Enxaqueca e cefaléia tensional, uma “dor de cabeça” para a mulher

Enxaqueca e cefaléia tensional, uma “dor de cabeça” para a mulher

Dor de cabeça e enxaqueca: entender as características de cada uma e saber descrevê-las ajuda o seu médico a definir a melhor prevenção, o controle, e prescrever o melhor tratamento

Você tem cefaléia (dor de cabeça) ou enxaqueca? Todo mundo terá, pelo menos, um episódio de dor de cabeça tensional durante a vida.

A enxaqueca, que também é chamada de migrânea, é um dos tipos de cefaléia.

A enxaqueca atinge 1 bilhão de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e é a sexta doença crônica que mais incapacita pessoas.

No Brasil, 15% da população sofre da forma crônica, ou seja, com crises que duram pelo menos 15 dias por mês.

A cefaléia pode ser classificada em primária ou secundária, aguda ou crônica.

Cefaléias primárias são aquelas em que a dor de cabeça é a própria doença, como no caso da enxaqueca ou das dores de cabeça tensionais.

Cefaléias secundárias, por sua vez, são sintomas de outras alterações que estão acontecendo no nosso corpo, como as dores ocasionadas durante crises de sinusite ou desvio de septo, ATM, entre outras.

Apesar de existirem mais de 200 tipos de cefaléia, as mais frequentes na população mundial são a enxaqueca e a cefaléia tensional, também chamada de dor de cabeça comum, que respondem por mais de 90% das reclamações que chegam aos consultórios especializados.

A cefaléia tensional provoca dores que dão a sensação de cabeça pesada, apertada ou pressionada. Geralmente é uma dor fraca ou moderada que não impede você de fazer suas atividades do dia a dia e não causa outros sintomas. As causas podem ser estresse, ansiedade e depressão.

A disfunção da articulação temporomandibular e dor orofacial (ATM) tem se tornado cada vez mais frequente na população, estando muito relacionada com o estresse, cursando com dores de cabeça pela manhã ou final do dia, de caráter tensional, ao meu ver.

A cefaléia em salvas é menos frequente e tem como sinal uma dor intensa, que aparece à noite, de um lado só ou em torno dos olhos. Pode durar poucos minutos ou horas. Algumas pessoas podem ficar com os olhos vermelhos e lacrimejando, congestão nasal e a pálpebra caída do lado que tem a dor.

As causas podem ser problemas na região do cérebro conhecida como hipotálamo, responsável pelo controle da temperatura, hormônios e sono.

A enxaqueca é uma doença neurológica genética e crônica que provoca sintomas como dor de cabeça intensa e pulsante, náuseas e vômitos, além de tonturas e sensibilidade à luz.

É uma doença incapacitante, com especificidades individuais e que atinge as mulheres em particular.

A enxaqueca com aura é caracterizada por uma alteração da visão que leva ao aparecimento de pequenos pontos luminosos ou embaçamento dos limites do campo de visão, que pode durar de 15 a 60 minutos, e que é seguida por uma dor de cabeça muito forte e constante.

De acordo com a OMS, a enxaqueca com aura é reconhecida como categoria 4 na indicação do uso de pílula anticoncepcional com conteúdo de estrogênio. Essa categoria se refere às condições de saúde em que os riscos do uso da pílula são inaceitáveis, ou seja, eles não devem ser utilizados por aumentar risco de acidente vascular cerebral.

A doença precisa ser tratada com extrema atenção, porque possui gatilhos que podem variar de pessoa para pessoa, mas que precisam ser bem conhecidos.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaléia, as dez principais causas ou gatilhos para desenvolver a enxaqueca são:

  • Preocupações excessivas, ansiedade, tensão, estresse.
  • Ficar sem comer (dieta). O jejum é o aspecto alimentar mais importante para desencadear dores de cabeça. Longo tempo sem comer pode gerar uma queda na taxa de açúcar do sangue e provocar a produção de substâncias que causam dor. O ideal é comer algo a cada três ou quatro horas, e também não exagerar na comida quando passar muito tempo em jejum.
  • Dormir mal. Sono adequado é uma condição fundamental para o bem estar de uma maneira geral, e também para o equilíbrio das enxaquecas e outras dores de cabeça. Dormir pouco, dormir muito, demorar para pegar no sono, acordar no meio da noite, roncar e ter sonolência de dia, ir dormir e acordar muito tarde – são todos possíveis desencadeantes de dor de cabeça.
  • Ciclo hormonal. A temida TPM (tensão pré-menstrual) carrega consigo crises de cefaléia. Classificadas por alguns em subtipos como A (ansiedade), B (breast – dor nas mamas), C (cefaléia) e D (depressão). As enxaquecas na mulher tendem a ser mais concentradas no período menstrual ou pré-menstrual, decorrentes da queda hormonal. Irregularidades menstruais, endometriose, ovários policísticos e reposição hormonal, podem ser fatores que agravam as enxaquecas.
  • Irritação e alterações do humor. A irritabilidade aparece normalmente junto com uma crise de enxaqueca, mas também pode ser um motivo gerador de novas dores. Humor variado, passar muita raiva (guardando ou explodindo), impaciência, são combinações para desencadear uma enxaqueca. Tudo o que for feito no sentido de relaxar, acalmar e treinar a paciência é útil.
  • Excesso de cafeína. Tomar muito café, bebidas cafeinadas (coca-cola, chás pretos) e até mesmo analgésicos que contenham cafeína são provocadores de enxaqueca a longo prazo, embora alguns acreditem que melhora no episódio agudo.
  • Sedentarismo. Realizar exercícios faz com que o organismo produza endorfinas, regulariza a produção de neurotransmissores como a serotonina e melatonina, tornando o organismo mais saudável e mais resistente à dor.
  • Uso excessivo de analgésicos. Os analgésicos não tratam a enxaqueca, só aliviam a intensidade e a duração das crises. O uso de analgésicos pode vir a tornar crônica, piorar a enxaqueca, tornando-a mais resistente e mais frequente.
  • Alimentos como chocolate, frutas cítricas, alimentos muito gelados (sorvetes), nozes, alimentos gordurosos, condimentados, ricos em glutamato monossódico (presente em salgadinhos, molhos, adoçantes), podem agravar as enxaquecas.
  • Causas genéticas. Deve-se reconhecer rapidamente a enxaqueca na infância, adolescência, início da vida adulta em filhos de pessoas que sofrem com a enxaqueca, para que ela possa ser tratada adequadamente, preventivamente, evitando que as crises apareçam e que a enxaqueca se desenvolva até um estágio crônico.

