transformando o sofrimento (DOR) em felicidade plena de viver (AMOR)!

Teste realizado por 2 gerações de especialistas em endometriose

O Dr Jorge Safe, dedica-se há várias décadas ao estudo, pesquisa e tratamento da Endometriose, tendo sido pioneiro na abordagem da doença por microcirurgia, sempre com uma atenção especial em individualizar cada caso e tratar de forma humanitária a Endometriose dessas mulheres tão especiais! Autor do “PERFIL PSICOLÓGICO DAS PORTADORAS DE ENDOMETRIOSE”, autor do livro dedicado à vida feminina: “CHEIRO DE MULHER”, Membro titular da ACADEMIA MINEIRA DE MEDICINA entre outras várias atividades.

Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular fertilidade e menopausa e Instituto Safe. Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.

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