Você sabe por que as mulheres têm mais dor de cabeça que os homens?

Ainda não se sabe bem o porquê, mas as mulheres são mais atingidas do que os homens.

De acordo com a Fundação de Pesquisa da Enxaqueca nos Estados Unidos, a incidência da doença na população feminina é três vezes maior do que na masculina.

Além disso, 85% dos que sofrem da doença em sua forma crônica são mulheres.

Estima-se que cerca de 20% da população feminina sofra de enxaqueca. Dessas, 10% apresentam a forma grave da doença, com dores quase diárias – a chamada enxaqueca crônica.

A fisiopatologia da enxaqueca ainda não está totalmente elucidada, mas acredita-se que há uma descarga elétrica anômala ou uma alteração na liberação de neurotransmissores, que provocam uma vasodilatação dos vasos cerebrais, evoluindo para a compressão do tecido nervoso e a sensação de dor.

Assim, o aumento e queda dos níveis de estrogênio e progesterona que acontecem devido à situações como menstruação, uso de pílulas hormonais e gravidez podem piorar as crises de enxaqueca, o que chamamos de enxaqueca hormonal.

A explicação parece ser a de que estes hormônios (estrogênio em especial) podem ter efeitos estimulantes para o cérebro além de provocarem vasodilatação cerebral.

  • Menstruação – durante o ciclo menstrual, a mulher sofre quedas e elevações nos níveis de estrogênio, o que pode causar crises de enxaqueca. Esta mudança é mais significativa durante a TPM, por isso é neste período que muitas mulheres podem apresentar quadros de dor.

Por esse motivo, algumas mulheres podem apresentar melhora dos sintomas quando fazem uso de anticoncepcional, em especial pílulas de uso contínuo sem intervalo com progestágeno, apenas que podem suspender a menstruação.

  • Uso de hormônios – a elevação do estrogênio no organismo pode provocar enxaqueca, por isso algumas mulheres desenvolvem quadros de enxaqueca durante a realização de tratamentos hormonais com estrogênio, como uso de anticoncepcional em forma de pílula, injetáveis, anéis vaginais ou implantes de hormônios na pele.

Importante considerar que o principal mecanismo desencadeador é a queda do estrogênio. Logo pílulas com menor dosagem (15 picograms) ou com estrogênio natural e esquemas com pausas menores (4 dias) podem ser uma ótima opção para pacientes que não apresentam contra indicação (enxaqueca com aura)

  • Gravidez – no primeiro trimestre da gravidez, a mulher passa por um período de intensas mudanças hormonais, mudanças pressóricas e glicêmicas que podem neste período desencadear mais crises de dor de cabeça.

Já ao longo do segundo e terceiro trimestres, há uma baixa constante dos níveis de estrogênio em relação aos de progesterona, o que pode ser responsável pela melhora da enxaqueca em muitos casos. Entretanto, logo após o término da gravidez, a mulher sofre outra alteração brusca destes hormônios, o que também pode voltar a desencadear novas crises associado ao puerpério (período pós-parto), muito estressante para algumas mulheres.

  • Menopausa – após a menopausa, a mulher apresenta melhora da enxaqueca, o que acontece porque os valores de estrogênio ficam baixos e mais constantes. Entretanto, as mulheres que fazem terapia de reposição hormonal podem notar o surgimento de crises, já que este tratamento volta a aumentar de forma significativa os níveis de estrogênio.

A enxaqueca nem sempre se manifesta junto com a dor. Em alguns casos, as pessoas também podem sentir um ou mais dos seguintes sintomas:

Distúrbios visuais, náuseas, vômitos, tontura, extrema sensibilidade ao som, extrema sensibilidade à luz, extrema sensibilidade ao toque e ao cheiro, formigamento ou dormência nas extremidades ou rosto.

Aprendi com um amigo neurologista especialista em cefaléia, há alguns anos, que dor de cabeça nunca é normal, não devendo ser banalizada mesmo quando esporádica.

As pessoas precisam ter cuidado com aquela dor de cabeça diferente da usual ou aquela que pode ser a pior até hoje experimentada. Nessas situações, deve procurar uma emergência.

Existem muitos fatores associados à progressão da enxaqueca, mas os dois principais são problemas emocionais, como ansiedade e depressão, e o excesso de uso de remédios para tirar a dor, razão pela qual o tratamento principal a longo prazo deve focar nesses aspectos.

A alimentação (tomate, chocolate, café, coca cola, álcool, etc) pode desencadear uma enxaqueca em algumas pessoas, apesar de não podermos generalizar.

Da mesma forma, alimentos ricos em ômega 3, como óleo de peixe, sementes de chia associado a calmantes naturais (camomila, tília e erva cidreira) podem aliviar a dor de cabeça.

Como a enxaqueca tem um tempo de duração definido, entre quatro horas a três dias, geralmente o tratamento é paliativo e se resume a controlar os sintomas.

O uso de remédios para enxaqueca deve ser feito sob orientação médica. Por vezes o uso de remédios como Neosaldina, Novalgina e Maracujina pode ser suficiente, mas se a enxaqueca for persistentes ou limitar a vida da mulher, o neurologista poderá indicar o uso de remédios para enxaqueca (Amitriptilina, Lexapro, Venlafaxina, Atenolol, Topiramato, Suplemento de magnésio e coenzima Q10).

Quando a insônia é uma questão frequente, o uso da melatonina pode ser eficaz para melhores noites de sono, o que também irá auxiliar no combate à enxaqueca.

Atualmente, os neurologistas recomendam três tipos de tratamento para as pessoas que sofrem de dor de cabeça crônica: tratamento preventivo, botox ou anticorpos monoclonais.

O tratamento preventivo pode ser feito com uso de medicamentos ou mudanças de hábitos diários, como já discutimos. O que vai definir a necessidade do uso de remédios é o quadro clínico de cada paciente, individualizado pelo especialista.

Dentro do chamado ‘preventivo não medicamentoso’ podem entrar mudanças de hábitos, acupuntura, aromaterapia, ioga, pilates e outras práticas de exercício físico.

Em alguns casos, os especialistas também recomendam aplicação de botox no nervo trigêmeo para inibir a sua ação (liberar neurotransmissores associados à dor).

Há também os anticorpos monoclonais, que são medicamentos preventivos idealizados especialmente para o tratamento da enxaqueca. O Erenumabe é um medicamento biológico capaz de reduzir em até 50% as crises. Ele age na borda da meninge (membrana localizada na superfície do cérebro). Inativa um composto químico cerebral chamado CGRP, substância importante (liberada pelo nervo trigêmeo) no ciclo da enxaqueca.

Seu uso é feito uma vez por mês via injeções de alto custo. No Brasil, o valor unitário de cada injeção é muito alto, podendo chegar a R$ 1 mil a dose.

Ao invés de se automedicar ou diagnosticar, procure um médico. Até porque muitas doenças têm a cefaléia como sintoma. E o melhor a se fazer é procurar orientação para descobrir se é só uma dor de cabeça mesmo ou se ela pode ser o sinal de outra condição de saúde.

Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular fertilidade e menopausa e Instituto Safe. Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.

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A mulher de A a Zinco

A mulher de A a Zinco

Muito importante na agricultura e na indústria, o zinco vem ganhando um papel de protagonista na área médica e na saúde da mulher nos últimos anos

Lembro-me muito bem de ter estudado sobre o zinco nas aulas de química, quando no segundo grau. O zinco é um elemento químico de símbolo Zn, número atômico 30, situado no grupo 12 da Classificação Periódica dos Elementos, tendo sido descoberto em 1746 pelo alemão Andreas Sigismund Marggraf.

O mesmo não posso falar da Faculdade de Medicina, pois na época uma função essencial para a vida como a imunidade (nossa defesa), por exemplo, era atribuída ao sistema imunológico, seus órgãos e tecidos que, com respectivas células que utilizam em suas reações quimicas o zinco (responsável por mais de 300 reações no nosso organismo).

O zinco atua como um antioxidante, embora não tenha de fato este potencial. Ele diminui a formação de radicais livres e protege as células, ajudando a curar e a rejuvenescer.

O zinco atua no metabolismo de proteínas e ácidos nucleicos, estimula a atividade de mais de 100 enzimas, colabora no bom funcionamento do sistema imunológico, auxiliando na cicatrização dos ferimentos, nas percepções do sabor e do olfato e na síntese do ADN.

Dessa forma, quando está em pouca quantidade no organismo, pode causar várias alterações na resposta imune do organismo, na função neurológica, na produção de hormônios e até mesmo na reprodução.

O zinco é um mineral que não é produzido pelo corpo humano, portanto precisa ser ingerido através da alimentação, sendo encontrado em diversos alimentos, como nas carnes vermelhas, aves, em alguns pescados e mariscos de forma geral.

Exemplo de alimentos ricos em zinco são o amendoim, a amêndoa, o camarão, as ostras, castanhas, nozes, o feijão, o abacate, o chocolate meio amargo, ovos, carne de boi magra, fígado, germe de trigo e o grão de bico.

Atenção! É recomendado, pelo menos, o consumo de uma das fontes diariamente, não sendo necessária a ingestão de todos estes alimentos em um único dia.

A ingestão diária recomendada de zinco é em torno de 10 mg para uma mulher, devendo ser aumentada para 12 mg na gravidez e amamentação, de acordo com a RDA (Recommended Dietary Allowances).

Benefícios do zinco para a saúde

Existem várias razões para justificar a importância da ingestão de alimentos ricos em zinco; no entanto, algumas das mais importantes incluem:

Ajuda na absorção da vitamina A, no tratamento da depressão, na função da tireoide, no sistema imune, na proteção do diabetes tipo 2, na cicatrização de feridas, na prevenção do aparecimento de câncer e no envelhecimento.

No entanto, como participa na maior parte das reações corporais, o zinco tem outras ações importantes, especialmente a nível neuronal e hormonal.

Aproveitamento e absorção do zinco estão diretamente ligados à forma de preparo dos alimentos

Alguns cuidados especiais devem ser tomados no preparo e ingestão dos alimentos, pois determinadas combinações prejudicam sua absorção no organismo.

Evite o consumo de carnes simultaneamente com leites e derivados, pois diminuem a sua absorção. O intervalo ideal entre estes dois alimentos é de uma hora.

Jogue fora a água do molho ao cozinhar as leguminosas (feijão), assim como deve ser jogada também a primeira água de cozimento ao levantar fervura. Esta operação deve ser repetida duas vezes. Este processo elimina ou diminui os taninos presentes no feijão, que prejudicam a absorção do zinco.

Evite o consumo concomitante de alimentos que são fonte de zinco, como os cereais integrais. O zinco presente nos cereais integrais não é bem absorvido pelo organismo e pode diminuir ou impedir absorção deste nutriente em outras fontes. Recomenda-se também o intervalo de uma hora entre estes dois alimentos.

Consuma os alimentos fonte de zinco com suco de frutas ácidas, que são ricos em vitamina C e melhoram sua absorção no organismo.

É muito difícil termos uma dieta com deficiência em zinco, mas a atenção deve ser redobrada em pessoas alcóolatras, em hemodiálise, com problemas digestivos e em uso de medicamentos anti-hipertensivos, diuréticos tiazídicos, omeprazol e bicarbonato de sódio.

A carência de zinco pode desencadear diarréia crônica, queda de cabelo, unhas fracas, paladar alterado, distúrbios de crescimento, infertilidade, dificuldade na cicatrização de feridas , distúrbios neurológicos, impotência sexual, apatia, cansaço, amnésia, entre outros.

Assim como a carência é maléfica, o excesso de zinco também pode ser prejudicial à saúde, podendo causar sintomas como fadiga, febre e dores no estômago.

Entre as situações que podem levar ao excesso de zinco no organismo, está sua suplementação excessiva e determinadas doenças, como insuficiência cardíaca crônica, osteosarcoma ou aterosclerose.

Mas o que isso tudo quer dizer?

A busca de suplementação ou avaliação da necessidade especial de consumo deste mineral deve ser orientada por profissionais nutricionistas ou médicos, para que os benefícios sejam alcançados, como:

  1. Prevenir Alzheimer

Uma boa parcela dos pacientes com essa doença tem baixos índices de zinco circulando pelo organismo. Segundo especialistas, faz sentido, pois o mineral integra a enzima superóxido dismutase, que protege do estresse oxidativo.

  1. Espantar a depressão

De acordo com uma revisão indiana publicada na revista do Instituto dos Tecnólogos da Alimentação, nos Estados Unidos, o zinco melhora o quadro de depressão em mulheres jovens, facilitando as sinapses, que são os sinais trocados entre os neurônios.

  1. Beneficiar o sistema cardiovascular

Um dos principais benefícios do zinco é o seu auxílio no controle da pressão dos vasos. Estudos sugerem que o mineral está relacionado à reparação e renovação celular de vasos sanguíneos, evitando que se tornem enrijecidos e menos maleáveis, o que poderia contribuir para o aumento da pressão arterial.

  1. Proteger contra pneumonia e problemas de pele

A pneumonia é uma das doenças que o zinco pode ajudar em seu combate, diminuindo a duração da doença e acelerando a recuperação, ao barrar uma possível resistência aos antibióticos.

Este mineral é usado na síntese das células que combatem bactérias, fungos e vírus que causam doenças no nosso corpo, com algumas evidências dos efeitos positivos na acne vulgar e dermatite atópica.

O zinco quelato (bisglicinato ou picolinato) é o mineral associado a um aminoácido que é facilmente absorvido e digerido pelo corpo, diferente dos sais de zinco (gluconatos), que demoram um pouco mais para serem digeridos.

Existe um detalhe importante nos suplementos de zinco que os veganos precisam ter atenção. Apesar do zinco ser um mineral, as cápsulas do suplemento podem ser feitas de gelatina. E a gelatina é um ingrediente de origem animal que precisa ser evitado pelos veganos.

É possível adquirir um zinco declaradamente vegano, onde a fabricante certifica que nenhum ingrediente de origem animal é utilizado no suplemento. Para confirmar ou afastar alguns benefícios, precisamos aguardar as cenas dos próximos capítulos.

Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular fertilidade e menopausa e Instituto Safe. Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.

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Tireoide e endometriose: qual a relação?

Tireoide e endometriose: qual a relação?

A tireoide, uma verdadeira maestrina no equilíbrio feminino

A tireoide (ou tiroide) vem da palavra grega thyreos, que quer dizer “escudo”. É uma glândula em forma de borboleta (com dois lobos). Fica localizada na parte anterior do pescoço, logo abaixo da região conhecida como pomo de adão (ou, popularmente, gogó). É uma das maiores glândulas do corpo humano, que tem um peso aproximado de 15 a 25 gramas e pertence ao sistema endócrino, que controla o nosso metabolismo basal.

Metabolismo é o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior das células dos organismos vivos.

Podemos exemplificar: o crescimento e desenvolvimento do corpo e as funções corporais, como respiração, controle de temperatura, frequência cardíaca, ciclo menstrual e reprodutivo, que são fundamentais para o bom desempenho da saúde feminina, em diferentes fases da vida.

  • Infância e adolescência: os hormônios tireoidianos são importantes atores no desenvolvimento cerebral, crescimento ósseo e maturação esquelética.
  • Fase reprodutiva: a glândula tem o papel de regular as funções sexuais. Qualquer alteração pode causar dificuldade para engravidar, abortos de repetição, irregularidade menstrual e, mais raramente, provocar a falência ovariana precoce.
  • Climatério: após a última menstruação, as disfunções da tireoide geram sintomas pouco específicos, que podem ser confundidos com o quadro típico do fim da fase reprodutiva. Essas alterações aumentam o risco de outras doenças, como infarto, depressão e alterações neurológicas.

O cuidado deve ser redobrado nas mulheres com mais de 60 anos, faixa etária de maior prevalência de problemas na glândula.

Talvez a estatística mais impressionante seja a de que até 60% das pessoas com doenças da tireoide não saibam de sua condição e que as mulheres têm de 5 a 8 vezes mais probabilidade de ter problemas na glândula do que os homens.

O mal funcionamento ou desequilíbrio pode se manifestar em qualquer lugar do corpo.

As alterações na tireoide podem causar diversos sintomas que, se não forem bem interpretados, podem passar despercebidos e o problema pode continuar se agravando.

Ela é responsável pela produção dos hormônios T3 (triiodotironina) e o T4 (tiroxina) que, caso estejam alterados em decorrência do funcionamento exagerado, conhecido como hipertireoidismo, ou hipotireoidismo, no caso do mal funcionamento da glândula, como exemplificamos a seguir.

  1. Aumento ou perda de peso

O aumento de peso sem razão aparente, especialmente se não houver alterações na dieta ou nas atividades do dia a dia, é sempre preocupante e pode ser causado pelo hipotireoidismo, pela queda do metabolismo.

  1. Dificuldade de concentração e esquecimentos

Sentir que está constantemente com a cabeça fora do lugar, tendo muitas vezes dificuldades de concentração ou esquecimentos constantes, pode ser um sintoma de alterações no funcionamento da tireoide, podendo ser na falta de concentração um sinal de hipertireoidismo e, no caso de esquecimento, ser um sinal de hipotireoidismo.

  1. Queda de cabelo, pele seca, unha quebradiça, sobrancelha fina

A perda de cabelo é normal durante períodos de grande estresse e nas estações de outono e primavera, porém, se essa perda de cabelo se torna muito pronunciada ou se prolonga para além destas épocas, isso pode indicar que haja alguma alteração no funcionamento da tireoide. Além disso, a pele seca e a coceira podem ser indicativos de problemas na tireoide, principalmente se esses sintomas não estiverem relacionados com o tempo frio e seco.

Muitas mulheres ficam surpresas ao saber que a perda de parte das sobrancelhas (especificamente da borda externa) é um sinal de hipotireoidismo, a qual acompanha a perda de cabelo de um modo geral.

  1. Alterações de humor

O déficit ou o excesso de hormônios da tireoide no organismo podem provocar alterações de humor, podendo o hipertireoidismo provocar irritabilidade, ansiedade e agitação, enquanto que o hipotireoidismo pode causar tristeza constante ou depressão, devido à alteração dos níveis de serotonina no cérebro.

  1. Prisão de ventre

Alterações do funcionamento da tireoide podem causar dificuldades na digestão e prisão de ventre, o que não se consegue resolver com a alimentação e prática de exercício físico.

  1. Sonolência e dores musculares

Sonolência, cansaço constante e um aumento do número de horas que se dorme por noite podem ser um sinal de hipotireoidismo, que desacelera as funções do corpo. Além disso, dores musculares ou formigamentos sem explicação também podem ser outros sinais, pois a falta de hormônio da tireoide pode danificar os nervos que enviam sinais do cérebro para o resto do corpo, provocando formigamentos e pontadas no corpo.

  1. Desconforto na garganta e no pescoço

A glândula da tireoide encontra-se localizada no pescoço e, por isso, caso sejam percebidos dor, desconforto ou a presença de nódulo ou caroço na região do pescoço, pode ser indicativo de que a glândula está alterada e crescendo, o que pode interferir no seu bom funcionamento.

  1. Palpitações e pressão alta

As palpitações que fazem por vezes sentir a pulsação no pescoço e pulso, podem ser um sintoma que indica que a tireoide não está funcionando como deveria. Além disso, a pressão alta pode ser outro sintoma, especialmente se não melhora com a prática de exercício físico e dieta, podendo o hipotireoidismo causar um aumento dos níveis de mau colesterol no corpo.

  1. Falta de libido

A perda de desejo sexual e falta de libido podem ser consequência de alteração na função tireoidiana.

  1. Fadiga

Sim, o hipotireoidismo apaga você. Ele deixa menos eficaz seu equilíbrio e controle de energia. Você começa a perceber que um dia inteiro no trabalho cansa muito mais do que costumava, bem como que os treinos que você costumava amar são muito cansativos agora. Enquanto que no hipertireoidismo você se acaba, o que também pode resultar em fadiga. Você se sente nervosa ou como se tivesse tomado muitas xícaras de café, o que pode deixá-la extremamente cansada no fim do dia.

  1. Ciclo menstrual

Seu período, de repente, ficou muito mais intenso do que o normal? Pode ser sinal de hipotireoidismo. É que a sua tireoide afeta o ciclo, alterando o funcionamento do ovário. No hipertireoidismo ocorre o inverso: você pode ter períodos bem mais leves do que está acostumada ou ele pode desaparecer por alguns meses, inesperadamente.

  1. Olhos inchados ou secos

A doença de Graves (um distúrbio autoimune que gera hipertireoidismo) pode causar algumas alterações visuais. Um sinal revelador são os olhos inchados e protuberantes. Por sua vez, olhos secos e irritados, sem causa alérgica, ou por uso de medicamentos, podem ser um sintoma de hipertireoidismo ou hipotireoidismo.

  1. Sempre com frio (ou calor)

Constantemente com frio? Sua sensibilidade à temperatura pode ser um sinal de hipotireoidismo. A circulação lenta pode deixar você com frio quando está perfeitamente quente e todos ao seu redor se sentem bem. O oposto vale para o hipertireoidismo: você pode ser super sensível a qualquer calor e suar mais do que os outros.

  1. Inchaço nas extremidades inferiores

Se você notar um inchaço repentino na parte inferior do corpo (quadril, joelhos, tornozelos e pés), pode ser um sinal de retenção de líquidos que, por sua vez, pode ser um sinal de hipotireoidismo.

  1. Dificuldade para engravidar

Se você está tentando engravidar sem sucesso, provavelmente pode estar com alguma alteração ovulatória decorrente do mal funcionamento da tireoide, cuja investigação faz parte da avaliação inicial destas pacientes.

A causa mais frequente do hipotireoidismo é a tireoidite de hashimoto, uma disfunção autoimune, que propicia a produção de anticorpos pelo organismo, danificando a tireoide e reduzindo sua capacidade de produzir os hormônios.

A causa mais comum de hipertireoidismo é a doença de Graves, que ocorre quando o sistema imunológico começa a produzir anticorpos que atacam a própria glândula tireoide.

O câncer de tireoide é o mais comum na região da cabeça e pescoço e afeta três vezes mais as mulheres do que os homens. Pela estimativa brasileira (2018), é o quinto tumor mais frequente em mulheres nas regiões Sudeste e Nordeste (sem considerar o câncer de pele não-melanoma).

O diagnóstico do câncer de tireoide começa com a história clínica e o exame físico. Muitas vezes, em tumores pequenos, os pacientes são assintomáticos. O diagnóstico normalmente é feito após realização de ultrassonografia do pescoço, na qual é encontrado um nódulo. De acordo com as características do nódulo, é feita punção aspirativa ou biópsia, por meio da qual pode ser confirmado o diagnóstico de câncer. Caso seja esse o resultado, o paciente é encaminhado ao cirurgião para tratamento.

Desde 2008, a Thyroid Federation International celebra a data de 25 de maio e comemora o Dia Internacional da Tireoide, como forma de chamar a atenção para essa pequena, mas tão importante glândula.

Para a campanha de 2021, definiu como temática as doenças da tireoide e a deficiência de iodo, antes, durante e depois da gravidez, para que, assim, seja possível reconhecer os sintomas e seus efeitos no feto.

Além da deficiência de iodo, a chance de desenvolver outros problemas de tireoide durante a gravidez aumenta, porque a glândula produz até 50% mais hormônio em comparação com o período em que a mulher não está grávida, aumentando a probabilidade de desenvolver hipotireoidismo durante a gestação.

Caso qualquer alteração no pescoço ou um desses sintomas seja percebido, é importante que consulte um clínico, endocrinologista ou ginecologista, logo que possível, para que este possa solicitar a realização de exames de sangue (que medem os níveis do hormônio da tireoide) e de ultrassom (para verificar a existência de possíveis nódulos).

Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular fertilidade e menopausa e Instituto Safe. Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.

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Dor na mama: o que você precisa saber?

Dor na mama: o que você precisa saber?

A dor na mama é causa frequente de consulta e pode interferir diretamente na vida emocional, social e profissional da mulher.

Mastalgia é o termo que utilizamos para descrever um sintoma frequente, já que cerca de 60% a 70% das mulheres ao longo da vida reprodutiva apresentam esta queixa, mas apenas 10% a 20% das pacientes experimentarão uma mastalgia severa.

A fisiopatologia da dor mamária não é completamente conhecida, mas parece estar relacionada com os ciclos estroprogestativos.

A dor geralmente é mais importante no quadrante superior externo da mama, pelo fato de existir mais glândula mamária nesta região, local onde também temos mais câncer de mama.

Como a dor está relacionada ao inchaço e retenção de líquido, o doutor Jorge Safe, meu pai e ginecologista, constatou, ao longo dos anos, uma incidência maior de dor na mama esquerda, muito provavelmente pelo fato da maior parte das mulheres serem destras, pois, ao usarem mais o membro direito, estimulam uma drenagem linfática mais eficaz.

Cancerofobia é o medo de apresentar ou ter um câncer de mama

Como qualquer sintoma mamário, a mastalgia traz angústia e ansiedade, pois constantemente é confundida com câncer de mama pela paciente.

O câncer de mama está pouco associado à mastalgia (0,8% a 2% dos casos), e geralmente aparece como uma dor acíclica focal e persistente em determinado ponto da mama. A dor mamária também pode estar relacionada com o uso de medicações, principalmente as hormonais e menos frequentemente a fármacos, como inibidores da recaptação da serotonina, metildopa, ciclosporina e prostaglandinas.

São três as definições de mastalgias:

  • Cíclica, que geralmente acontece no período menstrual, durando sete dias e podendo piorar nos dias que antecedem a menstruação.
  • Acíclica, que pode ser constante ou intermitente. É mais comum no período da menopausa e pode estar relacionada aos quadros de inflamação das mamas, algum trauma, cisto mamário ou à gravidez.
  • Extramamária, que tem relação com nevralgia intercostal, contratura muscular, artrite, fibromialgia, entre outras. Pode ter origem na parede torácica, e comumente a paciente relata que sente dor no início da mama.

A intensidade dos sintomas pode definir a interferência na vida da mulher. A dor severa pode se estender pela axila e pelo braço, tornando-se um empecilho nas tarefas do dia-a-dia.

Mulheres com mastalgia cíclica apresentarão dor associada ou não a ingurgitamento mamário no período pré-menstrual, com remissão dos sintomas após a menstruação. Entretanto, nos casos mais severos, a dor persiste durante todo o ciclo.

A mastalgia acíclica apresenta desconforto geralmente localizado em um ponto da mama, podendo irradiar para axila, braço, ombro e mão.

Porém, o fator primordial é a não-concordância com o ciclo menstrual.

Avaliação deve ser feita pelo ginecologista ou mastologista

Algumas informações são importantes na avaliação da dor mamária, como o início, a duração, a localização, a intensidade, os fatores de melhora ou piora, os fatores associados e, principalmente, a relação com o ciclo menstrual.

Relacionar os sintomas com a movimentação, com a respiração e se está acompanhada de algum outro sintoma (por exemplo: falta de ar, febre, etc.).

A história recente de traumas mamários ou torácicos também deve ser abordada.

Faz-se necessária a abordagem do estado psicológico, com relação ao estado de humor e a presença de dores de origem psicossomática.

Durante o exame físico das mamas, a parede torácica deve ser examinada cuidadosamente, a fim de serem excluídas as causas extramamárias, através da palpação dos arcos costais e suas articulações, para afastar o diagnóstico de inflamação.

A avaliação clínica, com anamnese e exame físico detalhados, são geralmente suficientes para a elucidação do quadro. Os exames mamários de imagem têm pouca validade e devem ficar restritos às pacientes com necessidade de rastreamento ou com suspeita de lesões focais.

No caso de massas ou caroços, o ultrassom é muito importante para diferenciar os cistos, nódulos de líquido dos nódulos sólidos.

O rastreamento significa exames que fazemos em pessoas sadias para achar um problema que consiga diminuir a morbimortalidade. Na mama temos a mamografia, que deve ser realizada após os 40 anos a cada 2 anos (de acordo com as sociedades especializadas) e, após os 50 anos, de forma anual, até os 70 anos.

Nos casos de suspeita de dor extramamária, exames específicos podem ser necessários para avaliar outros sistemas ou órgãos.

O principal tratamento para a dor na mama é a orientação verbal

A simples informação passada pelo médico sobre o caráter autolimitado do sintoma, e também sobre a ausência de relação com o câncer de mama, resolve o problema em 85% a 90% das mulheres.

Além disso, algumas modificações, como a redução ou suspensão da reposição hormonal e a modificação da dosagem, do esquema e da via dos contraceptivos hormonais, podem ser realizadas.

Existem medidas comportamentais que não apresentam eficácia comprovada, porém são relatadas como benéficas e inofensivas.

Dentre estas, destacam-se o uso de sutiã esportivo durante a realização de atividade física ou sutiã durante a noite, dieta livre de gorduras e metilxantinas (que são pseudoalcalóides com alto poder estimulador do sistema nervoso central, encontradas principalmente no café, chá, guaraná e cacau), a prática de exercícios físicos, a drenagem linfática e uso de compressa fria.

Nas pacientes com dor mamária moderada a intensa, que afeta sua qualidade de vida, ou naquelas refratárias à orientação verbal, a conduta medicamentosa deve ser considerada.

Existem drogas que têm eficácia no tratamento da dor, mas não são específicas para a mastalgia. São os antiinflamatórios e os analgésicos em geral, porém o uso prolongado apresenta riscos de efeitos colaterais, que podem ser amenizados com o uso tópico na forma de gel.

Medicações ansiolíticas ou antidepressivos apresentam efeito global na melhora de quadros de dor, além de tratar quadros que poderiam causar ou exacerbar a dor mamária.

Como as pacientes apresentam altas taxas de resposta à orientação verbal, qualquer medicamento, até mesmo o placebo, tem taxas de sucesso bastante elevadas.

Dentre as medicações ou medidas sem comprovação científica, mas que são constantemente prescritas, pode-se citar o uso de diuréticos e o uso de progestágenos.

O tratamento farmacológico preferencial na mastalgia consiste no bloqueio hormonal. Os inibidores de estrogênio e de prolactina atuam na melhora do quadro, mesmo na ausência de níveis elevados destes hormônios.

Srivastava e cols. realizaram uma metanálise dos estudos randomizados das quatro drogas mais utilizadas no tratamento da dor mamária: o Tamoxifeno, o Danazol, a Bromoergocriptina e os derivados do óleo de prímula (fitoterápicos com alta concentração de ácido gamalinoleico).

Apesar de não haver estudos com boa metodologia, os resultados indicaram que o óleo de prímula, vitamina E ou ácido gamalinoleico não demonstraram eficácia no tratamento da mastalgia.

Já os outros fármacos hormonais apresentaram resultados positivos no alívio dos sintomas, mas com muitos efeitos colaterais.

O Tamoxifeno (inibidor seletivo do receptor de estrogênio é muito utilizado na prevenção da recidiva do câncer de mama) deve ser o tratamento de escolha, por via oral, por 3 a 6 meses, com uma eficácia superior a 72%, com taxa de efeitos colaterais de apenas 20% .

O Danazol mostra-se superior à bromoergocriptina nas mastalgias refratárias, com taxa de efeitos colaterais de 22% a 30%, sendo graves em 6% a 15%.

Análogos do Hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) apresentam-se como a medicação mais eficaz nas mastalgias intensas e refratárias, mas com uso muito limitado, devido aos efeitos colaterais.

Bromoergocriptina é eficaz nas mastalgias cíclicas, sendo que um terço das pacientes apresenta efeitos colaterais importantes.

A mastalgia é uma queixa comum nos consultórios, motivada, na maioria das vezes, pela cancerofobia. Dessa forma, todos os médicos precisam estar familiarizados com o tema.

Na prática clínica, é possível verificar de forma consistente esse dado, uma vez que, descartada a possibilidade de câncer de mama, após adequada investigação, as pacientes referem alívio ou desaparecimento da queixa álgica.

O tratamento medicamentoso fica reservado para os casos refratários à orientação verbal, ressaltando-se que essa abordagem apresenta efeito limitado no tempo e precisa ser feita por um médico.

Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular fertilidade e menopausa e Instituto Safe. Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.

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Descobrindo a endometriose: Perguntas e respostas

Descobrindo a endometriose: Perguntas e respostas

A Endometriose desperta inúmeras perguntas, recebemos várias todos os dias. No último mês apresentamos algumas no nosso instagram, as mais comuns e algumas até que geraram curiosidade dos seguidores. 

Nesse post apresentamos todas essas perguntas com as respostas dadas por nossa equipe. 

Ressaltamos sempre que uma equipe especializada deve ser sempre consultada já que cada caso é específico e deve ser tratado como tal.

 

Você sabe o que é Endometriose Intestinal? 

É quando o tecido endometrial (que reveste o Útero internamente) acomete  o intestino, podendo infiltrá-lo, causando aderências entre si e aos órgãos e tecidos vizinhos. Mesmo fora do seu sítio normal, o Útero, este tecido, endométrio, responde aos hormônios, por isso também sangra durante o período menstrual, fazendo com que algumas vezes a portadora apresente sangramento ao evacuar, além de apresentar cólicas fortes e outros tipos de dores incomuns. 

 

Você sabe como é a Cirurgia da Endometriose? 

A cirurgia é feita por Ginecologista Especializado em Videolaparoscopia – Cirúrgica com Técnica Minimamente Invasiva, sendo em casos especiais com o concurso de Coloproctologista e Urologista, visando remover o tecido endometrial que compõe a doença nos mais diversos sítios da cavidade pélvica e abdominal. É uma cirurgia  delicada, sendo a melhor solução para os casos mais graves de Endometriose Infiltrativa Profunda com acometimento importante dos mais diversos órgãos e tecidos. 

 

Você sabe como identificar se tem Endometriose? 

Há vários dados clínicos e/ou sintomas (queixas) que fazem suspeitar de Endometriose, como história familiar de Endometriose (irmã, prima, tia ou mãe), dores frequentes no Abdome ou na Pelve, repetitivas e, às vezes, com períodos de crises agudas, muitas vezes com suspeita de Apendicite, história de ter tido sangramento vaginal no berçário após nascimento (geralmente desconhecido pela própria mãe), primeira menstruação (Menarca) mais cedo antes dos treze anos, cólica menstrual alguma vez que impede ou impediu a pessoa de exercer suas atividades normais, necessitando de maior  medicação, às vezes em hospital, tendo que faltar a uma aula ou ao trabalho e ter que sair mais cedo por causa de dor forte (Dismenorréia D3), menstruações de 5 ou mais dias (Hipermenorréia), corrimento escuro tipo sanguíneo antes de descer o fluxo menstrual normal, diarréia menstrual em portadoras de dificuldades na evacuação (constipação), pontadas anais menstruais, queixas tipo Cistite durante menstruação, cólica tipo renal quando menstruada sem comprovação de cálculo renal e que cede após terminar o fluxo menstrual, dor referida como profunda em certas posições no ato sexual, maior índice de infecções urinárias tipo cistites de repetição, quedas de pressão com relativa frequência ao longo da vida, portadoras de refluxo gastroesofágico, maior incidência de crises de ansiedade e/ou crises de pânico, uso prévio e com certa frequência de tampão vaginal (OB, Tampax) ou relacionamento sexual com relativa frequência quando menstruada (tendência Hematófila), início de atividade sexual precoce, história de uso precoce de pílulas anticoncepcionais com maior efeito contra espinhas, como Diane, Yas, Yasmin, entre outras que tenham efeito antiandrogênico, enfim, queixas que o Médico especializado saberá distinguir e fazer a conexão diagnóstica, entre tantos outros sintomas ou queixas.

Diante do quadro clínico, muitas vezes exuberante, nem sempre os exames de Ultrassom ou Ressonância Nuclear Magnética detectam, fazendo com que  portadoras de Endometriose sofram por longo tempo. Alguns diagnósticos têm atraso de até 10 anos, mas incrivelmente suspeitado pelas próprias pacientes, muitas delas sendo encaminhadas para acompanhamento e tratamentos psíquicos. Mais tarde, com exames de imagem positivos, na maioria dos casos, revelando a doença já mais avançada.

 

Você sabe qual o melhor tratamento para Endometriose?

O tratamento da Endometriose deve ser orientado por Ginecologista especializado, o qual, após uma Anamnese completa, direcionada e especializada, um Exame Físico Próprio e de Exames Complementares, indicará qual a melhor conduta, se Clínica ou Cirúrgica, geralmente ambas, dependendo das queixas da paciente, se Dores e/ou Infertilidade, a Idade, os mais diversos antecedentes, enfim, Multifatorial. A Conduta para uma paciente, não quer dizer que é a mesma para outra mulher. Enfim, cada caso deve ser único. O que pode ser bom para uma paciente, não quer dizer que seja melhor para outra.

Ademais, em casos muito especiais com desejo reprodutivo, pode ser considerada conduta expectante, com adequado controle, sempre individualizando o tratamento. Deve sempre prevalecer o bom senso e um profundo conhecimento da patologia pelo Profissional Médico.

 

Você sabia que é possível engravidar com Endometriose? 

Embora seja mais difícil engravidar com Endometriose em atividade, seja leve ou profunda, é possível. Quando ocorre a gravidez há maior índice de abortamento (63%), história de abortamentos de repetição, ameaças de abortamento e/ou de parto prematuro, maior incidência de Pré-eclâmpsia (pressão alta na gravidez, edemas, perda de albumina na urina, entre outros sintomas), além de outras complicações pouco conhecidas que podem ocorrer durante a gravidez, no parto e no pós-parto, como mostram publicações do Congresso Mundial de Endometriose, mas que podem ser  prevenidas ou adequadamente controladas pelo Médico especializado, com êxito gestacional na maioria dos casos.

 

ciclo menstrual(Foto: Anete Lusina/Pexels)

Você sabe se Endometriose engorda? 

A  Endometriose, como doença não engorda, não obstante possa existir em grande número de mulheres com maior índice de massa corporal e com a relação cintura/quadril desproporcional, muitas vezes devido ao Perfil Psicológico Próprio, cujo alto nível de ansiedade leva a ganho ponderal acima do considerado como ideal. Além de considerável número de portadoras apresentar Síndrome Hiperandrogênica Leve, geralmente herdada do lado paterno, o que causaria maior tendência a ganhar peso e que na maioria dos casos é desconhecida e, até mesmo, negada pelas portadoras, ao negligenciar sintomas próprios, como acne, queda de cabelo, passado de caspa, seborreia evidenciada na testa com oleosidade, hipertricose (pelos no lábio superior ou periareolar), melasma, embora discreto, mas levemente evidente nas áreas laterais da testa e maxilares, bromidrose (cecê axilar), quase sempre negado, geralmente por falta de maior atenção consigo próprias, podem provocar inchaço abdominal e retenção de líquidos, o que acaba provocando uma inflamação nos órgãos em que se encontra, como ovários, bexiga, intestino ou peritônio. Apesar de não haver um grande aumento de peso na maioria das mulheres, pode-se notar um aumento do volume abdominal nos casos mais severos de endometriose.

 

O que causa Endometriose? 

É uma doença herdada geneticamente que, dependendo de vários fatores, leva ao seu desenvolvimento. Considerada como “uma desordem genética poligênica e multifatorial”, portanto, uma doença sistêmica, ou seja, não só localizada na pelve, mas com alterações em vários órgãos e concomitante a várias doenças extra genitais. O fenômeno quase universal da menstruação retrógrada (90%) e a capacidade inerente aos tecidos pélvicos em manter um transplante menstrual, permite-nos considerar que 71% das mulheres em idade menstrual podem apresentar Endometriose. Porém, nem sempre a doença se apresenta como é conhecida, sendo 33% de Endometriose Fenômeno (como chuva é um fenômeno sazonal que acontece no verão e com duração de 3 a 4 meses e depois desaparece); 23% como Epifenômeno (Epi=sobre, acima do Fenômeno), portanto, uma Tempestade com relâmpagos e trovões que, segundo a observação do Médico e da paciente, se o vento leva as nuvens para longe, torna-se uma chuva e tende a desaparecer, mas se o vento traz as nuvens para cima da mulher, o que ocorre em 15% das vezes, quando o raio atinge a mulher, então se transforma em Doença, causando diversos danos, como as mais diversas dores e a Infertilidade, sendo a causa mais comum (30 a 40%) na dificuldade em engravidar.

Além da Genética herdada, múltiplos fatores concorrem para o estabelecimento da doença, como Fatores Imunológicos, Químicos, Enzimáticos, Ambientais e, principalmente, Biológicos, Familiares e Socioculturais, especialmente em mulheres que apresentam um “Perfil Psicológico Próprio”. Os fatores que determinam o grau de menstruação retrógrada são variáveis. Ainda não foi explicado se as alterações imunológicas antecedem a doença, são coincidentes com ela ou resultam dela. 

A interpretação de todos esses achados nos levam a concluir que se trata de uma patogênese Genética, associada às mais variáveis alterações citadas. 

 

Você sabia que a Endometriose pode ir além do Útero? 

A Endometriose do Útero é designada como Adenomiose, ou seja, própria dele. Ocorre quando o endométrio, que normalmente está revestindo a camada interna do útero, se infiltra em sua musculatura, o Miométrio, podendo causar cólicas fortes e menstruações intensas. O que pode levar a anemia, mas também, com maior frequência fora do útero, na forma de implantes superficiais, podendo ser menos agressiva e que se manifesta como lesões pequenas, com várias cores e aspectos (negras, brancas, vermelhas, transparentes tipo gotas de orvalho) e que possuem, em geral, entre 1mm e 3mm. Os implantes se localizam, em sua maior parte, na região pélvica, próxima ao Útero e, em menor incidência, atingem Intestino, Bexiga, Ureter, Umbigo na parede abdominal e da Pelve, em cicatrizes de cesariana ou de cirurgias na parede  abdominal, no Períneo (cicatrizes de parto), podendo também, excepcionalmente, atingir o Diafragma, Pulmão, Pleura, Cérebro e outros locais. Os focos de Endometriose superficial normalmente não provocam alterações anatômicas nos Ovários, Trompas e Útero. 

  • Ovários: além de superficial, pode apresentar cistos preenchidos por líquido achocolatado, tipo menstrual, conhecidos como  Endometriomas ovarianos. Os Endometriomas podem se romper e deixar o líquido do seu interior vazar, causando  dor abdominal súbita e intensa nas portadoras. Muitas vezes confundidos com Apendicite ou Pelviperitonite que, em grande parte são tratados como tal e com cirurgias, geralmente, inadequadas, apesar da melhor intenção do cirurgião, porém com resultados muitas vezes imprevisíveis. Nem sempre a doença ovariana é sintomática, podendo apresentar tamanhos distintos, dependendo da gravidade da doença, variando de um diâmetro de 0,5 cm ou, em casos mais raros, pode alcançar dimensões superiores a 10 cm. 
  • Endometriose profunda: aquela que apresenta lesões de pelo menos 5mm de profundidade e são as mais importantes por se relacionarem com os sintomas mais exuberantes. 

Além das duas principais, a endometriose pode se localizar no: 

Peritônio: camada que reveste internamente o abdome e pelve; 

Região retrocervical: o Útero é dividido em corpo e colo. Retrocervical é a parte atrás do colo uterino, porém na parte interna da pelve. É um local muito comum onde a doença pode se instalar; 

Vagina: o canal da vagina é dividido em três partes: inferior (próximo da entrada da vagina), média e superior (próximo do colo uterino). As lesões de Endometriose podem surgir no terço superior, atrás do colo uterino e mais raramente nos dois terços inferiores;

Septo Reto-vaginal: é um espaço entre Reto e a Vagina, preenchido por tecido, onde lesões infiltrativas comumente ocorrem, causando variadas dores, muitas características de seu acometimento, como pontadas anais menstruais, dor na relação sexual referida à profundidade, entre outras, principalmente pelo acometimento dos Ligamentos Útero-sacros e do Plexo Hipogástrico Inferior, sendo de acometimento frequente ao se tratar de Endometriose Infiltrativa Profunda; 

Intestino: a parte do intestino mais frequentemente acometida pelas lesões  é o Reto-Sigmóide, porção final do intestino grosso que fica em contato próximo ao Útero. No entanto, pode acometer o Apêndice e outras porções intestinais;

Bexiga e ureteres: as lesões podem infiltrar a Bexiga, assim como acometer os Ureteres (canais que levam a urina dos Rins à Bexiga), cujo comprometimento poderá ser responsável por perdas renais, dependendo da gravidade do acometimento;

Diafragma: manifestada com dor no período menstrual cíclica referida no ombro direito;

Pulmonar: muito rara, manifestada por Hemoptises (tosse com sangramento proveniente do Pulmão) nos períodos menstruais.

Gustavo Safe é diretor e médico especialista em endometriose no Centro Avançado em Endometriose e preservação da fertilidade, Clínica Ovular fertilidade e menopausa e Instituto Safe. Estudioso dos assuntos relacionados à saúde da mulher com enfoque na dor pélvica, infertilidade, preservação da fertilidade, endometriose, endoscopia ginecológica e cirurgias minimamente invasivas.

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